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15/04/2014 às 14h13

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Rachel Sheherazade: 'Já vi esse filme'

A polêmica causada pelos comentários de Rachel Sheherazade no SBT me fez lembrar de um episódio semelhante, ocorrido em 2005, envolvendo Boris Casoy e a Rede Record. O então âncora da emissora do bispo Macedo constantemente emitia comentários sobre fatos políticos e quase sempre desagradava a cúpula do PT, e o então presidente Lula.
 
Vários órgãos de imprensa começaram a noticiar que Casoy estava com os dias contados na emissora, que o próprio Lula havia ligado para Macedo, sugerido nomes para substituir o apresentador  e insinuado retirar toda a  verba publicitária governamental do tele-jornal.Lula estava particularmente insatisfeito,  com o caso  Celso Daniel e a CPI do Banestado.
 
Casoy respondia que não se calaria, que estava prestigiado na emissora com apoio total da direção. Pouco tempo depois, mais precisamente na última semana de 2005, Casoy (e toda a sua equipe) era desligado da Rede Record.
 
Sheherazade ficou famosa na internet quando ainda estava na TV Tambaú, emissora de João Pessoa. Seus comentários articulados e contundentes atraíam internautas de todo o Brasil que repercutiam e compartilhavam seus links, transformando a jornalista em recordista de acessos na rede.Sílvio Santos logo percebeu o potencial da moça e a trouxe para o SBT.
 
Na rede de televisão do "homem do baú", Sheherazade explodiu nacionalmente e seus comentários, quase sempre polêmicos, continuaram a ter enorme repercussão na internet.
 
No dia 4 de fevereiro,ao comentar uma reação popular sobre pessoas que amarraram um ladrão a um poste,tentando fazer justiça com as próprias mãos,  Sheherazade terminou sua fala mandando  um recado bombástico aos políticos inoperantes e entidades protetoras dos direitos humanos: "Adotem um bandido".
 
Tal comentário estremeceu não só entidades protetoras dos direitos humanos, a classe política, como também o próprio sindicato dos jornalistas. Ironicamente coube ao PC do B, partido com tradição histórica de lutas a favor da liberdade de expressão, através da deputada Jandira Feghali, a reação mais contundente contra a jornalista. Segundo a deputada, a âncora do SBT, e a emissora, fizeram "apologia ao crime" e devem responder por tal ato.  Numa ação, junto à PGR, Feghali pede, entre outras coisas, a suspensão do repasse de verbas oficiais ao SBT enquanto perdurar o inquérito.
 
Tal como no episódio de Casoy a imprensa começou a especular até quando Silvio Santos aguentaria a pressão e manteria Sheherazade no ar.De uma hora para a outra a apresentadora saiu da bancada do tele-jornal e a direção da emissora divulgou que a profissional havia entrado em férias.
 
Ontem(14)após duas semanas ausente, Sheherazade voltou, mas não teceu nenhum comentário. A direção de jornalismo informou que não utilizará mais nenhum apresentador da atração para tecer comentários a não ser em casos que se faça necessário um editorial, expressando exclusivamente a opinião da emissora.
 
Relendo algumas matérias publicadas na internet percebo que até o sindicato dos jornalistas vibrou com a saída de Sheherazade do ar. Muita gente contava que ela nem voltaria a aparecer na tela do SBT.
 
Rachel Sheherazade voltou. Amordaçada, mas voltou. Até quando só Deus(e talvez Sílvio Santos)sabe.
 
Volto a lembrar do que aconteceu com o Casoy e percebo que Sheherazade é um filme já assistido e, consequentemente, com final conhecido e triste.


Etcetera por Ricardo Leal

Publicitário, radialista, poeta e escritor. Carioca, radicado em Alagoas desde 2002, trabalhou em diversas campanhas eleitorais no estado. Foi diretor da Organização Arnon de Melo (OAM) e do Instituto Zumbi dos Palmares (IZP).  CEO - Press Comunicações Diretor/Editor - Revista Painel Alagoas  Editor - Coluna Etcetera (impressa e digital)

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