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08/07/2016 às 20h32

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A imparcialidade nas empresas de comunicação

Pesquisa CUT/Vox Populi revela que nunca as empresas de comunicação foram tão mal avaliadas no quesito imparcialidade 


A mais recente pesquisa CUT/Vox Populi mostra que entre os mortos e feridos pela crise política a dita grande mídia é uma das vítimas . Nos últimos 50 anos, sua imagem de isenção e imparcialidade nunca esteve tão em baixa. 

Realizada entre os dias 7 e 9 de junho, a pesquisa caracterizou atitudes e sentimentos da opinião pública um mês após a posse de Michel Temer. Permite, portanto, identificar como a população compara a Presidência de Dilma Rousseff com a situação atual. 

A respeito da mídia, havia duas perguntas. A primeira solicitava uma avaliação do modo como emissoras de televisão, jornais e revistas discutiram o governo Dilma: se foi “com imparcialidade, apenas relatando fatos”, se a trataram de forma “crítica demais” ou “favorável demais”. A segunda, quanto ao governo Temer, era igual.  

Em relação a nenhum dos dois, a proporção daqueles que dizem que a mídia foi ou tem sido “imparcial” é majoritária. Apenas 43% acham que Dilma Rousseff foi retratada com neutralidade, enquanto 49% afirmam que Temer é assim apresentado.   

Desde quando se fazem pesquisas sobre a imagem dos meios de comunicação, nunca vimos números tão ruins: mal chega à metade a parcela da população que a considera equânime a propósito do último ou do atual governo. 

A pesquisa não revela somente seu mau desempenho nos atributos “isenção” e “apartidarismo”. O problema é maior.

A respeito do governo Dilma, 44% dos entrevistados consideram que os veículos de comunicação foram críticos “demais”, enquanto apenas 14% têm a mesma percepção do comportamento da mídia em relação ao governo de Michel Temer. Inversamente, 25% dos entrevistados afirmaram que os meios são favoráveis “demais” ao peemedebista, proporção que cai para 6% quando se trata da petista. 

Isso nada tem a ver com as características “objetivas” do noticiário. Não custa lembrar que o levantamento foi realizado quando o foco havia saído dos percalços do governo Dilma e se concentrava nas crises do interino. Ainda assim, os entrevistados mostraram-se capazes de identificar o “lado” da mídia: “Crítica demais” à petista e “favorável demais” ao pemedebista. 

Não é, portanto, a quantidade de notícias negativas contra Temer (que era abundante) ou Dilma (que era menor nos dias de realização da pesquisa) a definir o “lado” enxergado pelos entrevistados. A identificação vem da percepção de um “excesso”, a favor ou contra, traduzido no advérbio de intensidade.  

O sentimento de que emissoras de televisão, jornais e revistas têm um viés negativo sistemático é especialmente intenso em alguns segmentos da sociedade, como se constata nas variações regionais e socioeconômicas das respostas relativas a Dilma. No Nordeste, apenas 37% dos entrevistados afirmam que a mídia foi justa com ela, enquanto 57% a consideram “crítica demais”. Entre as mulheres, as proporções são de 39% e 46%, com clara vantagem da percepção de facciosidade, quase exatamente os mesmos números registrados entre os jovens (39% e 45%) e os cidadãos com menor escolaridade (39% e 46%).

Só existe um segmentoda população que parece acreditar na imparcialidade dos meios de comunicação em relação a Dilma : os antipetistas. Entre os 27% que rejeitam o PT, 63% têm essa opinião. Isso também significa que, até entre esse grupo, 22% não consideram os veículos isentos. 

Constatar ser esta a imagem da autointitulada “grande imprensa” é relevante no momento em que o governo interino anuncia a intenção de suspender os investimentos nos veículos desvinculados dos oligopólios de comunicação e acena com o fechamento da EBC, única inciativa pública de expressão no setor.  

O argumento de serem mídias “políticas”, enquanto os oligopólios seriam “neutros”, é pueril. A população não acredita nessa versão. É minoritária a parcela daqueles que consideram “apartidários” os meios de comunicação. Em alguns segmentos, é amplamente majoritária a percepção da cobertura enviesada.   

Esse dado importa pouco, porém. O governo interino apenas paga uma das muitas contas que precisa acertar com quem o viabilizou. Mesmo com a imagem arranhada, a mídia tradicional quer ser única. 


*Carta Capital


Etcetera por Ricardo Leal

Publicitário, radialista, poeta e escritor. Carioca, radicado em Alagoas desde 2002, trabalhou em diversas campanhas eleitorais no estado. Foi diretor da Organização Arnon de Melo (OAM) e do Instituto Zumbi dos Palmares (IZP).  CEO - Press Comunicações Diretor/Editor - Revista Painel Alagoas  Editor - Coluna Etcetera (impressa e digital)

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