*Janice Vilela - Presidente da Fundação Teotônio Vilela
É de Teotônio Vilela a sinalização da esperança brasileira pela redemocratização do país, nos anos difíceis em que a ditadura militar prendia, torturava e matava jovens e trabalhadores que ousavam exigir o direito da liberdade de expressão política. É dele a coragem cívica que espalhou pela Nação o sentimento de patriotismo e é, de Teotônio, a luta que tomou coletivamente todos os brasileiros por eleições diretas, democráticas e soberanas.
Este é o ano de centenário do nascimento de Teotônio e a data está na programação dos 200 anos de Alagoas, como parte da história do estado e do Brasil. O Menestrel nasceu na Viçosa em 28 de maio de 1917 e criou-se para se aventurar ao mundo, com a liberdade tirada das leituras de livros e jornais, com seus pensamentos de transformação social, com defesa na alma de justiça social.
Na Assembleia Legislativa de Alagoas, como deputado estadual, no governo do estado, como vice-governador e, sobretudo, como senador da República, Teotônio fez de seus discursos inflamados a voz dos que eram impedidos de falar, de cobrar, de criticar e, até, de pregar a paz, a exemplo da campanha da anistia, levante do Menestrel das Alagoas em prol de exilados e presos políticos.
A história de Teotônio se soma à história da democracia brasileira e, dessa trajetória, muitos títulos deram a ele, como o Menestrel das Alagoas, Guerreiro da Paz, Peregrino da liberdade e, até, Dom Quixote, que mereceu texto do jornalista Carlos Chagas:
“Se Gustave Doré vivesse no Brasil não precisaria quebrar a cabeça para desenhar o dom Quixote de Cervantes: bastaria ir ao Senado para descobrir na pessoa de Teotônio Vilela, imagem física quase igual à do famoso personagem (…) magro, seco, desengonçado, com quase dois metros de altura, possui para com a democracia o mesmo respeito e veneração que o Quixote pela sua Dulcinéia (…).
Quando começou sua peregrinação pelo país, depois de demorada audiência com o presidente Geisel, Teotônio despertou iras e amuos (…); o homem de Alagoas não se intimidou, não recuou, não admitiu o silêncio cômodo de tantos outros. Foi chamado de “doido manso”, pregador do impossível, mas sua lança continuou firme em direção ao futuro, moinhos de vento à parte”.
Nos cem anos de nascimento do nosso Dom Quixote, a Fundação Teotônio Vilela reafirma o seu compromisso de manter, imortal, o legado de força, de coragem E de amor ao Brasil DE Teotônio Brandão Vilela. E seguimos, com ele, em seu ideário por uma Nação livre e justa para todos:
“É a hora do patriotismo, que é, sobretudo, o amor de todos pelas mesmas causas” (Teotônio Vilela – 1917-2017).
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