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20/01/2018 às 09h45

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Reféns da “fama”

Divulgação

Para refletir:“Brasil não tem partido de direita, de esquerda, de nada, tem um bando de salafrários que se reúnem pra roubar juntos.” ( Diogo Mainardi).

(BRASÍLIA) - Movimentos sociais que atuaram fortemente no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff estão em conjunto elaborando e será lançado no próximo mês um projeto que é uma espécie de Serasa dos políticos brasileiros. Em parceria com o site políticos.org.br, que organiza o Ranking dos Políticos, o Vem Pra Rua lançará na internet uma lista negativa dos deputados federais e senadores em quem não votar nas eleições de 2018. A relação já tem até nome escolhido: “Tchau, queridos”.

“A ideia é não permitir que o eleitor tenha memória curta em 2018”, diz o empresário Rogerio Chequer, líder do Vem Pra Rua. A lista negativa vai incluir apenas parlamentares federais com ficha suja na Justiça e que apresentem desempenho ruim no Congresso. Segundo Chequer, os critérios para classificar os maus políticos serão objetivos.

Vão ser levados em conta, por exemplo, o posicionamento de deputados e senadores em projetos de interesse da sociedade – tais como as Dez Medidas de Combate à Corrupção (propostas pela força-tarefa da Lava Jato e que foram desfiguradas em votação na Câmara), a criação do fundão eleitoral com R$ 1,7 bilhão de recursos públicos e as discussões sobre o fim do foro privilegiado. O histórico de processos judiciais de deputados e senadores será o segundo critério fundamental para um político fazer parte da lista. Haverá ainda outros pontos a serem considerados, com menos peso, tal como as faltas em sessões legislativas e mudanças de partidos.

O preço da “traquinagem”

Para aumentar a “tortura” de políticos envolvidos com a corrupção e candidatos a reeleição, estes contarão com a revolta e indignação da população , que certamente vai dar o troco através dos votos de protesto que os amargarão, levando muitos à derrota.

Políticos como Renan Calheiros (PMDB/AL), Romero Jucá (PMDB/RR), Aécio Neves (PSDB/MG) e uma infinidade de outras figuras marcadas pelo carimbo de “CORRUPTO”, se hoje estão impedidos de viajar em voos regulares e transitar por aeroportos, sob a ameaça de que sejam agredidos, imaginem com a proximidade da eleição.

A marca de ser petista

Não está fácil ser petista nos dias de hoje. Especialmente depois que estourou o escândalo da Petrobras, integrantes conhecidos da legenda têm sido hostilizados em locais públicos simplesmente por serem do PT. O último episódio foi com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, ofendido em um restaurante da Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A ação foi filmada e divulgada por clientes que engrossaram o coro. Antes disso, porém, outros ministros, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), passaram por saias justas durante compromissos pessoais.

Agredidos em nome da moral

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) foi um que sentiu o gosto das ações das ruas e que certamente se repetirão com muitos até a hora do voto. Uma mulher percebendo que ele estava num voo comercial, ligou o celular e começou a desafiá-lo. Jucá tentou impedi-la dando um tapa na sua mão, mas não obteve sucesso. As pessoas que estavam no voo apoiaram a atitude da passageira e ele teve que ouvir tudo o que muitos brasileiros gostariam de dizer a ele.

Cássio Cunha Lima (PSDB): o senador foi hostilizado em um voo entre Brasília e João Pessoa (PB). “Golpista, ficha suja, cassado e traidor da democracia”, diziam pessoas que estavam no mesmo voo.

Eduardo Suplicy (PT) foi hostilizado por manifestantes anti-PT em um shopping em São Paulo, ao sair de uma livraria. O ex-senador ouviu gritos de “Suplicy, vergonha nacional” de um grupo que tinha nas mãos bonecos infláveis que satirizam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff.

Fernando Mineiro (PT): o deputado foi hostilizado ao ser reconhecido em um shopping em Brasília, em novembro do ano passado. Frequentadores do shopping cantaram e bateram palmas, com palavras de ordem contra o partido.

Gleisi Hoffmann (PT): a senadora Gleisi Hoffmann (PT) foi recebida por manifestantes no Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba. Ao chegar ao setor de desembarque, a senadora foi cercada pelo grupo, que gritava palavras de ordem como “corrupta” e “sem vergonha”.

Jaques Wagner (PT): o ex-ministro de Dilma foi hostilizado ao deixar um restaurante japonês em Brasília. Quando Wagner se dirigia para a saída do restaurante, uma cliente gritou: “Fora PT”. O protesto acabou sendo acompanhado por outros clientes que, em coro, começaram a gritar “Fora!”, “Ladrões!”. O ex-ministro reagiu. “Vocês não estudaram? Vagabundos, mal-educados, fascista”.

José Guimarães (PT): o deputado federal foi cercado e hostilizado com empurrões por um grupo no desembarque do Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza. Um grupo de cerca de dez pessoas o cercou e jogou notas falsas de dinheiro nele, enquanto uma mulher tentava segurá-lo.

Aécio Neves (PSDB):  o senador tucano foi hostilizado enquanto passava um feriado com a família na praia, no Leblon (RJ). Ele foi chamado de golpista por uma mulher, que filmou a ação e divulgou nas redes sociais.

O corredor da morte

A passagem pelo saguão do aeroporto de Brasília é inevitável para deputados e senadores. Por isso é chamada pelos políticos de “Corredor da Morte”. À exceção dos presidentes das Casas, que têm a exclusividade de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) à disposição, todos os demais parlamentares que quiserem viajar custeados pelo poder Legislativo têm de circular entre os demais passageiros. Quem não quiser se arriscar tem de seguir os passos da senadora Gleisi Hoffman (PT. - PR). Ré por corrupção, ela decidiu mudar de vez para Brasília. Hostilizado em Curitiba, ela trouxe os filhos para a capital e pretende dar um tempo de aeroporto.

Renan Calheiros e José Sarney

Dá para imaginar o senador alagoano Renan Calheiros circulando em qualquer aeroporto do país? Se comparar com os outros e medir a rejeição que o país inteiro lhe confere seria agredido fisicamente, sem dúvida. Depois que deixou a presidência do Senado, quando tinha sua disposição jatinhos da FAB, Calheiros só viaja em aviões fretados ou em “carona” com empresários “amigos”. Mesmo em Maceió ele evita aparecer em lugares públicos com medo da reação do povo. No máximo vai para sua mansão na Barra de São Miguel, ou em peregrinações pelo interior, onde o nível do eleitorado não percebe a indignação do resto do país contra ele. José Sarney segue o mesmo ritual de Renan e evita aparecer em público no Maranhão, do qual foi “rei”.

Fica na tua Gaspar

O jovem procurador Geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, é uma das personalidades com maior evidencia positiva em Alagoas. Preparado, exerce sua missão no Ministério Público Estadual com total dedicação e responsabilidade. Muito jovem ainda, mas com uma história de vida exemplar. Foi aplaudido e premiado, merecidamente, como secretário de Segurança Pública e hoje, como chefe do MP, é uma unanimidade dentro e fora da instituição.

A política suja de Alagoas, pela extrema falta de nomes moralmente confiáveis e aceitos pelo eleitorado em seus quadros, tem anunciado o desejo de vários partidos em tê-lo como filiado e candidato nas próximas eleições.

Não é o seu mundo nem de sua digna família, repleta de figuras de alto saber jurídico e exemplares integrantes da administração pública.

Gosto muito e admiro o jovem líder do Ministério Público. Por isso dou um conselho de amigo: Fica na tua Gaspar!


Pedro Oliveira por Pedro Oliveira

Jornalista e escritor. Articulista político dos jornais " Extra" e " Tribuna do Sertão". Pós graduado em Ciências Políticas pela UnB. É presidente do Instituto Cidadão,  membro da União Brasileira de Escritores e da Academia Palmeirense de Letras.

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