Dólar com. 5.233
IBovespa 0.58
18 de abril de 2024
min. 23º máx. 32º Maceió
chuva rápida
Agora no Painel Delegado diz que hora da morte de idoso não altera crime em banco
24/06/2018 às 15h00

Geral

Colorado debate aumento de crimes após legalização da maconha

Há divergências entre autoridades se existe relação entre os fatos

O índice de criminalidade no estado norte-americano do Colorado cresceu 5% em 2016 em comparação com 2013, enquanto a tendência nacional registrou queda no mesmo período. O percentual de crimes violentos subiu 12,5% no mesmo período regionalmente, mas o aumento nacional foi inferior a 5%.

Os números são parte da estatística do Departamento de Investigação do Colorado e do FBI, a Polícia Federal norte-americana. Os dados que apontam o aumento da violência coincidem com a legalização da venda de maconha recreativa no Colorado, a partir de 2014. No estado, adultos com mais de 21 anos podem comprar produtos feitos com maconha em lojas especializadas.

Para consumir maconha recreativa, é obrigatória a apresentação de um documento válido e não é permitido o consumo em áreas públicas. A lei estadual limita a compra em 8 gramas de maconha concentrada ou 800 miligramas de produtos à base da planta, como chocolates e gomas de mascar.

Há divergência, no entanto, se existe uma relação entre o aumento da violência e a legalização da maconha. Em entrevista à rede CNN em abril, o governador do Colorado John Hickenlooper afirmou que outros fatores, além da maconha, podem explicar o aumento da criminalidade. Ele acredita que o crescimento econômico pode ser uma das razões.

A indústria do setor se tornou um negócio milionário no estado. O comércio rendeu um recorde de US$ 1,51 bilhão em venda da maconha medicinal e recreativa no ano passado, segundo dados do Departamento de Receita do Colorado. O negócio resultou na arrecadação de US$ 247 milhões em impostos.

“Quando você tem esse tipo de crescimento (econômico), você atrai todos os tipos de pessoas e algumas delas são indesejáveis. Elas vêm atraídos pelo [comércio] da maconha? Ou eles vêm porque há um monte de dinheiro na comunidade e este é um ótimo lugar para tentar roubar alguém?”, questionou o governador. Para Hickenlooper, são necessários mais estudos e estatísticas para esclarecer a questão. “Mais dados são a única maneira de descobrir isso”, argumentou.

A posição do governador não é unânime. O procurador distrital de Denver, Mitch Morrissey, enviou em outubro passado uma carta com um relato sombrio sobre o tema aos eleitores da Califórnia, que discutiam a legalização. Ele contou que, só na capital do Colorado, o número de crimes cresceu cerca de 44% desde que o uso recreativo da maconha foi liberado.

E relatou que, durante este período, os policiais estiveram mais ocupados com crimes relacionados à maconha do que em qualquer outro momento da história da cidade. Morrissey ponderou, no entanto, que não se pode correlacionar o aumento do crime exclusivamente à liberação e observou que existem diversos outros fatores relacionados.

Defensores da legalização discordam que a mudança na legislação tenha contribuído para o aumento da criminalidade. A organização defensora da venda da erva, o Projeto de Política da Maconha (MPP na sigla em inglês), menciona em artigo publicado em sua página na internet que “não há evidências sobre o uso de maconha contribuindo para o aumento do crime”.

E complementa que “as taxas de homicídios, assaltos e furtos foram aproximadamente as mesmas em 2015 e em 2009, ano em que centenas de empresas de maconha medicinal começaram a abrir” no Colorado.

O consumo de maconha recreativa é legal em nove estados norte-americanos e o uso medicinal é permitido em 29. Apesar das leis estaduais que autorizam o uso da maconha, as leis federais ainda consideram o porte e o consumo ilegais.

O governo Barack Obama permitia que as regras estaduais fossem mantidas sem interferência federal. Mas a administração de Donald Trump adotou uma linha mais dura. Em janeiro, o procurador-geral Jeff Sessions revogou os memorandos que estabeleceram a política de não interferência. Na prática, a mudança permitiu que promotores federais do país priorizem recursos para reprimir a posse, distribuição e cultivo da maconha mesmo em estados onde o consumo é legal.

Outros países

O Canadá acabou de legalizar o uso recreativo da maconha, que valerá em todo o país a partir de outubro. O Uruguai fez o mesmo em 2013. Holanda – país pioneiro –, Portugal, Espanha e Jamaica já descriminalizaram o consumo da droga. O uso terapêutico e medicinal já é permitido no México, na Colômbia, no Chile, na Argentina e em Israel.

No Brasil, ainda não há legislação sobre uso medicinal – a importação do canabidiol é autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), caso a caso. Desde 2006, não há mais pena de prisão para usuários, mas o porte e a venda de drogas continuam ilegais e até hoje não se definiu, como mostra esta reportagem, a quantidade de substância que diferencia posse para uso pessoal de tráfico. 


Fonte: Agência Brasil

Todos os direitos reservados
- 2009-2024 Press Comunicações S/S
Tel: (82) 3313-7566
[email protected]