Falaremos de uma patologia bastante frequente nos dias atuais, relacionado ao uso excessivo dos movimentos do punho que sobrecarrega os tendões que ligam a musculatura do antebraço aos ossos da mão.
Na parte posterior ou dorsal do punho passam os tendões que realizam a extensão do punho e dos dedos, já na parte anterior ou volar, passam os tendões que realizam a flexão do punho e dos dedos.
A tendinite se refere ao processo inflamatório nos tendões na fase inicial, já a tenossinovite está relacionada ao processo inflamatório na bainha que envolve os tendões. Quando o quadro está na fase crônica é melhor denominado de tendinose ou tendinopatias, já que possui alteração na estrutura dos tendões.
Como fazer o diagnóstico de tendinite no punho?
Primeiro realizando a anamnese (conversa), procurando saber qual a atividade diária da pessoa, principalmente se durante estas atividades as pessoas realizam movimentos repetitivos e por quanto tempo por dia as realizam sem intervalos de repouso.
Segundo, realizando o exame físico, onde observaremos a presença de edema no punho com limitação dos movimentos. Pode ainda apresentar hiperemia na pele e calor local. Temos também alguns testes especiais como o teste de Filkenstein para o diagnóstico da Tenossinosite de D’Quervain, entre outros.
Em alguns casos, poderemos solicitar radiografias do punho para afastar comprometimento ósseo como fraturas, osteoartrose. Outros exames como ultrassonografia do punho e/ou ressonância nuclear magnética também pode ajudar no diagnóstico. Entretanto, uma anamnese bem realizada, assim como, um exame físico bem realizado é o essencial para o diagnóstico.
Uma vez fechado o diagnóstico de tendinite do punho, realizaremos o tratamento.
Como tratar?
Primeiro solicitando a parada dos exercícios e/ou movimentos que desencadearam a tendinite aguda, o uso de um imobilizador para punho por curto período pode ser necessário.
Segundo, fazendo uso de anti-inflamatório, analgésico e em alguns casos realizar infiltração local com corticoides. Pode também orientar o uso de bolsa com gelo no local da dor e edema.
Terceiro, a realização da fisioterapia é importantíssimo para o tratamento da tendinite no punho.
Quarto, a cirurgia pode ser realizada na falha do tratamento conservador.
Por fim, é essencial entender que a tendinite do punho é ocasionada pela realização de movimentos repetitivos e que uma mudança de comportamento, tais como, alongamentos antes, durante e depois destes movimentos são significativos para prevenção da tendinite. Outra atitude que pode ajudar na prevenção é a pessoa alterar a posição das mãos durante a execução das atividades, cuidado ao digitar e pegar no mouse, assim como deve atentar para otimização das condições de trabalho (ergonomia).
Dicas:
1 - Reduza o uso de smartphones e tablets para digitação, prefira enviar mensagens de voz.
2 - Faça pausa durante o uso prolongado do computador.
3 - Ao digitar, preste atenção à postura, a coluna deve estar apoiada ao encosto da cadeira, assim como os antebraços apoiados nos braços da cadeira ou na mesa, o aparelho deve estar em uma altura que a pessoa não force a cabeça para baixo.
4 - Alongue os antebraços, punhos, mãos e dedos a cada 2(duas) horas.
5 – Faça atividades físicas
Fácil não é, mas é possível. Que tal começarmos agora mesmo uma mudança de comportamento, com o objetivo de prevenir nosso corpo das tendinopatias?
*Publicado originalmente em 06.05.2019
Nossa conversa de hoje será sobre dor em cotovelo, que pode ter várias causas, desde entorse do cotovelo, passando por fratura e/ou luxações, e as tendinopatias. Entre as tendinopatias, iremos falar sobre a Epicondilite lateral, também conhecida como cotovelo de tenista.
A epicondilite lateral é uma causa frequente de dor no cotovelo que afeta parte da população adulta anualmente. A epicondilite lateral é na verdade uma afecção degenerativa que compromete os tendões extensores originários do epicôndilo lateral (face lateral do cotovelo, terço final do úmero).
A epicondilite lateral ocorre inicialmente por microlesões na origem da musculatura extensora do antebraço, sendo mais frequente o acometimento do tendão extensor radial curto do carpo.
Apesar da descrição clássica relacionada à prática esportiva do tênis( cotovelo de tenista), apenas 5 a 10% dos pacientes que apresentam a epicondilite praticam este esporte. Sendo assim, a tendinose do cotovelo é mais comum em não atletas, principalmente na quarta e quinta décadas de vida, com acometimento semelhante em ambos os sexos e com mais frequência no braço dominante, que realizam suas atividades laborais, com movimentação repetitivas com sobrecarreguem os extentores que tem origem no epicôndilo lateral do úmero e se estende até os dedos da mão.
O diagnóstico é realizado observando-se a história do paciente e o exame clínico. A queixa principal é a dor na região lateral do cotovelo estendendo-se ao dorso do antebraço e a dificuldade para a prática esportiva e atividades laborativas e da vida diária. Esta dor aparece com atividades que envolvem extensão ativa ou flexão passiva do punho com o cotovelo em extensão.
Ao exame físico, realizado pelo ortopedista, o paciente referirá dor à palpação em face lateral do cotovelo comprometido no epicôndilo lateral, onde tem origem o tendão comum dos extensores. Durante o exame físico o examinador realizará dois testes clínicos: o teste de Cozen e o teste de Mill. Durante a realização dos testes, em caso positivo de dor em face lateral do cotovelo, confirma-se o diagnóstico de epicondilite lateral. Como exame complementar poderá ser feito o Rx com cotovelo, com o objetivo de observar a existência de fratura do epicôndilo lateral, calcificações ou artrose, e pode ser realizada também a ultrassonografia e, em especial, a ressonância nuclear magnética.
Entre os diagnósticos diferenciais, podemos destacar a síndrome do túnel radial, cervicobraquialgia, lesão do manguito rotador e anormalidades articulares (trauma com fratura ou lesão ligamentar e artrose).
O objetivo principal do tratamento inicial será o controle da dor através do repouso relativo, assim como, o uso de anti-inflamatórios não hormonais, crioterapia, ultrassom e laser tem seu papel importante. Outras opções terapêuticas incluem infiltração com corticoides, alguns autores referem infiltração com toxina botulínica com resultados variados, e se não apresentar melhora com os métodos conservadores, pode ser usado o procedimento cirúrgico.
Por fim, durante a prática esportiva, a técnica correta irá permitir um melhor desempenho e a prevenção de lesões, assim como as atividades laborativas, tais como carpintaria e outras atividades que utilizam a mão com frequência, como digitadores que devem realizar técnica correta com alongamento e fortalecimento dos extensores.
*Publicado originalmente em 08/04/2019
Muitos pacientes, decorrentes de movimentos repetitivos no seu dia a dia de trabalho e em especial à falta de preparo físico, como deficiência de alongamento, déficit no fortalecimento, assim como a ausência de um descanso de alguns minutos nas suas atividades, pode levá-los a apresentar dor em ombro devido a tendinopatia. Vamos falar um pouco sobre esta patologia.
No ombro existe um grupo muscular denominado manguito rotador, formado por 04 músculos (supraespinhoso, infraespinhoso, subescapular e redondo menor). Destes músculos, o mais acometido é o supraespinhoso, que é responsável principalmente pela abdução do ombro. O processo inflamatório de um desses músculos é inicialmente chamado de tendinite, causando um quadro de ombro doloroso que piora à noite. Quando esta tendinopatia se torna crônica é denominada de tendinose, uma vez que ocorre alteração estrutural com desorganização de suas fibras.
Como principais sintomas o paciente apresentará dor quer em repouso quer em esforço, piorando à noite, muitas vezes associado à limitação dos movimentos do ombro acometido.
Como causa, a tendinopatia pode estar associada às atividades de trabalho a exemplo do esforço físico excessivo e repetitivo ou a sobrecarga realizada em prática desportiva, em especial a musculação, crossfit, natação, tênis, voleibol, handebol, ou seja, exercícios realizados com os membros superiores acima da cabeça. São exercícios que provocam tensão muscular ao extremo e com grande amplitude de movimentos.
Para fechar o diagnóstico é observada a clínica apresentada pelo paciente, como a dor e a limitação dos movimentos do ombro, associado a teste clinico especial realizado pelo ortopedista. Pode ser realizada também a ultrassonografia que, além da confirmação do diagnóstico, pode também ajudar a realizar diagnóstico diferencial como bursites, calcificações, entre outras. Em caso da persistência do quadro de dor pode-se realizar a ressonância nuclear magnética do ombro, com o objetivo de diagnosticar rupturas parciais ou totais dos tendões, lesão do labrum na glenóide.
Inicialmente, para tratar a tendinopatia, é importante afastar o paciente das atividades que estão desencadeando o quadro álgico (afastamento temporário), seguida de uso de anti- inflamatório e analgésico. A escolha do anti-inflamatório vai depender da anamnese realizada pelo médico, sendo considerado fatores como intensidade da dor, co-morbidades como diabetes, hipertensão, gastrite e outras. Em alguns casos se faz necessário o uso de anti-inflamatório esteroide como os corticoides por via oral, intramuscular ou na infiltração articular associado a anestésico local.
Associada à terapêutica medicamentosa, a fisioterapia apresenta grandes resultados no tratamento da tendinopatia no ombro. Por fim, o objetivo do tratamento é conter a inflamação inicial, seguido de exercícios para restaurar a movimentação articular, finalizando com reforço muscular e retorno gradativo a atividade de sua vida diária.
A cirurgia fica reservada para casos extremos, como na falha do tratamento conservador.
O mais importante é você preparar o seu corpo para desempenhar suas atividades diárias seja relacionada ao trabalho ou prática esportiva. Daí a importância de você sempre procurar um profissional competente, seja preparador físico, fisioterapeuta ou médico, para desenvolver suas atividades, prevenindo as lesões.
Modifique seus hábitos, pense no seu corpo, esteja bem para desempenhar melhor suas atividades diárias.
*Republicado anteriormente em 03/04/2019
Clinicamente é caracterizada por uma dor na face plantar do retropé, abaixo do calcâneo, ou seja, no solado do pé. Corresponde a causa mais comum de dor na região plantar (solado do pé). Acomete homens e mulheres com faixa etária de 40 a 60 anos, normalmente a fascite plantar é unilateral, mas pode ser bilateral.
Inicialmente é importante diferenciar, a fascite plantar que é uma inflamação ou degeneração da fascia plantar (solado do pé) e o esporão, que é quando já existe uma protuberância óssea que cresce na base do osso chamado calcâneo, onde a fascia plantar tem origem.
Toda vez que a fascia plantar é submetida a ações repetitivas, estresse, esforço, pressão, como ocorre em uso de salto alto, esporte (treino pesado), corridas em terreno duro sem uso de sapatos adequados, em alterações no formato dos pés (pé cavo, pé plano), em paciente com sobrepeso ocorre o seu comprometimento.
A fascite plantar é caracterizada clinicamente por dor no calcanhar com piora ao acordar e colocar os pés no chão, ou após passar longo período sentado, acrescente-se sensação de queimação, dor à palpação no solado do pé. Esta dor tende a melhorar, ou seja, diminuir sua intensidade após movimentos.
O exame físico é caracterizado pela dor à palpação no solado do retropé (tornozelo), logo abaixo do calcâneo. O exame físico deve ser realizado de maneira detalhada para afastar outras patologias como tendinopatias, presença de nodulações, inflamação de nervo abdutor do quinto dedo, comprometimento do túnel do tarso, entre outras patologias das articulações do tornozelo.
Com relação aos exames complementares podemos solicitar Raio-x do pé e tornozelo nas incidências antero-posterior/perfil/axial de calcâneo com o objetivo de analisar a presença do esporão do calcâneo, assim como, analisar informações relacionadas a estruturas ósseas. Outros exames como cintilografia óssea, ressonância nuclear magnética, eletroneuromiografia, tem seu uso BASTANTE limitado, devendo ser pedido só em caso de realizar diagnóstico diferencial. Assim como os exames laboratoriais só devem ser usados no caso de realização pesquisa de outras patologias.
O tratamento conservador é o de eleição para tratar o esporão de calcâneo e fascite plantar. Tem como objetivo diminuir o processo inflamatório com uso de anti-inflamatório, analgésico, curto período de repouso. Eficazmente deve ser introduzido um programa de exercícios para alongamento plantar, uso de palmilhas sob medida pode ser eficaz, fisioterapia, imobilização da extremidade numa bota gessada ou bota removível para marchar e algumas vezes se faz necessário o uso de uma órtese noturna, infiltração com esteroides e tratamento por ondas de choques também podem contribuir na terapêutica. Na falha do tratamento conservador pode-se fazer uso de algumas técnicas cirúrgicas em último caso.
Portanto, fica cada vez mais claro a importância de cuidarmos da nossa máquina, o nosso corpo. E nunca é tarde para começar os alongamentos, lembrando sempre da importância de uma assessoria técnica especifica. Fácil iniciar não é, mas é possível. Que tal começarmos agora?
*publicado originalmente em 20.03.2019
Já acordou para um novo dia de trabalho e amanheceu com dores na região cervical (pescoço)?
Pois bem, esta semana iremos comentar um pouco sobre as dores na região do pescoço, a cervicalgia.
A cervicalgia é caracterizada pela dor na região cervical, o pescoço. Pode ser aguda, que dura dias, ou crônica que persiste durante semanas. A forma mais comum é o torcicolo. A cervicalgia é quando não apresenta irradiação, agora, quando a dor se irradia para o membro superior é denominada cervico-braquialgia.
Acomete tanto os homens como principalmente as mulheres, com maior prevalência na meia idade.
Dor no pescoço pode ser sintoma de tensão muscular provocada por estresse, má postura, bruxismo, colchão ou travesseiros inadequados, má posição de dormir, movimento brusco, tarefas repetitivas, serviços físicos pesados e manuais.
Outras causas têm as lesões musculares ou articulares, traumatismo cervical como acidente de carro, acidente motociclistico, mergulho em aguas rasas, doença infecciosa, reumática ou tumoral, artrose das vertebras cervicais e as hérnias discais.
A musculatura cervical fica muito contraída e diminui o fluxo sanguíneo na região, causando dor.
Como sintoma, o paciente apresenta dor que pode variar de leve a severa, espasmo muscular, limitação dos movimentos do pescoço adotando uma postura rígida. A dor pode irradiar-se para a nuca, para os ombros ou para todo o membro superior. Além das dores, podem vir em conjunto, tonturas, dor de cabeça, podendo até apresentar formigamento no pescoço.
O diagnóstico é baseado no quadro clinico apresentado pelo paciente através da anamnese e exame físico. Caso necessário, exames complementares podem ser realizados. Tais como: Rx, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética.
O tratamento clínico pode ser através de medicamentos como anti-inflamatórios, analgésicos, relaxantes musculares e/ou antidepressivos tricíclicos, assim como uso de colar cervical para que possa ajudar a diminuir espasmos musculares. A fisioterapia também possui papel importante no tratamento da cervicalgia.
Após a fase aguda, com a melhora da dor, deve-se acrescentar alongamentos e exercícios específicos para melhorar o arco de movimentos.
Dicas para uma boa noite de sono: a melhor posição para dormir é de lado, o travesseiro deve preencher o espaço lateral do pescoço, sustentando a cabeça. O travesseiro ideal deve adaptar-se ao contorno da região cervical e proporcionar uma boa noite de sono, permitindo que a pessoa levante-se bem disposta e sem dores.
Dormir na medida certa pode afastar problemas como cansaço, falta de concentração, depressão e ansiedade, um período entre 7 a 9 horas/noite para os adultos é o ideal para restaurar nossas energias.
Portanto, precisamos cuidar melhor do nosso corpo para que possamos desempenhar nossas atividades diárias. Nesta correria do dia a dia não é fácil, mas é possível, é factível e podemos melhorar nossa qualidade de vida. Que tal começar com uma boa e adequada noite de sono?
Publicado originalmente em 05/03/2019
FOCO NA ÓRTESE
O tratamento do recém-nascido diagnosticado com pé torto, deve ser iniciado o mais cedo possível, tendo como idade adequada para início do tratamento a partir de 7 a 15 dias de vidas, uma vez que, as quatro deformidades do pé torto congênito: equino, varo, cavo e adução, encontram-se mais flexíveis, devido as propriedades viscoelásticas dos ligamentos, cápsulas e tendões.
Lembrando que tratamos o pé torto congênito pela Técnica de Ponseti, onde realizamos manipulação seguida de aparelho gessado inguino-podalico. Realizamos de 5 a 8 trocas de aparelhos gessados para o tratamento do Pé Torto Congênito Idiopático (criança sem outras patologias associados, como: mielomeningocele, artrogripose, paralisia cerebral, zika vírus e outras síndromes).
O objetivo do tratamento é reduzir ou eliminar as quatros deformidades que compõe o pé torto, deixando o pé funcional, ou seja, plantígrado, flexível e indolor permitindo a criança na idade de marcha, deambular sobre a plantar do pé.
Vale salientar que a deformidade em Equino, muita das vezes é corrigida com a realização de uma Tenotomia ou Alongamento Mio-Tendinoso do tendão de aquiles seguida da confecção de um aparelho gessado inguino-podalico por 21 dias.
Após a correção das deformidades do Pé Torto, se faz necessário o uso de uma órtese para evitar o retorno das deformidades. Existem algumas órteses no mercado. Indicamos para manutenção da correção do Pé Torto, a órtese de Dennis Brown que permite a correção das deformidades mantendo os pés em rotação externa.
A órtese de Dennis-Brown consiste de uma barra (com o comprimento da distância entre os 2 ombros da criança) com sapatilhas ou botas altas abertas na frente e no calcanhar presas à barra com 70 graus de rotação externa. Em crianças com pé torto unilateral, o pé normal é fixado na sapatilha com 40 graus de rotação externa.
Indicamos o uso da órtese por 23horas por dia, tirando apenas para o banho da criança, durante os 3 primeiros meses de uso, sendo seguido de 14 horas ininterruptas até os 4 anos de idade, podendo ser usado no período noturno, permitindo a marcha da criança durante o dia.
Reforçamos a importância do seguimento correto do protocolo do uso da órtese, uma vez que, se não for seguida, a chance de recidiva das deformidades do pé torto aumenta muito, tendo que reiniciar o tratamento ou até mesmo partir para o tratamento cirúrgico.
É importante os pais entenderem este momento, serem determinados, resilientes, objetivando obter no futuro próximo uma criança andando com a marcha NORMAL, este é o objetivo final do tratamento. E juntos, médicos e familiares, conseguiremos este feito para bem de nossas crianças.
Desde que nós tomamos conhecimento do SARS-CoV-2 ou COVID-19, muitas mudanças foram realizadas na rotina da população em geral, como também na classe médica com enfrentamento de uma patologia com evolução incerta. Perguntas frequentes frente ao novo inimigo invisível, como “quais os sinais ou sintomas característicos?”, “qual o mais rápido e melhor meio de diagnóstico?” e “qual o melhor tratamento?”, eram realizadas à época. Vocês lembram? E ainda preocupações com o futuro: trará sequelas? Sem falar no número de óbitos que tivemos, entes queridos e amigos que morreram. Tempos difíceis, tanto físico como mentalmente. E as variantes do COVID-19, outra preocupação. Como preveni-las?
Passados quase dois anos do início da pandemia, muito já se evoluiu em conhecimento sobre o SARS-CoV-2 com o surgimento das vacinas, porém uma nova síndrome surge: a Síndrome pós-Covid-19, caracterizada por processo inflamatório causado pelo corona vírus em qualquer órgão ou sistema do corpo humano. A Síndrome pós-Covid-19 pode afetar pessoas de todas as idades.
Como já relatei anteriormente, os sinais e/ou sintomas podem aparecer em diferentes partes do organismo, podendo afetar o sistema respiratório, cardiovascular e nervoso, os rins, o intestino, o fígado, comprometimento da derme e do sistema osteomuscular.
Os principais sinais e sintomas na síndrome pós-covid-19 são: fadiga/cansaço; dor de cabeça; perda de olfato e paladar por período mais prolongado; perda de memória e ou dificuldade de concentração; queda de cabelo; dor nas articulações; dor torácica; tosse; falta de ar; distúrbios do sono; neuropatia periférica (com formigamento, dormência, dor e ou alteração de sensibilidade nas extremidades).
As dores nas articulações relatadas por pacientes com ou pós-covid-19 normalmente estão combinadas com as dores musculares, sendo caracterizada por causar dificuldades em atividades como ficar em pé, subir escadas, agarrar objetos com as mãos ou levantar os braços acima da cabeça.
O que temos visto na literatura médica é que as queixas osteoarticulares podem ser decorrentes do período de inatividade durante a doença ou dos tratamentos necessários para combater a infecção aguda em especial nos pacientes que tiveram a síndrome no estado mais grave. Outra hipótese é que a poliartralgia é devido à resposta autoimune já previamente conhecida, que pode ser aguda e autolimitada, generalizada ou agressiva e que em pacientes que tiveram as formas graves da doença possam evoluir com osteonecrose, que significa morte de células da carlitagem que reveste o osso subcondral. No caso da fraqueza e dor muscular, a suspeita é que a miopatia seja causada pelo processo inflamatório que o próprio corpo cria, ou seja, uma possível necrose muscular imunomediada. Alguns estudos evidenciaram que ocorre uma produção excessiva de citocinas inflamatórias que está associada ao estresse oxidativo que produz moléculas que destroem as células do músculo.
A fisioterapia osteomuscular está indicada, pois ajuda na regressão das dores e no fortalecimento muscular. Segundo a Dra. Livia Carvalho Costa, a fisioterapia auxilia no combate a dor, pois ajuda no processo de cicatrização e no aumento do aporte sanguíneo, melhorando a cicatrização do tecido e propiciando melhoria do processo inflamatório (melhorando a cicatrização do tecido e o processo inflamatório). Finaliza-se a reabilitação por exercícios de cinesioterapia, objetivando o retorno do paciente as suas atividades diárias. O tempo total da reabilitação dependerá do quadro clínico no início do tratamento do paciente.
O retorno à prática de atividades físicas usualmente realizadas antes da COVID-19 é seguro após liberação da fisioterapia e avaliação minuciosa do médico assistente.
Dor lombar – Lombalgia
O que é?
Qual a sua localização?
Quais os principais sintomas?
Tem Tratamento?
Inicialmente é importante localizar a região para entender melhor a lombalgia.
A região lombar compreende o espaço entre o último arco costal (costela) e a prega glútea superior (início da região glútea). Portanto toda dor nesta região é denominada lombalgia.
Alguns conceitos importantes:
1 – Lombalgia – Dor localizada entre a última costela e a prega glútea.
2 – Lombociatalgia – Quando a dor segue um trajeto radicular (nervo) característico.
3 – Ciatálgia – A dor inicia na raiz da coxa.
4 – Ciática – A dor inicia na raiz da coxa e é seguida por déficit motor ou neurossensorial.
Quanto ao tempo de duração, as lombalgias podem ser agudas, subaguda, crônica e recorrente.
Quanto a etiologia pode ser: Lombalgia Não Mecânica (tumores, causas infecciosas, causas inflamatórias); Lombalgia Visceral (Endometriose, prostatite, aneurisma de aorta, pancreatite e as causas renais: cálculo renal e infecção). Lombalgia Mecânica é a mais comum e o motivo da nossa conversa de hoje.
A lombalgia mecânica está entre as dores mais comuns entre homens e mulheres. Um grande número de pessoas no mundo convive com dor lombar, sendo a dor lombar um dos grandes motivos de afastamento do trabalho.
Normalmente é causada por um desequilíbrio entre a carga funcional, esforço requerido para atividades do trabalho e da vida diária, e a capacidade potencial de execução para essas atividades.
Portanto, levantamento de peso de maneira inadequada, falta de exercícios regulares, obesidade, envelhecimento, noite mal dormida em colchão não apropriado para altura/peso, fatores emocionais, entre outros, podem estarem relacionados com a lombalgia.
Como sintomas aparecem dor em peso de início súbito com piora aos esforços físicos e alivio com repouso e o calor, irradiação ocasional para as regiões glúteas e coxas, contratura muscular, sintomas relacionados a sedentarismo e postura inadequada. Normalmente os sintomas tem duração de três a quatro dias.
Diante deste quadro o paciente deverá procurar um especialista em Ortopedia e Traumatologia para avaliar a gravidade do problema.
Para esta avaliação o ortopedista tem em mãos vários exames complementares (raio x, ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética). “Entretanto”, em muitos casos não é preciso pedir nenhum destes exames. É bastante realizar uma boa anamnese e um bom exame físico, ou seja, ouvir bem o paciente e examiná-lo. A partir de uma anamnese e um exame físico bem realizado se definirá se será preciso e qual exame solicitar. Com diagnóstico bem definido inicia-se o tratamento.
Inicialmente o tratamento tem o objetivo de aliviar a dor do paciente com uso de analgésicos, anti-inflamatórios, corticoides, relaxantes musculares e fisioterapia. Melhorando também a habilidade funcional.
Outra missão importante passa pela prevenção da recorrência à cronicidade, neste caso, precisamos de mudanças de hábitos, tais como: Mudança na posição de dormir, observar se o colchão é apropriado para sua altura e peso corporal, cuidado ao levantar e transportar peso, cuidados com o peso e o equilíbrio do peso das mochilas nas costas, cuidado ao usar calçados com saltos altos, recomenda-se pratica de atividades físicas regulares, combater a obesidade e neste caso pincipalmente o aumento da circunferência abdominal, cuidados com a postura ao sentar-se em cadeira em casa e no trabalho.
Enfim neste mundo tão corrido, de tantas competições no dia a dia, precisamos ter tempo para cuidar da melhor e maior máquina que existe no mundo o nosso CORPO. Para isto precisamos de bons profissionais e que trabalhem em equipe multidisciplinar para tratarmos corretamente a lombalgia. Portanto, procure seu/sua médico (a), sua/seu nutricionista, seu/sua fisioterapeuta, seu preparador físico e muitas vezes também precisamos do auxílio da psicologia devido ao estresse do dia a dia.
Deixe seu corpo preparado para ultrapassar os obstáculos do seu dia a dia. Fácil não é, não será, mais é possível, é factível, é extremamente importante.
Conte conosco, tire suas dúvidas, estamos aqui para ajudar a você a manter corpo sempre saudável, esta é a meta, esta é nossa missão.
*Publicado originalmente em 25/02/2019
Frequentemente chega ao pronto atendimento um pai ansioso, com uma criança no colo, fazendo referência a uma dor e dizendo que o filho não movimenta o cotovelo e antebraço. Em geral, relata ainda que não aconteceu nenhuma queda, só foi um puxãozinho no braço. Nesses casos, uma das possibilidades à diagnóstica é a “Pronação Dolorosa”.
A pronação dolorosa tem como causa um deslocamento da cabeça do rádio na articulação do cotovelo, com repercussão no antebraço, onde o mesmo fica em uma posição pronada (rodado para dentro).
A pronação acontece devido a uma instabilidade decorrente de uma maior elasticidade do ligamento anular ou ao desenvolvimento do rádio proximal incompleto.
Geralmente essa lesão acontece em crianças pequenas com idade de 2 a 3 anos, com uma maior prevalência em meninas.
Normalmente a pronação dolorosa acontece quando a criança é puxada pela mão, antebraço, geralmente em casos casuais, tais como: a criança iria sair correndo e seu responsável puxa o membro superior, ou quando a criança iria cair, ou ao levantar a criança puxando o braço.
Clinicamente, a criança apresenta dor e não vai conseguir movimentar o cotovelo e o antebraço fica em uma posição de pronação. Não se faz necessário o uso de exames complementares para fechar o diagnóstico.
Nesses casos o tratamento é simples, devendo a criança ser encaminhada para um pronto atendimento onde existirá um médico preparado para realizar a manobra de redução, a qual que consiste em realizar um movimento de supinação (mover o antebraço para fora) segurando o cotovelo acometido. Com isso o ligamento volta para o lugar, estabilizando o colo e cabeça radial, melhorando o quadro álgico e retornando o movimento do membro superior acometido de maneira imediata. Normalmente não se faz necessário imobilizar o membro superior da criança. Nem o uso de medicamentos.
Como prevenção é importante os pais ou cuidadores da criança não puxarem ou levantarem as crianças pelas mãos ou antebraços. Outro fator importante é que a pronação dolorosa não costuma deixar sequelas.
A concussão cerebral é caracterizada quando a pessoa apresenta alterações das funções cerebrais após um trauma crânio-encefálico, evoluindo com perda transitória da consciência por alguns segundos ou minutos, podendo, em alguns casos, chegar a 6 horas dependendo da força do impacto na cabeça.
Na fisiopatologia da concussão cerebral, podemos relatar que acontecem alterações nos neurônios devido a um processo de aceleração e desaceleração do cérebro dentro da calota craniana. Portanto, a concussão cerebral acontece em função de uma força externa direcionada contra o crânio, face e pescoço, resultando na disfunção neurológica rápida e transitória, melhorando em seguida - espontaneamente - e, na maioria dos casos, sem deixar sequelas no cérebro.
Os sintomas estão relacionados diretamente à força aplicada no trauma, onde pode promover alterações funcionais e ou estruturais. Os principais são: dor de cabeça, náuseas e vômitos, tonturas ou problemas de equilíbrio, visão dupla ou embaraçada, sensibilidade à luz e a ruídos, sensação de atordoamento, sensação de estar mentalmente nebuloso com dificuldade de concentração e de memória.
Atualmente temos o aumento da incidência da concussão cerebral, que acomete tanto crianças como adultos, devido principalmente à prática de esportes de contato, como: futebol, luta marcial, hóquei, futebol americano, entre outros, onde ocorre com certa frequência choque de cabeça com cabeça entre os atletas ou praticantes destes esportes. Vale salientar que a concussão cerebral não ocorre apenas no esporte, temos também os acidentes automobilísticos, motociclístico, ou acidentes domésticos onde pode ocorrer um trauma na cabeça.
Como tratamento temos como conduta promover o descanso do atleta ou pessoa lesionada, evitando esforço físico, assim como, o esforço mental até cessarem a sintomatologia, podendo usar analgésico. Deve-se evitar o uso de antiinfmatório para evitar risco de sangramento.
Via de regra, a concussão cerebral não provoca alteração estrutural nas células (neurônios) do cérebro, mais podemos utilizar a tomografia computadorizada do crânio em casos mais graves e para afastar outras patologias.
Na grande maioria dos casos a evolução da concussão cerebral é satisfatória, mas em caso mais grave, pode o paciente evoluir com algumas sequelas como: Epilepsia, dor de cabeça crônica, tonturas frequentes, vertigens ou perda da memória.
Mito ou Verdade: a pessoa que bateu com a cabeça pode dormir? Não há uma contra- indicação absoluta de que a pessoa não pode dormir, entretanto, ao dormir, o exame físico realizado pelo médico fica prejudicado, uma vez que, o médico, não sabe se a pessoa está dormindo ou com “perda da consciência”.
Portanto, diante de um trauma em crânio independente da intensidade, se a pessoa apresentar alguns dos sintomas apresentados no texto procure um pronto atendimento mais próximo, para que possa ser examinado por médico.
Rogério Barboza da Silva é alagoano, médico ortopedista. É preceptor de residência médica em ortopedia e traumatologia do Hospital Veredas. Coordena a Liga Acadêmica de Ortopedia e Traumatologia (LAORTT/UNIT) e o Núcleo de Assistência do Pé Torto(NAPTC). É Professor Especialista do curso de medicina da UNIT/AL.