FOCO NA ÓRTESE
O tratamento do recém-nascido diagnosticado com pé torto, deve ser iniciado o mais cedo possível, tendo como idade adequada para início do tratamento a partir de 7 a 15 dias de vidas, uma vez que, as quatro deformidades do pé torto congênito: equino, varo, cavo e adução, encontram-se mais flexíveis, devido as propriedades viscoelásticas dos ligamentos, cápsulas e tendões.
Lembrando que tratamos o pé torto congênito pela Técnica de Ponseti, onde realizamos manipulação seguida de aparelho gessado inguino-podalico. Realizamos de 5 a 8 trocas de aparelhos gessados para o tratamento do Pé Torto Congênito Idiopático (criança sem outras patologias associados, como: mielomeningocele, artrogripose, paralisia cerebral, zika vírus e outras síndromes).
O objetivo do tratamento é reduzir ou eliminar as quatros deformidades que compõe o pé torto, deixando o pé funcional, ou seja, plantígrado, flexível e indolor permitindo a criança na idade de marcha, deambular sobre a plantar do pé.
Vale salientar que a deformidade em Equino, muita das vezes é corrigida com a realização de uma Tenotomia ou Alongamento Mio-Tendinoso do tendão de aquiles seguida da confecção de um aparelho gessado inguino-podalico por 21 dias.
Após a correção das deformidades do Pé Torto, se faz necessário o uso de uma órtese para evitar o retorno das deformidades. Existem algumas órteses no mercado. Indicamos para manutenção da correção do Pé Torto, a órtese de Dennis Brown que permite a correção das deformidades mantendo os pés em rotação externa.
A órtese de Dennis-Brown consiste de uma barra (com o comprimento da distância entre os 2 ombros da criança) com sapatilhas ou botas altas abertas na frente e no calcanhar presas à barra com 70 graus de rotação externa. Em crianças com pé torto unilateral, o pé normal é fixado na sapatilha com 40 graus de rotação externa.
Indicamos o uso da órtese por 23horas por dia, tirando apenas para o banho da criança, durante os 3 primeiros meses de uso, sendo seguido de 14 horas ininterruptas até os 4 anos de idade, podendo ser usado no período noturno, permitindo a marcha da criança durante o dia.
Reforçamos a importância do seguimento correto do protocolo do uso da órtese, uma vez que, se não for seguida, a chance de recidiva das deformidades do pé torto aumenta muito, tendo que reiniciar o tratamento ou até mesmo partir para o tratamento cirúrgico.
É importante os pais entenderem este momento, serem determinados, resilientes, objetivando obter no futuro próximo uma criança andando com a marcha NORMAL, este é o objetivo final do tratamento. E juntos, médicos e familiares, conseguiremos este feito para bem de nossas crianças.
Rogério Barboza da Silva é alagoano, médico ortopedista. É preceptor de residência médica em ortopedia e traumatologia do Hospital Veredas. Coordena a Liga Acadêmica de Ortopedia e Traumatologia (LAORTT/UNIT) e o Núcleo de Assistência do Pé Torto(NAPTC). É Professor Especialista do curso de medicina da UNIT/AL.