Uma boa parte das crianças nasce com os chamados joelhos ou pernas arqueadas, ou seja, geno varo, com os joelhos afastados um do outro, onde o centro do joelho está lateral, ao que nós, ortopedistas, chamamos de eixo mecânico do membro inferior. É uma deformidade que ocorre no plano frontal/coronal e vira queixas frequentes no ambulatório de ortopedia. Vale salientar que o joelho é formado pelo terço distal do fêmur, pelo terço proximal da tíbia e pela patela, também conhecida como rótula.
Na maioria das vezes as crianças não apresentam dor, sendo assintomáticas. Apresentam também em alguns casos, os pés voltados para medial. A deformidade de geno varo causa um certo desconforto estético na deambulação da criança, promovendo uma certa angústia por partes dos pais. Estas alterações (Geno Varo) estão presentes durante o crescimento e desenvolvimento das crianças de forma fisiológica.
Quando uma criança inicia a marcha (anda) de forma precoce ou apresenta obesidade, a deformidade pode se tornar um pouco mais acentuada. Na anamnese sempre encontramos relato de caso já existente na família.
De forma natural e espontânea esta deformidade irá se corrigir nos próximos meses, se tornando normal completamente por volta dos 2 anos de idade.
Não existe evidência que o uso de órteses, palmilhas, botas irá influenciar na evolução do geno varo fisiológico.
Portanto se faz necessário apenas acompanhamento por um especialista para observar a evolução clinica através da medida da angulação dos joelhos, com o auxílio de um goniômetro, e medindo a distância entre os côndilos femorais mediais com ajuda de uma fita métrica, acompanhando a evolução que, na grande maioria dos casos, será positiva. Este acompanhamento se faz necessário para realizar o diagnóstico diferencial de forma precoce com a Doença de Bount, caso o geno varo não se resolva por volta dos 2 anos de idade, neste caso, o ortopedista deverá tomar medidas precoces, deste o uso de órtese até a procedimento cirúrgico, em caso de falha do tratamento conservador ou dependendo do grau de comprometimento do joelho. Se faz também necessário, nestes casos, um acompanhamento multiprofissional em deformidades maiores.
Em caso de dúvidas procure um especialista, não se angustie, tire suas dúvidas com o seu médico de confiança.
A partir das próximas postagens iremos abordar as alterações fisiológicas ortopédicas mais frequentes na infância.
Hoje falaremos sobre o Pé Plano ou Pé Chato.
Inicialmente o Pé Plano ou Chato é conhecido, definido como a redução ou desabamento do arco longitudinal medial do pé, principalmente ao ficar na posição ortostática ( em pé) suportando o peso corporal, podendo está associado a um retropé valgo. O Pé Plano pode ser flexível ou rígido, o que vai diferenciar é que o pé plano flexível quando a criança é retirada da posição ortostática, ficando sentada ou quando fica nas pontas dos pés ou ainda ao realizar o Jack test o arco reaparece, já no pé plano rígido o arco não aparece, permanecendo plano.
É Válido salientar que o pé plano na infância em muitos casos é normal com relação a sua anatomia, diferenciando do pé adulto pela flexibilidade, uma vez que na infância os ossos são formados por cartilagem que ainda vão se ossificar.
Outro dado importante é que quase 100% das crianças ainda não possuem o arco plantar até os 2 anos de idade. Muitos autores relatam que o arco começa seu desenvolvimento entre os 2 anos de idade até os 6 anos de idade.
O importante é diferenciarmos o pé plano flexível do rígido.
O Pé Plano Flexível assintomático ( sem dor) não é uma doença, mais frequente que o rígido, encontra-se presente durante o desenvolvimento da criança, sendo caracterizado por não apresentar dor e nem rigidez aos movimentos principalmente da articulação sub-talar, provavelmente tem relato genético com caso na família. Com o crescimento da criança, ela poderá apresentar dor principalmente durante atividade física.
No pé plano rígido encontramos limitação ou rigidez da articulação subtalar, não sendo possível o desenvolvimento do arco plantar. Normalmente encontramos associação com fusão entre ossos (barra óssea). Esta alteração é conhecida como coalisão tarsal e as mais frequentes no pé plano rígido são as barras ósseas entre o tálus e o calcâneo e entre o calcâneo e o navicular, pode também ter outras deformidades ósseas congênitas( menos frequente).
O tratamento pode variar desde a observação clinica com acompanhamento ortopédico, podendo ir até a cirurgia. A conduta vai depender de alguns achados clinicos durante o exame físico e radiográfico (caso necessário).
1. Pé Plano Flexível assintomático deve orientar aos pais, acalma-los, e acompanhar o desenvolvimento da criança.
2. No Pé que apresenta dor podemos encaminhar a criança para a fisioterapia, assim como avaliar a necessidade do uso de palmilha ( importante palmilha fabricada sobre medida).
3. Em caso de permanência da dor, e mediante a presença de encurtamento do tendão de aquiles e/ou dos fibulares , a presença de barra óssea, ou ainda falha do tratamento conservador pode-se optar pelo tratamento cirúrgico.
Dicas:
1. Até os 6 meses – meias e calçados devem ser usados somente para conforto e proteger o pé do frio.
2. 9 a 12 meses – Os calçados deverão ser flexíveis, confortáveis e com mecanismos anti-derrapantes.
3. Cuidados com o uso em crianças maiores de sapatos com rodinhas, pois pode provocar quedas /trauma.
De uma maneira geral, a criança desde quando possível, deverá andar descalça em superfície limpa para apoio, assim como, andar em terreno irregulares para estimular a formação do arco longitudinal medial do pé ( apesar de não existir estudos consistente que comprove o aparecimento do arco), devendo realizar de maneira lúdica.
Na dúvida procure um ortopedista para diferenciar um pé plano flexível do rígido, do assintomático do sintomático, de como proceder e receber informações relevantes quanto ao desenvolvimento da criança. O importante é manter a CALMA e curtir o seu bebe, a sua criança.
Segundo o Ministério da Saúde, a obesidade atingiu 21,1% da população de Maceió em 2017. Sendo que, mas da metade da população de Maceió (55,4%) encontra-se com excesso de peso.
A Organização Mundial de Saúde aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde publica no mundo. Segundo a OMS e conforme descrito pela ABESO (Associação Brasileira para o estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), a projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700milhões,obesos. O número de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo poderá chegar a 75 milhões.
São dados preocupantes, portanto temos muitos que trabalhar para que estes dados não se concretizem.
A obesidade é uma doença crônica podendo evoluir com problemas respiratórios, cardíacos, dermatológicos e ortopédicos. Já é do conhecimento de muitos o aumento da população de hipertensos e diabéticos relacionados à obesidade.
Enfatizo aqui as alterações musculoesqueléticas relacionadas à obesidade. Encontramos na literatura relatos de alterações posturais, dores musculoesqueléticas e doenças como a epifisiólise da cabeça femoral, as osteocondrites e a tíbia vara como as mais frequentes na infância e adolescência. Já em adultos, a obesidade está relacionada às doenças articulares degenerativas. Acredita-se que um aumento na sobrecarga das articulações em especial a do joelho, causado pela obesidade pode afetar as articulações do membro inferior, causando alterações nas cartilagens articulares.
Sabe-se também que a presença de um abdômen protuso nos obesos desloca anteriormente o centro de gravidade, ocasionando adaptações na coluna vertebral e membros inferiores.
No nosso dia a dia encontramos as alterações posturais e dores musculoesqueléticas como as principais complicações relacionadas à obesidade. Nas alterações posturais, encontramos predominantemente a hiperlordose lombar, os joelhos valgos, os joelhos hiperestendidos e os pés planos. E com relação ao quadro doloroso, encontramos principalmente as dores na coluna vertebral (em especial a coluna cervical e lombar) e as encontradas nos joelhos. Quadro este que dificulta a pessoa desenvolver suas atividades habituais/diárias.
Pare um pouco suas atividades e reflita.
Realize esta breve triagem.
1 – Qual o seu IMC (Índice Massa Corporal)?
2 – Qual a sua Circunferência Abdominal?
Respostas estas que podem fazer toda a diferença para você ter uma vida saudável.
Tenha uma vida saudável, esteja pronto para continuar a enfrentar as dificuldades que você encontra pela frente.
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Como viver hoje em dia sem um celular?
Hoje os novos tipos de celulares, os smartphones, oferecem à sociedade a possibilidade de navegação na internet permitindo acesso às noticias em tempo real. Além de oferecer aplicativos, agenda eletrônica, jogos, redes sociais, ou simplesmente realizar ligações ou mandar e/ou receber SMS.
Em Alagoas o número de linhas ativas de celulares tem aumentado muito nos últimos anos, assim como em todo o Brasil. Entretanto, apesar do grande beneficio, o celular pode também proporcionar alguns problemas, como o vicio e algumas alterações ortopédicas. Portanto o uso incorreto do seu celular pode prejudicar sua postura.
O uso desses dispositivos influencia a nossa postura e a mecânica corporal de maneiras não saudáveis. Isso contribui para constantes dores no pescoço, costas, ombros e braços.
Segundo a SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia) os principais problemas ortopédicos são: Pescoço (coluna cervical): sobrecarga pela inclinação da cabeça; Ombros: sobrecarga pelo esforço de segurar o aparelho por muito tempo na mesma posição; Mãos e dedos: problema com os movimentos repetitivos da digitação.
Portanto o uso inadequado do celular pode resultar em alterações musculoesqueléticas, promovendo dores que pode chegar à limitação dos movimentos do pescoço e nas articulações dos membros superiores, prejudicando o desenvolvimento de suas atividades do dia a dia.
Siga as recomendações da SBOT e evite dores:
1. Não use o seu celular ou tablet para trabalhos longos. Prefira seu computador de mesa ou laptop. Verifique se esses dispositivos estão dispostos ergonomicamente.
2. Ao usar seu celular, levante-o e aproxime-o um pouco abaixo do seu rosto.
3. Apoie o braço em uma superfície estável.
4. Faça exercícios de alongamento para aliviar a tensão no pescoço, como o movimento de “sim” e “não” com a cabeça.
Atitudes simples, como trazer o aparelho celular até a altura dos olhos, são fundamentais para prevenir lesões associadas à má postura.
O celular é uma ferramenta importante nos dias de hoje, use-o com moderação.
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A dor no joelho ou ao redor dele pode representar um problema que afeta a própria articulação do joelho ou o tecido mole ao redor dele, como os tendões e músculos.
O joelho é uma das maiores e mais complexas articulações no nosso corpo. É composta por três ossos, tendões que ligam os ossos aos músculos, e ligamentos que estabilizam e ligam os ossos e os meniscos que atuam como amortecedor na articulação, enquanto que as bolsas de líquido conhecidas como bursas ajudam o joelho a movimentar-se suavemente. Em seu interior encontramos o líquido sinovial que tem a função de lubrificar as estruturas, permitindo também o movimento suave e indolor do joelho, assim como nutrir a cartilagem que reveste o fêmur, tíbia e patela.
Sessenta e nove por cento das pessoas com dor sentem dores nos joelhos segundo GSK Global Pain Index Research 2014 – fullreport p. 47. Existem diversas causas possíveis de dores no joelho, desde lesões como entorses, distensões, rupturas de ligamentos e de cartilagem, fraturas e luxações, até patologias como osteoartrite,tendinopatiaou bursite.
As lesões no joelho podem ocorrer, por exemplo, entre atletas, que podem sofrer rupturas nos ligamentos do joelho, lesões meniscais, o que ocasiona dores súbitas, assim como fraturas subcondrais. Ou seja, lesões relacionadas ao esporte, assunto que trataremos em outro texto.
As lesões no joelho podem também surgir de forma lenta devido à osteoartrite, e é sobre esta patologia que falaremos hoje.
Osteoartrite ou Osteoartrose é uma afecção reumática que ocorre por insuficiência da cartilagem hialina articular, sendo essa insuficiência desencadeada por estresse biomecânico, alterações bioquímicas ou fatores genéticos.
Os fatores que predispõem o joelho a apresentar Osteoartrose são: cargas excessivas, atividades laborativas, sexo, idade e sobrepeso/obesidade.
Estudos epidemiológicos e populacionais revelam que pessoas com índice de massa corporal (IMC) ≥ 25 kg/m² apresentam um risco de três a cinco vezes maiores, quando comparadas àquelas com peso normal.
A prevalência da Osteoartrose aumenta com a idade, causando limitação física em 10% das pessoas com mais de sessenta anos,tendo uma maior incidência em mulheres acima dos cinquenta anos. Entretanto seu início assintomático acontece bem antes do indivíduo atingir esta idade.
Com o aumento da idade associado ao ganho de peso, a cartilagem perde seus mecanismos protetores, ficando mais fina e suscetível a microfraturas. Há ainda nos idosos um aumento da gordura corporal que contribui para a sobrecarga nas articulações, acarretando em prejuízos funcionais. As incapacidades funcionais ocasionadas pela dor exacerbada e pela redução da amplitude de movimento prejudicam a mobilidade.
Isso leva ao sedentarismo e aumento do peso corporal, consequentemente, há uma sobrecarga em uma articulação já degenerada, a qual resulta em grave instabilidade.
Com o agravamento do quadro articular, as atividades rotineiras ficam comprometidas, conduzindo ao isolamento social e repercutindo em problemas psicossociais e emocionais, alterando o estilo e a qualidade de vida desses indivíduos.
A Osteartrose do joelho é caracterizada por dor, rigidez articular, crepitação, deformidade e incapacidade funcional, acometendo o indivíduo de maneira lenta e progressiva.
O tratamento da Osteoartrite deve ser multidisciplinar e buscar a melhora funcional, mecânica e clínica do indivíduo, sendo para isto usado mão do tratamento farmacológico comanalgésicos e antiinflamatórios, condroprotetores, infiltração com corticoides, infiltração com ácido hialurônico.
O tratamento não farmacológico consiste em programas educativos, exercícios terapêuticos sob orientação e uso de órteses quando necessários.
Na falha do tratamento conservador, o tratamento cirúrgico se impõe e consiste em osteotomias, desbridamentosartroscópicos, artroplastias, e artrodeses.
Portanto, precisamos realizar uma mudança de hábito para vivermos com qualidade de vida, primeiro entendendo da nossa máquina, o nosso corpo. Tendo como rotina a execução de exercícios com orientação para realização de fortalecimento muscular, exercícios aeróbicos para o condicionamento físico e alongamento para ganho de flexibilidade, assim como uma alimentação adequada.
O ser mais importante é você, para que você possa realizar suas atividades diárias e conquistar sucesso em seu trabalho, você precisa que seu corpo esteja bem, priorize-o.
Participe.
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Falaremos de uma patologia bastante frequente nos dias atuais, relacionado ao uso excessivo dos movimentos do punho que sobrecarrega os tendões que ligam a musculatura do antebraço aos ossos da mão.
Na parte posterior ou dorsal do punho passam os tendões que realizam a extensão do punho e dos dedos, já na parte anterior ou volar, passam os tendões que realizam a flexão do punho e dos dedos.
A tendinite se refere ao processo inflamatório nos tendões na fase inicial, já a tenossinovite está relacionada ao processo inflamatório na bainha que envolve os tendões. Quando o quadro está na fase crônica é melhor denominado de tendinose ou tendinopatias, já que possui alteração na estrutura dos tendões.
Como fazer o diagnóstico de tendinite no punho?
Primeiro realizando a anamnese (conversa), procurando saber qual a atividade diária da pessoa, principalmente se durante estas atividades as pessoas realizam movimentos repetitivos e por quanto tempo por dia as realizam sem intervalos de repouso.
Segundo, realizando o exame físico, onde observaremos a presença de edema no punho com limitação dos movimentos. Pode ainda apresentar hiperemia na pele e calor local. Temos também alguns testes especiais como o teste de Filkenstein para o diagnóstico da Tenossinosite de D’Quervain, entre outros.
Em alguns casos, poderemos solicitar radiografias do punho para afastar comprometimento ósseo como fraturas, osteoartrose. Outros exames como ultrassonografia do punho e/ou ressonância nuclear magnética também pode ajudar no diagnóstico. Entretanto, uma anamnese bem realizada, assim como, um exame físico bem realizado é o essencial para o diagnóstico.
Uma vez fechado o diagnóstico de tendinite do punho, realizaremos o tratamento.
Como tratar?
Primeiro solicitando a parada dos exercícios e/ou movimentos que desencadearam a tendinite aguda, o uso de um imobilizador para punho por curto período pode ser necessário.
Segundo, fazendo uso de anti-inflamatório, analgésico e em alguns casos realizar infiltração local com corticoides. Pode também orientar o uso de bolsa com gelo no local da dor e edema.
Terceiro, a realização da fisioterapia é importantíssimo para o tratamento da tendinite no punho.
Quarto, a cirurgia pode ser realizada na falha do tratamento conservador.
Por fim, é essencial entender que a tendinite do punho é ocasionada pela realização de movimentos repetitivos e que uma mudança de comportamento, tais como, alongamentos antes, durante e depois destes movimentos são significativos para prevenção da tendinite. Outra atitude que pode ajudar na prevenção é a pessoa alterar a posição das mãos durante a execução das atividades, cuidado ao digitar e pegar no mouse, assim como deve atentar para otimização das condições de trabalho (ergonomia).
Dicas:
1 - Reduza o uso de smartphones e tablets para digitação, prefira enviar mensagens de voz.
2 - Faça pausa durante o uso prolongado do computador.
3 - Ao digitar, preste atenção à postura, a coluna deve estar apoiada ao encosto da cadeira, assim como os antebraços apoiados nos braços da cadeira ou na mesa, o aparelho deve estar em uma altura que a pessoa não force a cabeça para baixo.
4 - Alongue os antebraços, punhos, mãos e dedos a cada 2(duas) horas.
5 – Faça atividades físicas
Fácil não é, mas é possível. Que tal começarmos agora mesmo uma mudança de comportamento, com o objetivo de prevenir nosso corpo das tendinopatias?
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Nossa conversa de hoje será sobre dor em cotovelo, que pode ter várias causas, desde entorse do cotovelo, passando por fratura e/ou luxações, e as tendinopatias. Entre as tendinopatias, iremos falar sobre a Epicondilite lateral, também conhecida como cotovelo de tenista.
A epicondilite lateral é uma causa frequente de dor no cotovelo que afeta parte da população adulta anualmente. A epicondilite lateral é na verdade uma afecção degenerativa que compromete os tendões extensores originários do epicôndilo lateral (face lateral do cotovelo, terço final do úmero).
A epicondilite lateral ocorre inicialmente por microlesões na origem da musculatura extensora do antebraço, sendo mais frequente o acometimento do tendão extensor radial curto do carpo.
Apesar da descrição clássica relacionada à prática esportiva do tênis( cotovelo de tenista), apenas 5 a 10% dos pacientes que apresentam a epicondilite praticam este esporte. Sendo assim, a tendinose do cotovelo é mais comum em não atletas, principalmente na quarta e quinta décadas de vida, com acometimento semelhante em ambos os sexos e com mais frequência no braço dominante, que realizam suas atividades laborais, com movimentação repetitivas com sobrecarreguem os extentores que tem origem no epicôndilo lateral do úmero e se estende até os dedos da mão.
O diagnóstico é realizado observando-se a história do paciente e o exame clínico. A queixa principal é a dor na região lateral do cotovelo estendendo-se ao dorso do antebraço e a dificuldade para a prática esportiva e atividades laborativas e da vida diária. Esta dor aparece com atividades que envolvem extensão ativa ou flexão passiva do punho com o cotovelo em extensão.
Ao exame físico, realizado pelo ortopedista, o paciente referirá dor à palpação em face lateral do cotovelo comprometido no epicôndilo lateral, onde tem origem o tendão comum dos extensores. Durante o exame físico o examinador realizará dois testes clínicos: o teste de Cozen e o teste de Mill. Durante a realização dos testes, em caso positivo de dor em face lateral do cotovelo, confirma-se o diagnóstico de epicondilite lateral. Como exame complementar poderá ser feito o Rx com cotovelo, com o objetivo de observar a existência de fratura do epicôndilo lateral, calcificações ou artrose, e pode ser realizada também a ultrassonografia e, em especial, a ressonância nuclear magnética.
Entre os diagnósticos diferenciais, podemos destacar a síndrome do túnel radial, cervicobraquialgia, lesão do manguito rotador e anormalidades articulares (trauma com fratura ou lesão ligamentar e artrose).
O objetivo principal do tratamento inicial será o controle da dor através do repouso relativo, assim como, o uso de anti-inflamatórios não hormonais, crioterapia, ultrassom e laser tem seu papel importante. Outras opções terapêuticas incluem infiltração com corticoides, alguns autores referem infiltração com toxina botulínica com resultados variados, e se não apresentar melhora com os métodos conservadores, pode ser usado o procedimento cirúrgico.
Por fim, durante a prática esportiva, a técnica correta irá permitir um melhor desempenho e a prevenção de lesões, assim como as atividades laborativas, tais como carpintaria e outras atividades que utilizam a mão com frequência, como digitadores que devem realizar técnica correta com alongamento e fortalecimento dos extensores.
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Muitos pacientes, decorrentes de movimentos repetitivos no seu dia a dia de trabalho e em especial à falta de preparo físico, como deficiência de alongamento, déficit no fortalecimento, assim como a ausência de um descanso de alguns minutos nas suas atividades, pode levá-los a apresentar dor em ombro devido a tendinopatia. Vamos falar um pouco sobre esta patologia.
No ombro existe um grupo muscular denominado manguito rotador, formado por 04 músculos (supraespinhoso, infraespinhoso, subescapular e redondo menor). Destes músculos, o mais acometido é o supraespinhoso, que é responsável principalmente pela abdução do ombro. O processo inflamatório de um desses músculos é inicialmente chamado de tendinite, causando um quadro de ombro doloroso que piora à noite. Quando esta tendinopatia se torna crônica é denominada de tendinose, uma vez que ocorre alteração estrutural com desorganização de suas fibras.
Como principais sintomas o paciente apresentará dor quer em repouso quer em esforço, piorando à noite, muitas vezes associado à limitação dos movimentos do ombro acometido.
Como causa, a tendinopatia pode estar associada às atividades de trabalho a exemplo do esforço físico excessivo e repetitivo ou a sobrecarga realizada em prática desportiva, em especial a musculação, crossfit, natação, tênis, voleibol, handebol, ou seja, exercícios realizados com os membros superiores acima da cabeça. São exercícios que provocam tensão muscular ao extremo e com grande amplitude de movimentos.
Para fechar o diagnóstico é observada a clínica apresentada pelo paciente, como a dor e a limitação dos movimentos do ombro, associado a teste clinico especial realizado pelo ortopedista. Pode ser realizada também a ultrassonografia que, além da confirmação do diagnóstico, pode também ajudar a realizar diagnóstico diferencial como bursites, calcificações, entre outras. Em caso da persistência do quadro de dor pode-se realizar a ressonância nuclear magnética do ombro, com o objetivo de diagnosticar rupturas parciais ou totais dos tendões, lesão do labrum na glenóide.
Inicialmente, para tratar a tendinopatia, é importante afastar o paciente das atividades que estão desencadeando o quadro álgico (afastamento temporário), seguida de uso de anti- inflamatório e analgésico. A escolha do anti-inflamatório vai depender da anamnese realizada pelo médico, sendo considerado fatores como intensidade da dor, co-morbidades como diabetes, hipertensão, gastrite e outras. Em alguns casos se faz necessário o uso de anti-inflamatório esteroide como os corticoides por via oral, intramuscular ou na infiltração articular associado a anestésico local.
Associada à terapêutica medicamentosa, a fisioterapia apresenta grandes resultados no tratamento da tendinopatia no ombro. Por fim, o objetivo do tratamento é conter a inflamação inicial, seguido de exercícios para restaurar a movimentação articular, finalizando com reforço muscular e retorno gradativo a atividade de sua vida diária.
A cirurgia fica reservada para casos extremos, como na falha do tratamento conservador.
O mais importante é você preparar o seu corpo para desempenhar suas atividades diárias seja relacionada ao trabalho ou prática esportiva. Daí a importância de você sempre procurar um profissional competente, seja preparador físico, fisioterapeuta ou médico, para desenvolver suas atividades, prevenindo as lesões.
Modifique seus hábitos, pense no seu corpo, esteja bem para desempenhar melhor suas atividades diárias.
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Clinicamente é caracterizada por uma dor na face plantar do retropé, abaixo do calcâneo, ou seja, no solado do pé. Corresponde a causa mais comum de dor na região plantar (solado do pé). Acomete homens e mulheres com faixa etária de 40 a 60 anos, normalmente a fascite plantar é unilateral, mas pode ser bilateral.
Inicialmente é importante diferenciar, a fascite plantar que é uma inflamação ou degeneração da fascia plantar (solado do pé) e o esporão, que é quando já existe uma protuberância óssea que cresce na base do osso chamado calcâneo, onde a fascia plantar tem origem.
Toda vez que a fascia plantar é submetida a ações repetitivas, estresse, esforço, pressão, como ocorre em uso de salto alto, esporte (treino pesado), corridas em terreno duro sem uso de sapatos adequados, em alterações no formato dos pés (pé cavo, pé plano), em paciente com sobrepeso ocorre o seu comprometimento.
A fascite plantar é caracterizada clinicamente por dor no calcanhar com piora ao acordar e colocar os pés no chão, ou após passar longo período sentado, acrescente-se sensação de queimação, dor à palpação no solado do pé. Esta dor tende a melhorar, ou seja, diminuir sua intensidade após movimentos.
O exame físico é caracterizado pela dor à palpação no solado do retropé (tornozelo), logo abaixo do calcâneo. O exame físico deve ser realizado de maneira detalhada para afastar outras patologias como tendinopatias, presença de nodulações, inflamação de nervo abdutor do quinto dedo, comprometimento do túnel do tarso, entre outras patologias das articulações do tornozelo.
Com relação aos exames complementares podemos solicitar Raio-x do pé e tornozelo nas incidências antero-posterior/perfil/axial de calcâneo com o objetivo de analisar a presença do esporão do calcâneo, assim como, analisar informações relacionadas a estruturas ósseas. Outros exames como cintilografia óssea, ressonância nuclear magnética, eletroneuromiografia, tem seu uso BASTANTE limitado, devendo ser pedido só em caso de realizar diagnóstico diferencial. Assim como os exames laboratoriais só devem ser usados no caso de realização pesquisa de outras patologias.
O tratamento conservador é o de eleição para tratar o esporão de calcâneo e fascite plantar. Tem como objetivo diminuir o processo inflamatório com uso de anti-inflamatório, analgésico, curto período de repouso. Eficazmente deve ser introduzido um programa de exercícios para alongamento plantar, uso de palmilhas sob medida pode ser eficaz, fisioterapia, imobilização da extremidade numa bota gessada ou bota removível para marchar e algumas vezes se faz necessário o uso de uma órtese noturna, infiltração com esteroides e tratamento por ondas de choques também podem contribuir na terapêutica. Na falha do tratamento conservador pode-se fazer uso de algumas técnicas cirúrgicas em último caso.
Portanto, fica cada vez mais claro a importância de cuidarmos da nossa máquina, o nosso corpo. E nunca é tarde para começar os alongamentos, lembrando sempre da importância de uma assessoria técnica especifica. Fácil iniciar não é, mas é possível. Que tal começarmos agora?
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Já acordou para um novo dia de trabalho e amanheceu com dores na região cervical (pescoço)?
Pois bem, esta semana iremos comentar um pouco sobre as dores na região do pescoço, a cervicalgia.
A cervicalgia é caracterizada pela dor na região cervical, o pescoço. Pode ser aguda, que dura dias, ou crônica que persiste durante semanas. A forma mais comum é o torcicolo. A cervicalgia é quando não apresenta irradiação, agora, quando a dor se irradia para o membro superior é denominada cervico-braquialgia.
Acomete tanto os homens como principalmente as mulheres, com maior prevalência na meia idade.
Dor no pescoço pode ser sintoma de tensão muscular provocada por estresse, má postura, bruxismo, colchão ou travesseiros inadequados, má posição de dormir, movimento brusco, tarefas repetitivas, serviços físicos pesados e manuais.
Outras causas têm as lesões musculares ou articulares, traumatismo cervical como acidente de carro, acidente motociclistico, mergulho em aguas rasas, doença infecciosa, reumática ou tumoral, artrose das vertebras cervicais e as hérnias discais.
A musculatura cervical fica muito contraída e diminui o fluxo sanguíneo na região, causando dor.
Como sintoma, o paciente apresenta dor que pode variar de leve a severa, espasmo muscular, limitação dos movimentos do pescoço adotando uma postura rígida. A dor pode irradiar-se para a nuca, para os ombros ou para todo o membro superior. Além das dores, podem vir em conjunto, tonturas, dor de cabeça, podendo até apresentar formigamento no pescoço.
O diagnóstico é baseado no quadro clinico apresentado pelo paciente através da anamnese e exame físico. Caso necessário, exames complementares podem ser realizados. Tais como: Rx, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética.
O tratamento clínico pode ser através de medicamentos como anti-inflamatórios, analgésicos, relaxantes musculares e/ou antidepressivos tricíclicos, assim como uso de colar cervical para que possa ajudar a diminuir espasmos musculares. A fisioterapia também possui papel importante no tratamento da cervicalgia.
Após a fase aguda, com a melhora da dor, deve-se acrescentar alongamentos e exercícios específicos para melhorar o arco de movimentos.
Dicas para uma boa noite de sono: a melhor posição para dormir é de lado, o travesseiro deve preencher o espaço lateral do pescoço, sustentando a cabeça. O travesseiro ideal deve adaptar-se ao contorno da região cervical e proporcionar uma boa noite de sono, permitindo que a pessoa levante-se bem disposta e sem dores.
Dormir na medida certa pode afastar problemas como cansaço, falta de concentração, depressão e ansiedade, um período entre 7 a 9 horas/noite para os adultos é o ideal para restaurar nossas energias.
Portanto, precisamos cuidar melhor do nosso corpo para que possamos desempenhar nossas atividades diárias. Nesta correria do dia a dia não é fácil, mas é possível, é factível e podemos melhorar nossa qualidade de vida. Que tal começar com uma boa e adequada noite de sono?
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Rogério Barboza da Silva é alagoano, médico ortopedista. É preceptor de residência médica em ortopedia e traumatologia do Hospital Veredas. Coordena a Liga Acadêmica de Ortopedia e Traumatologia (LAORTT/UNIT) e o Núcleo de Assistência do Pé Torto(NAPTC). É Professor Especialista do curso de medicina da UNIT/AL.