A Maternidade e seus Limites: Nem Sempre é Possível Sentar na Janela

O que representa, para você, sentar na janela? Seja no ônibus, no trem ou no avião, imagino que é um lugar privilegiado, onde conseguimos, durante o trajeto, apreciar a paisagem e deixar a mente se distrair. Mas a verdade é que nem sempre é possível – principalmente quando se é mãe.

Recentemente, viralizou nas redes sociais o caso de uma mãe que pediu para uma jovem ceder seu assento na janela do avião para sua filha. A jovem, que provavelmente havia reservado o lugar com antecedência, recusou. A mãe então expôs a situação como falta de empatia. Esse episódio gerou um debate acalorado sobre os limites do amor materno: até onde vai o amor de uma mãe, e onde começam os limites dela?

Minha avó sempre dizia: “Ser mãe é padecer no paraíso”. Uma frase cheia de metáforas sobre os desafios diários que enfrentamos. A maternidade traz um amor imenso, mas também carrega responsabilidades, cobranças e a necessidade de ensinar lições difíceis – como aprender a lidar com o “não”.

O Valor do Não

Nem sempre podemos ou devemos oferecer aos nossos filhos tudo o que eles desejam. Dizer “não” faz parte do nosso papel. Lembro de uma vez em que minha filha me pediu algo e disse:

“Você é minha mãe, você TEM que fazer isso!”

Respirei fundo e respondi:

“Filha, sou sua mãe porque te amo, mas a maternidade não é um peso. Não faço algo por obrigação, faço por amor. E, se eu não puder, não farei.”

Essa resposta me fez refletir sobre algo muito importante: antes de sermos mães, somos mulheres. Por mais que os filhos sejam nossa prioridade, não podemos nos anular. Reconhecer nossos limites não é egoísmo; ao contrário, é fundamental para ensinarmos a importância de cuidar de si mesma para poder cuidar dos outros.

A Culpa e o Julgamento

A maternidade nunca vem sem críticas. Quando decidi voltar a estudar e trabalhar ao mesmo tempo, fui acusada de ser “ausente”. A dor foi grande, mas aprendi que cuidar de mim também é cuidar dos meus filhos. Uma mãe que se cuida está mais preparada para ser uma presença forte na vida deles.

Até as mães famosas não escapam dos julgamentos. A influenciadora Virgínia Fonseca, por exemplo, foi criticada por internautas que a acusaram de “usar” os filhos para ganhar likes. Parece que ser mãe é uma prova eterna de resistência, onde nunca estamos boas o suficiente.

E os Nossos Sonhos?

A recente trend viral “Como posso ser triste se…?” também nos leva a refletir. Quantas vezes adiamos nossos próprios sonhos pelos filhos? E, mesmo assim, somos questionadas por querer jantar com amigas, fazer um curso ou simplesmente ter tempo para nós mesmas. Uma amiga me disse recentemente:

“Mical, não posso sair hoje. Preciso buscar minhas filhas na escola.”

Essa frase resume bem o peso das responsabilidades que carregamos. Mas como equilibrar a maternidade, a carreira e nossos próprios sonhos?

Mãe, Mulher e Profissional

Ser mãe não é sobre perfeição. É uma jornada diária de aprendizado, renúncia e equilíbrio. É entender que não conseguimos fazer tudo, e tudo bem. Nossos filhos não precisam de mães perfeitas; eles precisam de mães presentes, saudáveis e dispostas.

O amor de mãe é imenso, mas também tem limites – e isso não nos faz menos mães. Ensinar nossos filhos a lidar com frustrações é tão importante quanto ensiná-los a conquistar seus próprios sonhos.

Uma dica: “Mesmo que não seja possível sentar na janela, aprecie o percurso. Vai valer a pena.”

E você, como tem equilibrado a maternidade com a mulher que há dentro de você? Vamos conversar!

Beijos de poder,

Mical Rocha