O que custa ser entendido é como certas ações e atitudes continuaram acontecendo na época de uma fase já aguda da operação Lava Jato
No terremoto político provocado pelas bombástica delações dos empresários da JBS, pode-se dizer que o epicentro ocorreu no Palácio do Planalto, colocando o presidente numa posição insustentável.
Fora do foco principal, mas não menos importante, sobrou muita poeira para o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, também mencionado “bombasticamente” pelos mesmos delatores.
O voz do senador mineiro aparece num áudio, de cerca de 30 minutos, pedindo R$ 2 milhões ao empresário da JBS, para pagar despesas com sua defesa na Lava Jato.
O encontro entre Aécio e Joesley Batista ocorreu no dia 24 de março, no Hotel Unique, em São Paulo. Na ocasião, o senador citou o nome de Alberto Toron, como o criminalista que o defenderia.
Após concordar com o pedido, Joesley quis saber quem seria o responsável por pegar as malas. Joesley propôs: “Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”.
Aécio respondeu: “tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred (Frederico Pacheco) com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho — respondeu Aécio”.
O que verdadeiramente surpreende, não são os fatos nem as pessoas envolvidas, visto que já nos acostumamos com essas “manchetes negativas” envolvendo a nossa já tão desqualificada e desacreditada classe política . O que custa ser entendido é como certas ações, atitudes e diálogos ( como o destacado no parágrafo anterior) continuaram acontecendo na época de uma fase já aguda da operação Lava Jato.
Os termos “mafiosos” usados na fala do senador, certamente decepcionam o eleitorado que quase o elegeu presidente da república em 2014; mostram que ele (como tantos outros pares) em campanha ou no exercício de seus mandatos se fazem de bastiões da moralidade e outros bons costumes, cada vez mais distantes da atividade parlamentar, mas verdadeiramente “cagam e andam”( com o perdão das palavras) não só para os eleitores, como também para a maior operação anticorrupção já realizada no país. Continuam apostando na impunidade e se achando no direito de continuar “faturando” recursos ilícitos de toda ordem, algumas vezes (como o motivo alegado) até para financiar a defesa pela prática dos próprios “faturamentos ilícitos”.
Na continuação da “operação” fica provado que o dinheiro arrecadado não seria para pagar defesa nenhuma de Aécio, mas e daí? Mentir a essas alturas talvez seja um delito não percebido mais nem por suas excelências nem por seus eleitores.
Publicitário, radialista, poeta e escritor. Carioca, radicado em Alagoas desde 2002, trabalhou em diversas campanhas eleitorais no estado. Foi diretor da Organização Arnon de Melo (OAM) e do Instituto Zumbi dos Palmares (IZP). CEO - Press Comunicações Diretor/Editor - Revista Painel Alagoas Editor - Coluna Etcetera (impressa e digital)