Leitores e leitoras que me acompanham, viram no artigo anterior as minhas dicas de como lidar com o IPTU, que em Maceió, pelas condições de pagamento, embutem uma taxa de 3,81% ao mês para o parcelamento do imposto oferecido pela prefeitura. A conclusão neste caso foi que, diante de uma taxa alta como esta, a maior vantagem seria aproveitar o desconto oferecido pela prefeitura e liquidar o IPTU à vista, pelo menos para aqueles que tivessem os recursos necessários para isto... e para os mais disciplinados, aplicar periodicamente o valor das parcelas em algum instrumento de renda fixa.
No artigo de hoje, faço o mesmo exercício para o IPVA. Sendo um imposto estadual, datas de vencimento, opções de parcelamento e descontos dados pelo pagamento à vista variam de estado para estado; em alguns casos os vencimentos estão bem próximos, em outros não. De qualquer forma, minha primeira recomendação para você, meu caro leitor, minha cara leitora, é que consulte o site de seu estado, onde as instruções e opções para pagamento estão todas disponíveis. E não deixe de pagar o imposto, evitando assim encrencas quase certas!
No caso específico de Alagoas, você poderá quitá-lo em seis parcelas mensais, mas, optando pela cota única (à vista, portanto!), receberá um desconto de 5% sobre a soma das seis parcelas. Conforme pesquisa feita no site da Secretaria de Estado de Fazenda de Alagoas (veja o link ao final do artigo), é possível ainda obter descontos para os que participem do Programa Nota Fiscal Cidadã, o que entretanto não será abordado por aqui. Fica então a pergunta: vale a pena aceitar o desconto oferecido pelo Estado? Analisemos...
O prazo para pagamento da cota única com desconto é 31/01/2024, mas chamou-me a atenção para as condições de parcelamento, que variam de acordo com o final da placa. Por exemplo, para os finais 1 e 2, a primeira parcela vence em 28/02/2024 (as restantes ao final de cada mês subsequente), para os finais 3 e 4, a primeira vence em 28/03/2024 (as restantes ao final de cada mês subsequente) e assim sucessivamente, até os finais 9 e 0, quando a primeira vence em 28/06/2024.
Considerando que o prazo para pagamento em cota única é idêntico para todos os finais, a consequência deste escalonamento é que as taxas cobradas pelo Estado para financiar o imposto variam em função do final da placa... Pode isso, Arnaldo? Colocando em números: os proprietários de veículos com placas 1 e 2, pagarão 1,49% ao mês pelo financiamento, os com final 3 e 4, 1,15% ao mês, os com final 5 e 6, 0,94% ao mês, os com final 7 e 8, 0,79% ao mês e os com final 9 e 0, 0,69% ao mês...
Tomando como base a taxa média mensal praticada pelos bancos nas aplicações de renda fixa (hoje em torno de 0,8% ao mês), tecnicamente, aqueles que possuam os recursos para o pagamento do imposto à vista, deveriam optar pelo parcelamento apenas nos casos em que a taxa embutida no parcelamento pelo Estado fosse menor que a taxa de suas aplicações, o que em Alagoas corresponde aos proprietários de veículos de final 9 e 0 (desconsiderei os proprietários de veículos de final 7 e 8, cujo parcelamento a 0,79% ao mês, cobra de juros praticamente o mesmo valor que receberiam na aplicação financeira, a 0,8% ao mês). Para os demais casos, o mais adequado seria a quitação do imposto à vista.
Mas em termos práticos, e utilizando a mesma metodologia abordada para o IPTU (vide artigo anterior) será que as vantagens em aplicar o valor das parcelas do imposto para os proprietários com finais 1 a 6 são tão relevantes assim? Vejamos: para um IPVA cuja soma das parcelas seja de R$ 3.000 (o que corresponde a um veículo com valor de R$ 75.000), para os que tenham veículos de final 1 e 2, pagar o imposto à vista e aplicar as parcelas a cada mês, trará um ganho financeiro de R$ 71,08 (em relação aos que prefiram aplicar o valor do imposto incluído o desconto e optem pelo parcelamento), o que considero irrelevante em termos do valor envolvido (2,49% em relação aos R$ 2.850 à vista). Tal vantagem é ainda menor para os proprietários com finais 3 e 4 (R$ 47,16), e com finais 5 e 6 (R$ 23,05).
Conclusão: Dado que o financiamento do IPVA em Alagoas não custa tão caro assim, talvez seja conveniente declinar do desconto oferecido, aproveitar o parcelamento e guardar os recursos que seriam direcionados ao pagamento à vista para liquidar outros compromissos à vista ou mesmo dívidas que cresça a cada mês. Não se esquecer que ainda vão aparecer: matrícula e materiais escolares, férias e o IPTU da semana passada... todo planejamento é pouco!
Um grande abraço e até a próxima semana!
Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)
Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.
Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.