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29/01/2024 às 07h20

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Colombina onde vai você...?

Desatenção e comodidade fazem a festa dos bancos no feriadão


Na marchinha de Carnaval, ela ia dançar o iê iê iê (como chamavam o rock brasileiro nos anos 60), e parece que ainda continua a dançar, talvez com outros ritmos. Alegria para a foliã, suponho! Alegria para bancos, tenho certeza, pois mesmo diante dos feriados bancários, cobrarão juros pelo uso do cheque especial daqueles que entrarem na farra com saldo negativo (de sexta antes do feriadão à quarta de cinzas, serão cinco dias de juros)! Quem mandou estarem desatentos?

Desatenção e comodidade fazem a festa. Há bancos cobrando até 11,11% mensais de juros pelo serviço (confira ranking completo ), o que transforma qualquer desequilíbrio temporário no orçamento em problema de proporções catastróficas. Simulo aqui um caso baseado em situação real que ajudei a resolver.

Nossa personagem, a Colombina, sempre foi equilibrada, mas nos últimos dois anos, veio apresentando déficits mensais em seu orçamento, já que ganha R$ 5 mil, mas gasta R$ 6 mil. Logo quando o problema surgiu, não prestou a devida atenção, até mesmo porque, julgava-o passageiro. Além disso, o longo relacionamento bancário lhe garantia um cheque especial, com juros de 8,5% ao mês. Nos cinco primeiros meses, ainda houve momentos em que sua conta apresentava saldo positivo, mas a partir do sexto não deu mais: ficava sempre no vermelho. Resultado: após dois anos nesta situação, nossa amiga deve hoje R$ 50.115 ao banco...

Mas – leitores e leitoras atentos vêm decerto me lembrar – Colombina não ficaria no vermelho por tanto tempo sem um acordo bancário. OK, acatando a sugestão, transformei o saldo negativo de R$ 11.205 (8º mês) em 36 mensais de R$ 592 (empréstimo a 4% ao mês). É o que aconteceu quando ela foi ao banco para renegociar sua dívida do cheque especial. Apesar de ter tomado uma atitude correta, trocando uma dívida cara (a 8,5% ao mês) por uma mais barata (a 4% ao mês), a foliã se esqueceu de um detalhe importante: por não mudar seu padrão de despesas, seus desembolsos mensais aumentaram, passando a ser de R$ 6.592, correspondentes aos R$ 6.000 de seus gastos usuais acrescidos da prestação do empréstimo bancário.

Com o persistente desequilíbrio entre suas receitas e seus desembolsos, ao final do 14º mês, sua conta corrente apresentava saldo negativo de R$ 12.488, levando-a a fazer uma nova renegociação com o banco. Nesta ocasião, além da conta corrente em vermelho, o saldo devedor de seu empréstimo era de R$ 10.247, e o prestativo gerente juntou os dois valores em um único novo empréstimo, no valor R$ 22.736 em 36 parcelas de R$ 1.202,45, calculadas à taxa de 4 % ao mês. Não é preciso ser um gênio da lâmpada (fantasiado ou não!) para perceber que, ao não atacar o desequilíbrio de suas contas, Colombina apenas empurrou o problema para a frente.

De fato, o processo descrito nos parágrafos anteriores se repetiu ao final do 19º e do 24º mês. Resultado: ao todo quatro renegociações e uma dívida total de R$ 50.115, dos quais apenas R$ 24 mil foram destinados para uso próprio em suas despesas.

Acerta quem acha que fui fantasioso (espírito carnavalesco, talvez!) ao contar a estória acima; a realidade é pior: para chegar ao seu último acordo, a Colombina de carne, osso e CPF, ainda foi obrigada a levar seguro e capitalização para casa. Convenhamos, assim não há iê iê iê que dê jeito, não é mesmo? Mas há soluções, acompanhem o próximo artigo!

Um grande abraço e até a próxima semana!


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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