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29/04/2024 às 07h00

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Contratando Planos de Previdência (Final)


Fechando a série sobre planos de previdência – sim, caro leitor, cara leitora, sei que você já está quase especialista na área! – dedico este artigo final a alguns aspectos a considerar para uma escolha mais consistente... Vamos lá?

Coberturas adicionais: Ainda que o seu maior objetivo seja fazer a própria previdência, é natural que você pense também em combiná-la com outras coberturas, morte e invalidez as mais comuns. Apesar de vendidas no mesmo pacote, não há a obrigação de adquiri-las e, portanto, vale pesquisar preços na concorrência antes de bater o martelo para contratar estes seguros  adicionais. Não confunda também as contribuições pagas para acumular recursos para a futura aposentadoria com os prêmios pagos pelas coberturas adicionais: enquanto as primeiras são resgatáveis – caso você decida sair do plano – as demais não são, a exemplo do que ocorre quando você adquire um seguro contra roubo do seu automóvel: na ausência do sinistro (o roubo do carro) você não terá de volta o valor que pagou para sua proteção.

Taxa de Carregamento: Como os planos de previdência são vendidos pelas seguradoras, elas irão lhe cobrar esta taxa para ressarcir seus custos. Na maioria dos casos a cobrança é feita na forma de um percentual sobre cada valor que você contribui para o plano. Por exemplo, se no plano que você contratou ela for de 3% isso significa que para cada R$ 1.000 de contribuição, apenas R$ 970 irão para o fundo que fará seus recursos crescerem. A existência desta taxa cria situações no mínimo inusitadas: nas condições que citei, caso o fundo acoplado ao plano remunerasse seu dinheiro a 9% anuais, você constataria que após seis meses, o valor lá acumulado seria inferior ao total depositado (R$ 5.968,59 contra R$ 6.000,00). Logo, pesquise, negocie, sempre!

Taxa de Administração: O fundo que irá receber o seu dinheiro (repassado pela seguradora) também incorrerá em custos para gerenciá-lo, razão da cobrança desta outra taxa. Não é diferente dos fundos de investimento existentes no mercado, que também cobram essa taxa, mas atenção: quanto maior a cobrança, menor a rentabilidade que sobrará para você.

Classe de Risco: Os gestores do fundo que receberá suas contribuições decidem quais ativos negociar, em qual quantidade e qual o melhor momento. Mas, não deve ser esquecido, que quanto maior a rentabilidade projetada, maior o risco incorrido. As denominações variam entre diferentes instituições, mas em geral usam perfis, de acordo com a sua menor ou maior aceitação ao risco: conservador (ou soberano) onde os recursos são aplicados integralmente em títulos públicos; moderado (ou renda fixa) onde os recursos, além de aplicados em títulos públicos também o são em títulos privados, como CDB e debêntures, e agressivo (ou composto) onde além dos títulos públicos e privados, até 49% dos recursos podem ser aplicados em  renda variável (ações, commodities, ouro e outros contratos negociados na bolsa de mercadorias e futuros). Neste quesito, o importante é: (1) não desrespeitar o seu perfil de aceitação de risco; (2) não comparar rentabilidades de planos com perfis diferentes; (3) aproveitar a portabilidade dos planos de previdência para mudar de perfil sem a necessidade de acertar as contas com o imposto de renda... Explico melhor: se ao invés de um plano, você possuísse um fundo de renda fixa e quisesse mudar para um fundo de ações, você precisaria resgatar os recursos, acertar o imposto e em seguida aplica-los no fundo desejado... nos planos de previdência o imposto nesta mudança não é cobrado.

Rentabilidades projetadas: Considerando que um plano de previdência é um projeto de longo prazo, é impossível determinar com precisão quanto seu dinheiro irá render durante todo o período, mesmo que aplicado nas alternativas mais conservadoras. Fundos em geral – não apenas os previdenciários – não podem garantir rentabilidade futura, sob o risco de, ocorrendo uma intempérie econômica, se verem às voltas com compromissos a pagar para os quais não terão recursos. Por esta razão, você poderá evitar sustos se, ao contratar um plano, avaliar com cuidado as taxas de rentabilidade que o corretor está utilizando para fazer suas simulações. Desconfie de taxas excessivamente otimistas pois elas lhes trarão a falsa ideia de contribuições menores. Lembre-se: o sorriso de hoje por conta de uma prestação menor, pode se transformar no pesadelo de amanhã por conta de uma renda que não cobrirá suas necessidades.

Índice de Correção: Por envolver prazos longos, é natural que nas cláusulas envolvendo o plano que você irá contratar esteja prevista a correção dos benefícios e das contribuições por algum índice que reflita a inflação acumulada no período. Dois cuidados você deverá ter: (1) projetar se, por conta da correção futura, suas contribuições não ficarão excessivamente caras em relação ao seu orçamento, o que não é incomum quando se contrata um plano que já parta de valores muito elevados de contribuição. O risco nestes casos é acabar se endividando para conseguir contribuir para o plano; (2) verificar se, na hora da simulação dos valores, proposital ou inadvertidamente o corretor utilizou taxas nominais (que incluem a inflação) ao invés de taxas reais (rentabilidade acima da inflação), o que lhe causará os efeitos já mencionados no item anterior.

Portabilidade: Por último, não se esqueça que os planos de previdência admitem portabilidade, quer interna (entre planos da mesma instituição), quer externa (entre planos de instituições diferentes). É uma ótima alternativa caso você esteja insatisfeito com a rentabilidade, as taxas cobradas ou outras questões, não é mesmo?

Um grande abraço e até a próxima semana!


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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