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26/08/2024 às 14h40

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Consenso ou inconveniência?


Consenso ou inconveniência?

Um dos maiores equívocos que volta e meia vejo alguns cometerem é, diante de relatos de pessoas sobre seus padrões de consumo, criticarem-nas por terem escolhido isto ou não aquilo, e vice-versa. Lembro-me, por exemplo, de quando comecei a dar aulas de Matemática Financeira: costumava sempre deixar muito claro que o meu discurso era para ajudar na decisão quanto à melhor forma de pagamento, jamais para ajudar sobre o que adquirir. Infelizmente parece que todos se acham no direito a ter opinião e, o que é pior, julgar os demais por não concordarem em gênero, número e grau com suas próprias crenças... e dá-lhe lacração!!

Pois foi com este tema em mente que optei pelo artigo de hoje, quando, após exaustiva reflexão procurei mostrar aquilo que acredito ser consenso – ou seja, não se trata de uma questão de escolha individual, mas sim bobagem ou falta de atenção agir deste modo – e aquilo que, se nos metermos a dar palpites inconvenientes, correremos sérios riscos de nos meter em brigas. A listinha que se segue é meramente ilustrativa, e recomendo que você, meu querido leitor, minha querida leitora, antes de ler a explicação, tente acertar: consenso ou inconveniência?

(1) Comprar roupa só de grife: Pode ser que para você isso pareça um descalabro, mas vamos com calma pois muitos valorizam estar na mais recente tendência da estação e consideram a elegância no trajar uma extensão da personalidade. Inconveniência: trata-se de decisão individual, não se meta a criticar.

(2) Adquirir eletrodomésticos só em determinada loja: Propositalmente envolvi itens cujos preços unitários são elevados. Ora, considerando que ao adquirir um televisor, por exemplo, o que se leva em conta é principalmente o modelo, as características e o fabricante, dentre outros, a fidelidade a determinada loja poderá estar apenas levando-o a pagar um sobre preço. Consenso: quem dá valor ao próprio dinheiro dificilmente age desta forma, procurando pesquisar preços antes de compras mais caras.

(3) Assinar quatro revistas semanais: Com a vida corrida que levamos, acho muito improvável que todas as quatro assinaturas sejam efetivamente utilizadas; possivelmente vão para o lixo ainda com o celofane. Logo, assumindo que minha hipótese esteja correta, sigo o consenso: trata-se de desperdício evitável cujos recursos poderiam estar sendo empregados em outras coisas que trouxessem efetivo prazer.

(4) Trocar de carro-zero de três em três anos: Muito difícil julgar, mas tentemos seguir a seguinte linha de raciocínio: para quem usa o carro muito pouco, talvez fosse melhor ampliar o prazo de troca para cinco ou seis anos, diluindo, portanto, a desvalorização por um período maior de tempo. Já para quem usa bastante, três anos é o prazo que a maioria dos fabricantes, em média, dá de garantia, parecendo-me, portanto, um intervalo adequado para a troca. Se a isso tudo juntarmos a paixão que o brasileiro sente por automóveis, sinceramente eu recomendaria cara de paisagem diante do vizinho de carrão novo: nem sim, nem não, muito pelo contrário.

(5) Jantar fora todo fim de semana: Conheço várias pessoas cujo principal lazer é jantar fora com amigos. Preferem isso a frequentar teatros, cinemas ou viajar. Abrir o bico para dar opinião sobre o hábito é pura inconveniência, no meu entender.

(6) Ter seis contas bancárias: Salvo profissionais liberais ou empresários que precisem de diferentes contas para facilitar recebimentos, dificilmente o cidadão comum precisará de mais do que uma ou duas contas; tê-las é a porta aberta para o descontrole, o excesso de tarifas bancárias e de juros por saldos devedores. Sigo, portanto, o consenso: pelos motivos citados, tal prática é passível de críticas, até mesmo porque, com recursos totalmente pulverizados, possivelmente o sujeito pagará elevadas tarifas em todos os bancos onde tem conta.

Claro que independente do tema ser consenso ou inconveniência, considero de bom tom que os comentários sejam excessivamente cuidadosos para não provocar reações desmedidas. Lembre-se que ao fazê-los, seu objetivo é o de ajudar e não colocar seu interlocutor na defensiva, não é mesmo?

Um grande abraço e até a próxima! 


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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