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09/09/2024 às 07h20

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Um é R$3, três é R$10...


Um é R$3, três é R$10...

Gritava o camelô diante de sua barraquinha vendendo pacotes de biscoito. Sinceramente fiquei na dúvida se sua ideia era nos chamar a atenção para o erro de português – o correto seria três são R$10 – e assim desviar nosso foco de sua aparente promoção: os três pacotes não deveriam custar no máximo R$9? Pois foi justamente o nosso amigo vendedor ambulante quem me trouxe o tema para o artigo de hoje: as promoções e as liquidações. Como bom brasileiro, também adoro uma, mas quantas vezes, querendo aproveitar uma suposta vantagem, não devo ter cometido alguns dos erros que cito a seguir? Você também, querido leitor, querida leitora, é louco/louca  por uma promoção? Então me acompanhe!

(1) Contas que não fecham: Como no caso anunciado no título, canso de ver, até mesmo em supermercados, embalagens econômicas cujo preço por litro, por exemplo, acaba saindo mais caro do que se comprássemos as embalagens menores. Algumas são óbvias como as do camelô, outras nem tanto como por exemplo a do xampu de 200ml que sai a R$7 e a de 500ml que sai a R19. Neste caso, para não errar, é interessante fazer as contas, caso na própria etiqueta não esteja citado o preço por litro. Comprando cinco tubos de 200ml (um litro), você pagará R$35, mais barato portanto que se comprasse dois tubos de 500ml (um litro), quando então pagaria R$38.

(2) Descontos sobre preços que aumentaram: Também não é incomum de encontrarmos lojas – principalmente as de vestuário – onde, antes de anunciada a liquidação, os preços são majorados, fazendo com que o consumidor mais desavisado acredite estar realmente levando uma vantagem. Um exemplo numérico esclarece o ponto que quero ressaltar: uma camisa que em julho custava R$120 passou a custar R$150 em agosto; agora em setembro, na recente liquidação com descontos arrasadores de 20%, ela voltará a custar os R$120 originais. Se o preço para o artigo está dentro do razoável, cabe no seu orçamento, não há problema em levá-lo para casa; mas faça pelo seu preço e não pelo desconto anunciado, que tal?

(3) Descontos progressivos: Tenho visto várias lojas usando e abusando dessa modalidade. Por exemplo, na compra de uma peça, ganhe 10% de desconto, na compra de duas peças, ganhe 20% de desconto sobre o total da nota, na de três ganhe 30% sobre o total, e assim sucessivamente. Confesso que tentei levar dez peças, já que seguindo a lógica do estabelecimento, teria desconto de 100%, ou seja, não pagaria nada. É claro que não colou, pois usualmente a promoção é limitada a cinco peças. Neste caso, cada item adquirido irá lhe custar a metade do que está anunciado. E isso é bom? Bem, desde que não estejamos diante do que citei no item anterior, acho razoável. Costumo enrolar a compra de vestuário ao longo do ano à espera destes momentos pois assim pago menos e me disciplino a não ficar me encantando com tudo que vejo nas vitrines. Mas enfatizo: faço isso em lojas que ficam em meus itinerários cotidianos, o que possibilita o monitoramento dos preços.

(4) Liquidação da estação: Chegando o final do verão ou o final do inverno, é comum lojas queimarem seus estoques por preços tentadores e assim prepararem-se para as novas coleções que entram. Recomendo muito cuidado, principalmente em cidades onde estas estações costumem apresentar temperaturas extremas. Por exemplo, no Rio de Janeiro, com verões que chegam a mais de 50 graus, não sei qual a vantagem de se comprar casacos ou roupas de lã em agosto já que possivelmente só sairão do armário no próximo ano. Antecipa-se o gasto em algo que sequer teremos certeza de que conseguiremos usar no futuro... vai que você engordou ou emagreceu, não é mesmo?

(5) Trocas: Este é outro ponto importante a se observar pois é usual haver restrições à troca em produtos adquiridos em liquidações ou promoções, salvo, acredito eu, no caso de defeitos. Ora, ora, se a regra é essa, cuidado redobrado na aquisição nestas épocas. Chego até mesmo a não incentivar sua compra caso seu destino seja presentear um amigo ou parente.

(6) Urgência: Por último, não poderia deixar de citar aquilo que acho o fator mais importante de todos: você está precisando mesmo adquirir aquele produto ou serviço ou ficou animado apenas pela promoção? Os mais consumistas sempre dirão, claro, que aquilo era indispensável. Mas será que esta compra não irá desequilibrar seus orçamentos? Não custa lembrar-se de um velho ditado: um real ganho a mais tem o mesmo valor que um real economizado. Já parou para pensar nisso?

Um grande abraço e até a próxima!


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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