Bem, e se você, meu querido leitor, minha querida leitora, for alguém financeiramente arrumado e assim, ao final de cada mês, conseguir gastar menos do que ganha, gerando assim uma sobra no orçamento? Seguramente seu rico dinheirinho não há de ficar no colchão e você decerto utiliza o banco onde tem conta para fazer suas aplicações... Acertei?
Boa parte das pessoas acaba ficando mesmo é na boa e velha caderneta de poupança, mas há inúmeras outras possibilidades, por meio dos fundos de investimento que, dependendo de alguns fatores, pode até mesmo oferecer rentabilidade superior sem riscos efetivamente maiores que o da caderneta.
Um fundo de investimentos é um instrumento financeiro que reúne recursos de diversas pessoas (físicas ou jurídicas) com o objetivo de aplicá-los em títulos, valores mobiliários e, mais recentemente, empreendimentos imobiliários. Fazendo analogia com um edifício, fica fácil de compreender seu funcionamento: os moradores (investidores) transferem ao síndico (gestor do fundo) a administração do prédio (carteira de ativos do fundo).
O patrimônio líquido de um fundo (ou seja, seus ativos diminuídos de seus passivos) é subdividido em cotas, que conferem iguais direitos e deveres a seus cotistas. Exemplificando: se o Fundo A tem R$ 2 milhões aplicados em títulos públicos e contas a pagar no valor de R$ 200 mil, seu patrimônio líquido será de R$ 1.800.000; e, caso tenha 1.500.000 cotas emitidas, cada cota valerá R$ 1,20. Um investidor que aplique R$ 12 mil, possuirá, portanto, 10 mil cotas.
Há muitas vantagens em se aplicar desta forma, dentre as quais poderíamos citar: (1) seu dinheiro passa ser gerenciado por equipes especializadas; (2) a simplicidade da operação, tanto na aplicação quanto no resgate dos recursos (você compra e vende as cotas); (3) a economia de tempo – imagine as horas gastas, por exemplo, analisando-se balanços de empresas caso você decidisse aplicar em um fundo de ações; (4) o custo relativamente baixo, pois informações financeiras relevantes quase nunca vêm de graça; (5) o acesso a ativos que sozinho você não teria condições de comprar – imagine, por exemplo, investir em várias lojas de um badalado shopping center, com apenas R$ 20 mil reais... Adquirindo cotas de um fundo imobiliário, isso é possível; (6) diversificação das aplicações, diluindo assim o risco. Com apenas R$ 500 (ou até menos!) é possível virar sócio de várias empresas que compõem a carteira de um fundo de ações, o que seria impensável se você optasse por adquirir as ações diretamente em bolsa, provavelmente concentrando os seus recursos em uma única ação.
Claro que tudo isso não sai de graça, sendo cobrada uma taxa de administração (TAD) para a execução deste serviço. É uma cobrança justa dada a sofisticação do trabalho realizado pelos gestores e administradores do fundo, o que não significa dizer que você não deva avaliá-la. Alguns detalhes esclarecedores: (1) A TAD já é diariamente apropriada para efeito de cálculo do valor das cotas, o que significa dizer que a rentabilidade que os prospectos divulgam, já está líquida desta cobrança; (2) Quanto maior a aplicação mínima exigida pelo fundo, menor a TAD cobrada: em um mesmo banco, para um mesmo tipo de fundo (por exemplo renda fixa) a TAD pode ir desde 0,5%aa (aplicação inicial de R$100.000) até 4,0%aa (aplicação inicial de R$100); (3) Tudo o mais constante, quanto maior a TAD, menor a rentabilidade; ao escolher fundos, portanto, decida pelo que cobrar a menor TAD para os recursos que você dispõe, trocando para um mais barato conforme seu capital crescer.
Outro ponto também a avaliar recai na tributação pois, salvo raríssimas exceções, sobre o rendimento dos fundos incide o imposto de renda, calculado a partir de diferentes alíquotas em função da modalidade do fundo e dos prazos de aplicação. Antes de ingressar em um fundo, vale à pena simular os resultados líquidos que você receberá, principalmente naqueles mais conservadores, cujo principal concorrente é a poupança, livre do imposto. Por exemplo, se passados dois meses, a poupança rendeu 1,00% e um fundo referenciado 1,10%, atenção pois após a incidência do IR, o fundo terá rendido apenas 0,85%.
Enfim, o assunto é extenso e merecerá artigo futuro, pois há várias modalidades interessantes para se investir, desde os tradicionais fundos referenciados DI ou de renda fixa, até instrumentos mais sofisticados, como fundos de ações, fundos imobiliários ou fundos multimercado. Vale conferir.
Um abraço e até a próxima!
Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)
Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.
Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.