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30/09/2024 às 07h20

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O custo da inércia


E então, meu querido leitor, minha querida leitora, não há dias em que você acorda profundamente cansado, mas mesmo assim, seu senso de responsabilidade o faz se levantar da cama e, após o rápido ciclo banho-café-vestimenta, partir para mais uma jornada de oito a dez horas de trabalho?

Pois é, acontece com você, comigo e com boa parte das pessoas que nos cercam. E não há o que fazer pois a hipótese de um prêmio inesperado é, como já abordei por aqui, bastante remota, ainda que atual febre das bets pareça contradizer a lógica. A idade e o cansaço parecem andar de mãos dadas, ainda me lembro de quando mais jovem e à época da universidade, era capaz de ir dormir altas horas da noite após uma noite festiva e no dia seguinte estar de pé cedo para um novo e bem disposto dia. E é justamente com este foco que inicio meu artigo de hoje: o que você está fazendo para se preparar para uma vida mais tranquila quando sua capacidade de ganhar dinheiro – leia-se acordar cedo e trabalhar – já não for a mesma de quando era jovem? Ganha uma hora extra de sono quem percebeu que vamos falar de previdência.

Basicamente a previdência é um tipo de seguro social destinado a garantir a sobrevivência do trabalhador em caso de perda de sua capacidade produtiva, quer por acidente ou outros eventos críticos, quer por idade. Mas para se ter esse direito é necessário que o trabalhador ativo contribua regularmente com esse objetivo.

Parte da questão está resolvida para aqueles que trabalham com vínculo empregatício, pois as empresas, privadas ou públicas, em combinação com a contribuição obrigatória de seus colaboradores ou servidores, garantirão parte de sua futura subsistência por meio da previdência oficial. Por exemplo, se você trabalha em uma empresa privada, o INSS garante – respeitadas algumas regras – o benefício futuro – pois mensalmente recebe uma contribuição proporcional ao seu salário, parte paga pela sua empresa e parte paga por você, mediante desconto em seu salário: observe seu contracheque e veja se não tenho razão. Mecanismo similar existe para o funcionalismo público. Já os que trabalham sem vínculo – autônomos, empreendedores em geral – devem prestar mais atenção pois, na ausência do empregador arcando com parte do custo previdenciário, precisarão se inscrever e contribuir para o INSS caso queiram receber os benefícios futuramente.

A outra parte caberá a cada um, dependendo do nível de renda que deseje receber no momento do descanso. Explico: atualmente (setembro/2024), o benefício máximo garantido pelo INSS é de R$ 7.786,00, o chamado teto previdenciário. Assim, por maior que seja o salário recebido por um trabalhador, tanto suas contribuições atuais quanto seus benefícios futuros serão limitados a este valor. Exemplificando, se o Sr. João recebe atualmente R$ 2.000 de salário, sua aposentadoria será próxima a esta quantia, não sendo, portanto, necessário que ele faça uma reserva para conseguir um maior valor. Atitude diferente deverá ter o Sr. José, pois, ganhando salário na faixa de R$ 15.000 mensais, precisará constituir uma reserva enquanto estiver na ativa, sob pena de, ao se aposentar, ter seu padrão de vida reduzido ao teto do INSS. Alguns acham isto injusto, mas temos que tomar cuidado com as simplificações já que, mesmo com esse belo salário, as contribuições feitas pelo Sr. José e sua empresa à previdência oficial também estão limitadas ao teto.

Há várias formas de se fazer tal reserva, desde a compra de imóveis para obtenção de renda com aluguel até a contratação de planos de previdência complementar além de, não esqueçamos, inúmeros veículos de poupança para o longo prazo, como fundos de investimento comercializados na rede bancária.

O mais importante é assumir que, quanto mais cedo você pensar no problema, mais barato ele fica. Por exemplo, suponha que o Sr. José (35 anos) pretenda parar de trabalhar aos 65 anos, tendo a expectativa de que viva até os 85. Caso consiga aplicações financeiras que lhe rendam 2% ao ano além da inflação, precisará depositar R$ 403,06 mensais durante estes 30 anos, para garantir R$ 1.000 de renda mensal pelos 20 anos de sua sobrevida (valores expressos com poder de compra atual). Porém, caso demore para pensar no assunto e somente aos 45 anos inicie a construção de sua reserva (20 anos de poupança, portanto!) precisará depositar R$ 672,97 mensais para chegar ao mesmo benefício, valor que sobe para R$ 1.493,32 caso inicie apenas aos 55 anos. Em resumo: não dá para brincar com isso, não é mesmo?

Um abraço e até a próxima!


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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