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21/10/2024 às 08h20

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É só alegria...


E aí meu amigo leitor, minha amiga leitora, será que vocês também têm sentido uma certa euforia consumista no ar? Pois é o que aparentemente tenho percebido, ainda que possa estar equivocado, já que estas percepções estão associadas aos lugares que frequento, não é mesmo?

Mas pelo que tenho lido e/ou assistido, algumas pesquisas têm confirmado a minha impressão, noves-fora algumas evidências que parecem mesmo apontar nesta direção... Tomemos, por exemplo, coisas simples como ir a um cinema e constataremos que se não tivermos comprado os ingressos pela manhã, dificilmente conseguiremos assistir, na mesma noite, ao filme desejado; sucesso de público então, nem se fala, a recomendação segura é que se adquira o ingresso no dia anterior. Bares, restaurantes e assemelhados formam outra notável evidência, pois, seja no “a quilo” mais próximo, seja no sofisticado “à-la-carte”, parece-me que a mercadoria comum em todos os casos é mesmo a longa fila de espera! Claro que os pequenos sonhos de consumo que citei apenas acompanham a economia aquecida e por isso tão festejada (o mercado já projeta crescimento do PIB em 3,2% para o ano de 2024). É só alegria... Será?

Parte da melhora é explicada pelo aumento da renda do trabalhador (5,8% de acréscimo entre 2023 e 2024, conforme estudo do Ipea publicado em 6/9/2024) e, quanto a isso, como brasileiro, entro na lista dos que comemoram. Mas, sempre ressabiado, não chego a estourar o champagne, porque sei que boa parte da euforia vem sendo estimulada pela facilidade com que hoje se obtém crédito, principalmente nas compras parceladas com cartão... Infelizmente, não acredito que todo mundo que tenha pego emprestado (no cartão ou por meio de outras formas de financiamento) consiga devolver os valores compromissados nas datas de vencimento.

Para aqueles que me acharem pessimista (lá vem aquele chato, recomendando cuidado, pesquisa de preços e poupança), seguem duas manchetes recentes para ligarmos o alerta: (1) Dívida média dos brasileiros inadimplentes cresce quase 10% em 2024 (Estadão, Economia, 02/10/2024); A inadimplência aumentou 15,3%; (2) Cartão de crédito, água, luz e cheque especial são os principais vilões da inadimplência no país, revela pesquisa CNDL/SPC Brasil (Varejo S.A., 4/09/2024).

Você, que me prestigia, não precisa entrar nessa, não é mesmo? Até porque, este papo de que os juros nunca estiveram tão baixos, ainda não os coloca em patamares civilizados: relatórios publicados no site do Banco Central do Brasil mostram que na média, em setembro, pagamos 6,65% ao mês para usar o dinheiro fácil do cheque especial, 14,74% ao mês para usar o rotativo do cartão de crédito ou 9,34% para o parcelamento da dívida no cartão... E atenção: estas taxas referem-se a médias, há instituições cobrando bem mais que isto! Por exemplo, no caso do rotativo, a menor taxa praticada foi de 3,04% o mês, a maior de 22,07% ao mês... Oh!!!

Para dar uma dimensão da encrenca, saiba que saiba que nestes níveis (e utilizando as taxas médias citadas acima), uma dívida não paga, em média, dobrará em menos que 11 meses no cheque especial, em menos que 8 meses no parcelamento do cartão ou em cinco meses no rotativo do cartão,  velocidade espantosa se observarmos que a Poupança (0,5713% ao mês em 17/10/2024) levará 122 meses para fazer tal multiplicação! É mole ou quer mais?

Diante dos argumentos anteriores, listo algumas dicas, recomendadas para aqueles que se valem do meio mais fácil – e caro! – de crédito, o cartão: (1) Use-o como meio de pagamento, e não como renda extra, coisa que efetivamente ele não é; (2) Os gastos no cartão não devem superar a sobra do seu salário após o pagamento de todas as suas demais contas: o controle de suas despesas irá ajudá-lo a respeitar este limite; (3) No caso de uma emergência que ultrapasse o limite que citei – a compra inesperada de um remédio caro, por exemplo – seja previdente: evite novos gastos deixando-o na gaveta; (4) E finalmente, tendo seguido as dicas anteriores, o mais importante: liquide toda a fatura até a data do vencimento, evitando assim multas, juros ou, nos piores casos, a inadimplência, o SPC, etc, etc...

Um grande abraço e até a próxima semana!


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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