Final de ano chegando, muitos aproveitam os intervalos entre as devidas comemorações para fazer um balanço de tudo àquilo que se propuseram a realizar, normalmente no início do próprio ano. Boa hora, portanto, para revermos e – quem sabe – com a experiência adquirida, traçarmos objetivos e resoluções mais realistas para o ano que entra.
E você, meu querido leitor, minha querida leitora, como se saiu neste período? No terreno pessoal cumpriu suas metas? Parou de fumar? Voltou à academia? Tem levado uma vida saudável, mantendo peso, colesterol e estresse dentro dos níveis aceitáveis? Bem, não sendo este o seu caso, não desanime... Também não consegui cumprir tudo o que me prometi: a vida anda saudável, mas a academia só foi frequentada em metade do tempo; e veja que tinha como objetivo caminhar 2.000 km neste ano, mas pelo andar da carruagem (aliás, dos tênis!!) vou precisar aumentar a dose diária nesta última quinzena do ano... Paciência, mas vou chegar lá pois, entre persistir ou desistir, conjugo com mais facilidade o primeiro verbo!
Passemos então ao terreno financeiro. Ao estabelecer um objetivo para o ano, decerto você previa que iria conseguir chegar lá nestes doze meses que agora se encerram, não importando se sua meta era a de aumentar o tamanho de seu patrimônio ou a de diminuir o saldo de suas dívidas (o que em última análise também aumenta o tamanho do seu patrimônio). O que fazer caso descubra não ter ido tão bem assim?
Bem, será preciso radiografar suas contas, a fim de identificar os causadores do insucesso. Com certeza, o fato de você estar aquém de seus objetivos tem origem em um ou mais dos seguintes fatores, quando comparados ao que foi planejado ou estimado no início do ano e detalhados brevemente a seguir:
(1) Receitas menores decorrentes da promoção que não saiu ou de um período parado em transição de emprego (para aqueles que estão empregados), do menor número de serviços prestados (para aqueles que são autônomos), ou até mesmo da redução de preços praticados ou de volumes vendidos (para aqueles que são pequenos empresários) trazem efeitos negativos: diminuindo-se a receita, sem a correspondente redução das despesas, o que sobra para fazer crescer o patrimônio fica comprometido, não é mesmo?
(2) Despesas maiores decorrentes de preços mais caros, do aumento no consumo, de gastos com itens não previstos – por exemplo o reparo emergencial em casa, um acidente no trânsito, uma despesa de saúde não coberta pelo plano – também afetam negativamente o crescimento do patrimônio pois, gastando-se mais e não aumentando na mesma proporção as receitas, a sobra diminui.
(3) Outros efeitos decorrentes de fatores não associados ao seu trabalho ou ao seu dia a dia também devem ser devidamente observados para se avaliar o impacto – positivo ou negativo – em relação às metas traçadas. Trago alguns exemplos: o imóvel que deveria estar alugado e não está, por conta de um preço excessivamente alto afetará duplamente seu resultado, pois enquanto estiver vago, as receitas não entram, mas as despesas com condomínio e taxas correm por sua conta; os investimentos financeiros, principalmente aqueles relacionados com o mercado de renda variável também podem ter causado um estrago, já que em 2024, a bolsa não apresentou resultados favoráveis; os ganhos de capital provenientes da valorização de alguns ativos, notadamente os imobiliários, também podem ter sido abaixo daquilo que você esperava.
Note que parte das diferenças encontradas não obrigatoriamente apontará uma falha sua em executar as metas... Aliás, é bom que se registre, mesmo empresas com larga experiência em planejamento, às vezes fixam metas ambiciosas demais. Analise criteriosamente se não foi este o seu caso, alterando-as para o próximo ano, se necessário. E, para os casos em que o que faltou foi mais pulso, motive-se: lembre-se de que uma grande caminhada se inicia no primeiro passo!
Um grande abraço e até a próxima!
Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)
Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.
Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.