Rumo à independência financeira, de nada adiantará o casal ter os três quesitos do artigo passado (paciência, força de vontade e imaginação), se faltar o principal combustível de seu projeto: dinheiro! Sim, será preciso fazer sobrar dinheiro a cada mês para que consigam chegar lá! E não consigo ver nenhuma outra forma que não passe: (1) pelo aumento de sua renda; (2) pela diminuição de sua despesa ou (3) pela combinação dos dois itens anteriores.
Salvo nas situações em que somente um trabalhe (neste caso vale a pena avaliar se o ganho extra para trabalhar fora não irá acarretar despesas maiores do que a renda gerada, o que por exemplo poderia ocorrer se houvesse a necessidade da contratação de ajudantes para cuidar das crianças), aumentar a renda nem sempre é simples, pois depende de decisões fora do controle do casal (por exemplo, o aumento do salário pode depender de uma promoção para o caso de um empregado, ou ainda, no aumento do número de clientes para profissionais liberais); assim, concluo que criar a sobra a partir da diminuição das despesas tem maiores chances de sucesso. Falemos sobre isso!
Anotem em um papel todos os gastos dos últimos dois meses, sem se esquecerem de nada, incluindo aí juros, taxas bancárias, impostos, etc. Classifiquem estes gastos em: (1) Financeiros: os que vocês pagam aos bancos, cartões, etc.; (2) Desperdícios: os que vocês podem eliminar sem sentir falta (por exemplo: o clube que não frequentam ou a revista que não leem); (3) Supérfluos: os associados a pequenos prazeres, mas que, diante de um objetivo maior (sua poupança), poderão ser eliminados (por exemplo: o cafezinho, o cigarro); (4) Essenciais: aqueles sem os quais vocês não vivem: aluguel, luz, gás, telefone, a escola das crianças, o plano de saúde, o lazer.
Um plano de poupança bem sucedido, deve eliminar os gastos pela ordem acima: cortem primeiro os financeiros, depois os desperdícios e supérfluos e, somente em último caso os essenciais.
E o que aconselhar àqueles que, afogados em dívidas, não conseguem sequer chegar ao estágio de cortar alguma despesa: por exemplo, os casais cuja renda esteja toda comprometida no pagamento dos juros de cheques especiais e de cartões de crédito? Bem, é um caso mais complicado pois a dívida só faz crescer, já que seus ganhos apenas cobrem gastos financeiros, obrigando-os assim a novas dívidas para cobrirem os demais gastos.
Bem, se este é o caso de vocês, não se desesperem: há soluções (todas dolorosas, não vou mentir) mas que poderão livrá-los deste martírio. E, saindo desta, no mínimo vocês terão conseguido superar um tremendo obstáculo, fortalecendo sua relação (calma, não vamos discutir a relação!) Anotem:
(1) Eliminem já os cartões; (2) Revisem os saldos das atuais dívidas, renegociando junto aos credores uma redução dos valores (acreditem nisso porque bancos e administradoras preferem recompor dívidas do que acioná-los judicialmente); (3) Recalculados os valores, tentem transformá-los em prestações fixas, que caibam no orçamento, através de empréstimos pessoais na própria rede bancária, usualmente oferecidos a taxas mais civilizadas; (4) Pensem na possibilidade da venda de algum bem (um carro, por exemplo); (5) Não entrem em novas dívidas, segurando o consumo nesta fase crítica; (6) Adiem toda e qualquer compra que puderem: lembrem-se que sua prioridade é eliminar sua dívida!
Um grande abraço e até a próxima semana!
Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)
Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.
Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.