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28/05/2025 às 00h20

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O gerúndio e a restituição

Reprodução


Pois é meu caro leitor, minha cara leitora, sequer terminou o prazo para a entrega da declaração de Imposto de Renda deste ano, e já sofremos o bombardeio da rede bancária e seus “call-gerúndio-centers” com as ofertas “nós vamos estar oferecendo uma linha especial de crédito para você poder estar antecipando a restituição do seu imposto”... Nossa, é verbo demais e vantagens de menos! Por isso, achei conveniente interrompermos a seqüência dos demais assuntos que publicamos para podermos estar comentando (homenagem da coluna ao gerúndio, ha, ha, ha!) o tema. Voltaremos a eles na próxima semana, combinado? Passemos às dicas!

(1) CORREÇÃO DA RESTITUIÇÃO A RECEBER: Enquanto ela não chega, a receita aplica a taxa SELIC sobre o saldo. Ainda que possamos questionar esta poupança forçada (ora, dinheiro nosso é bom no nosso bolso!), eu adotaria postura mais cautelosa diante da crítica já que, comparativamente às aplicações em Fundos DI, ficar com a restituição presa pode se tornar um excelente negócio: não há  a cobrança de taxa de administração, e o rendimento é isento de imposto. Apenas para ilustrar, quem está com a restituição de 2024 pendente (11 meses), irá receber 11,07% de correção caso ela saia até 30/05/2025 (na realidade será um pouco mais, já que tal correção refere-se à data de 27/05/2025); no mesmo período, em média os Fundos DI renderam aproximadamente 10,35% em termos brutos ou 8,28% em termos líquidos, isto é, descontado o IR (20% na simulação). Nada mau ter esperado, não?

(2) TAXAS PRATICADAS: Pesquisando na Internet, observei taxas entre 1,78% e 2,80% ao mês, dependendo do banco, além da cobrança do IOF (ops, logo ele!!) pela operação. Ótimas taxas se compararmos com as praticadas nos cheques especiais, cartões de crédito ou financeiras, mas vale pesquisar (para obter a mais baixa) e também verificar junto ao banco, qual valor será utilizado para liquidar sua dívida: o valor constante na declaração ou o valor corrigido. No primeiro caso, como a correção ficará no seu bolso, a taxa final da operação será menor que a anunciada, no segundo será maior.

(3) PLANO B: Se optar por fazer o empréstimo, pense em alguma estratégia caso a restituição não chegue em data próxima (o que fazer se ela só vier daqui a 18 meses?) Sugiro muita cautela, pois, se você não tiver uma alternativa para liquidar o empréstimo, é encrenca certa: mesmo com uma taxa mais baixa, vai virar uma bola de neve. A 1,78% de taxa final (vide item acima) sua dívida irá dobrar em 3 anos e meio, e a 2,8%, dobrará em pouco mais de dois anos.

(4) QUANDO É RECOMENDÁVEL PEGAR O EMPRÉSTIMO? Diferentes situações, diferentes comportamentos: (a) Se você possui dívida com taxa superior à do empréstimo (por exemplo cartão), pegue o empréstimo para liquidá-la ou reduzi-la, mas tenha em mente o que aqui chamei de Plano B: aproveite a folga de caixa originada pelo fim da dívida cara para poupar parte do que ganha, e assim evitar surpresas com a demora da restituição; (b) Se possui dívida com taxa inferior (por exemplo um crédito consignado), não pegue o empréstimo: parte de sua renda já está comprometida. Paciência: espere a restituição; (c) Se você não possui dívidas, reflita sobre os itens (1) a (3) que apontei... quem sabe não vale a pena esperar um pouquinho e adiar as compras que você já estava programando, não é mesmo?

Um grande abraço e até a próxima semana!


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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