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20/06/2025 às 18h00

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Basta de comportamento!

Termino hoje a lista (iniciada há duas semanas) dos principais vieses comportamentais que podem afetar as decisões financeiras


Basta de comportamento!

Termino hoje a lista (iniciada há duas semanas) dos principais vieses comportamentais que podem afetar as decisões financeiras. Espero que vocês, queridos leitores, queridas leitoras, tenham absorvido parte do que apresentei para evitar cair nessas armadilhas psicológicas.

(1) FILTROS: Muito difícil admitir preconceitos em épocas do politicamente correto, mas o fato é que raramente encontramos alguém que não tenha suas idéias preconcebidas, criando assim seus pontos de referência. Como conseqüência deste padrão, adotamos filtros seletivos, onde as informações que confirmam as referências (ou preconceitos) são acolhidas e as que contradizem são descartadas. Risco: nos investimentos, esta armadilha pode nos levar a carteiras excessivamente concentradas nos ativos considerados referências, o que não obrigatoriamente significará retornos adequados para os níveis de risco incorridos.

(2) SÍNDROME DO “EU SABIA”:Como diz um grande amigo, prever o passado é ciência exata! E, como conseqüência de precisarmos explicações racionais para o mundo, por muitas vezes, somos tentados a acreditar que fatos passados eram muito óbvios e passíveis de previsão, quando na realidade não eram, a exemplo do que ocorreu com muitas das bolhas especulativas: se eram tão óbvias assim, porque tantos perderam dinheiro? Risco: nos investimentos, este padrão de comportamento pode levar-nos a um infundado excesso de confiança na própria habilidade em escolher as melhores ações ou momentos para investir.

(3) ENVELOPES SEPARADOS: Quem já não ouviu o caso de alguém que tenha por hábito separar dinheiro em envelopes para diferentes fins (o “azul” é para pagar a escola, o “vermelho” para o condomínio, etc)? Até aí, tudo bem, é a forma como cada um prefere se organizar. O problema surge quando este hábito ultrapassa limites e passamos a tratar de forma diferenciada cada um dos “envelopes” virtuais. Como explicar, por exemplo, poupar mensalmente para a viagem de férias às custas do saldo negativo do cheque especial? Risco: no caso dos investimentos, esta armadilha, além de criar situações como a citada (poupança e dívida), pode nos levar a tratar distintamente recursos com diferentes origens, como por exemplo, os provenientes dos lucros de aplicações financeiras, considerados “menos nobres” do que aqueles provenientes de salário, e, portanto, não sujeitos às mesmas restrições de risco aplicadas ao restante dos recursos... é dinheiro do mesmo jeito!

(4) ASSIMETRIA ENTRE PERDAS E GANHOS: Estudos confirmam que, na maioria das vezes, a dor causada por uma perda impacta muito mais nosso humor do que o prazer causado por um ganho, de mesmo valor. Este tipo de comportamento explicaria, por exemplo, porque muitos preferem não trabalhar mais de forma a não pagar mais IR: o prazer associado ao ganho líquido adicional não suplantaria a dor de pagar mais imposto. Risco: nos investimentos, este padrão pode nos levar a manter ativos perdedores por muito tempo – de forma a evitar a realização da perda (excessivamente valorizada) ou a nos desfazer antecipadamente de ativos ganhadores (lucros não ganhos são pouco valorizados). Pode nos levar também a criarmos traumas devidos a perdas passadas, deixando-nos de fora de excelentes oportunidades. E já que citei o IR, é bom ficarmos atentos com as mudanças nas regras de tributação de alguns produtos financeiros, tais como LCI, LCA, fundos e planos de previdência dentre outros: a suspensão de isenções ou o aumento de alíquotas poderá eventualmente alterar a ordem de atratividade – leia-se rentabilidades finais – entre os diferentes produtos. Muita atenção, portanto!

Um grande abraço e até a próxima semana!


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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