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06/10/2020 às 13h00

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Vem aí a eleição da abstenção

*Thomas Traumann

O maior adversário dos candidatos desta eleição municipal é uma função do aplicativo do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que, pela 1ª vez, vai permitir ao eleitor justificar pelo celular a sua ausência nas votações. Até agora, o eleitor que não comparecesse teria de pagar uma multa simbólica para regularizar o título. Ou, se estivesse fora da sua cidade no dia da eleição, enfrentar uma fila na agência dos Correios. Agora, ao alcance da ponta dos dedos, o eleitor pode resolver a pendência de forma simples e gratuita até dois meses depois da votação. Para muitos eleitores, será como se o voto deixasse de ser obrigatório.

A novidade faz parte de 1 pacote de medidas do TSE para tornar as votações de novembro mais seguras. Com a pandemia de coronavírus, os comícios estão proibidos e as aglomerações nas portas dos locais de votação serão limitadas. É 1 temor justificável, e o aplicativo do TSE é uma resposta para aqueles que não se consideram seguros para sair de casa mesmo com os cuidados como o uso de máscara obrigatório nos locais de votação, distanciamento social nas filas e higienização das urnas eletrônicas.

Em geral, a abstenção eleitoral nas eleições municipais fica abaixo das eleições gerais. Mesmo assim, a tendência é de alta. Foi de 16% no ano 2000, ganhando 1 ponto percentual por eleição até chegar a 19% em 2012 e 21% em 2016. No segundo turno da última eleição para prefeito no Rio de Janeiro, 26% dos eleitores não compareceram, índice similar ao de Porto Alegre, 25%. Em São Paulo, onde o resultado de 2016 saiu no primeiro turno, a abstenção foi de 21,8%, mas com tendência de alta. A ausência havia sido de 15,6% em 2008 e 18,5% em 2012.

Coloque na mesa uma tendência histórica de crescimento da abstenção, a comprovada desilusão do eleitor com a política, a facilidade de justificar ausência via aplicativo e o temor da contaminação e temos a receita de pavor para os políticos. Uma das consequências possíveis dessa nova circunstância será favorecer os candidatos com nichos de eleitores demarcados, seja por religião, ideologia ou atuação geográfica. Em tese, perde o candidato com eleitores menos fervorosos.

Não bastará apenas ter uma campanha que toque ao coração e mente do eleitor, será preciso convencê-lo a sair de casa. Não deverá chegar a ser como nos EUA, onde só a metade dos eleitores vota e os políticos mendigam pelo comparecimento, mas é 1 novo complicador para uma eleição que já será atribulada.


*Thomas Traumann, 53 anos, é jornalista, consultor de comunicação e autor do livro "O Pior Emprego do Mundo", sobre ministros da Fazenda e crises econômicas.


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