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22/06/2021 às 15h20

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A terceira onda e a crise econômica e social

 

Por Arthur Virgílio Neto*

A descrença na pesquisa e na ciência, aliás, se tornou ainda mais evidente nesse período, com corte nos investimentos direcionados à área. Por outro lado, vimos gastos de custeio sendo aumentados no Congresso Nacional. Uma vergonha, desrespeito ao povo brasileiro, desrespeito à vida. E o resultado dessa marcha contra à sensatez na saúde pública é o triste número de milhares de brasileiros e brasileiras que perderam a vida por causa do novo coronavírus e, no Amazonas, muitos foram cruelmente asfixiados pela falta do oxigênio.
Cheguei a propor para o ministro Guedes, que estimo e respeito, que usasse apenas o resultado de parte das aplicações financeiras dos cerca de 360 bilhões de dólares já acumulados, atingindo como base para o socorro ao povo mais necessitado, praticamente todo o universo dos que hoje experimentam dias duros, desemprego exorbitante e um quadro de desorganização social, do jeito que vemos agora. Isso seria muito bom para desempregados, para os que desistiram de procurar trabalho, para camelôs, autônomos, artesãos, cantores, artistas da noite, pequenas e microempresas em geral.
Vantagens: Não se criaria nenhum imposto novo, ou velho, que somente serviria para desmoralizar a reforma tributária que está sendo decifrada por técnicos do governo e por parlamentares lúcidos. A proposta não atrai taxas extras de inflação. E as reservas, bem poderosas, permaneceriam intocadas, apenas uma parte das aplicações financeiras vindas das nossas reservas cambiais seriam utilizadas. Os recursos do Tesouro não seriam postos em posição de aumentarem o déficit primário – receita menos despesa, sem incluir a conta juros, porque se mede o outro déficit, o nominal, incluindo nos cálculos essa mesma conta juros. Mas, o déficit primário pode muito bem ter ingressado em números de trilhão.
O quadro é grave, é ameaçador, para o equilíbrio político e econômico. Por isso, fiz essa sugestão para socorrer o futuro da nação. Nada de mais endividamento, não teria mais inflação. Usar-se-iam apenas os resultados das aplicações das reservas cambiais. O atendimento ao povo necessitado seria mais constante, volumoso, forte.
Cientistas respeitáveis temem mais ondas. O isolamento social poderia fracassar e ser, de novo, prejudicado pela falta de recursos. Mas, com a família passando fome, os responsáveis pela sua prole sairão, inevitavelmente, às ruas para alimentar os seus queridos. Entre o empirismo e suas fórmulas “mágicas” e a ciência, fico abertamente com esta última, fico com os cientistas.

Sabem as leitoras e os leitores que, por exemplo, a decretação de um lockdown exige dinheiro nas mãos do povo, regras duras de isolamento social e curta duração. A Covid-19, reforçada pelas novas cepas, cada vez mais resistentes e letais, tem de ser enfrentada pelo bom comportamento aqui relatado e por campanhas vitoriosas de vacinação em massa. O Brasil vacina com a lentidão de um jabuti, quando a postura correta seria correr como os campeões de Fórmula 1.

*Diplomata, foi deputado federal, senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique Cardoso, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, líder das oposições no Senado ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e três vezes prefeito da capital da Amazônia – Manaus 

*Publicado na edição 48 da revista Painel Alagoas


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