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19/07/2021 às 09h31

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Nada de “mimimi”. É luta que chama em toda parte!


Tereza Nelma - Deputada Federal, Procuradora da Mulher

A criação do Observatório Nacional da Mulher na Política, que lançamos na última quarta-feira de junho, na Câmara de Deputados, em Brasília, é o maior mecanismo de investigação da mulher na política do país. Iniciativa pioneira que vem como esperança de tornar mais agradável os espaços que as mulheres ocupam na política e vai monitorar atitudes que tentarem desqualificar suas lutas pela plena participação feminina na sociedade e na direção do Estado e das empresas.


Um momento histórico onde várias vozes de parlamentares se levantaram durante o lançamento contra as ameaças recebidas pelas líderes políticas Manuela D’Avila, ex-deputada federal do PC do B, ameaçada de morte, e da minha própria filha, vereadora Teca Nelma, censurada no plenário da Câmara de Maceió por suas ideias.


Tanto um caso com alguém escondido no anonimato, como o outro praticado publicamente por um delegado de polícia, são exemplos, entre muitos outros, que ligam os machismos, intolerantes e reacionários, do sul ao nordeste do país. Não podemos ficar caladas. Temos que impedir novas Marielle Franco, assassinada a tiros, covardemente, um crime até hoje abafado.


Não podemos mais conviver com os ataques frequentes a mulheres jornalistas, políticas trans, legalmente eleitas, por vozes que desqualificam diariamente as mulheres e que saem, às vezes, da própria presidência da República.


A Procuradoria da Mulher na Política vai ganhar espaço nas Assembleias Legislativas de todo o país, enfrentando as injustiças, os preconceitos, os ataques covardes às mulheres onde se manifestarem. É uma ferramenta que vai auxiliar no monitoramento da atuação política de mulheres nas esferas municipal, estadual, federal e internacional. A luta das mulheres contra a opressão, a discriminação, a violência política e machista tem que ser enfrentada em todo o mundo.


Nos enche de orgulho, por exemplo, que a Assembleia Constituinte do Chile, um país que sangrou com o fascismo em passado recente, seja composta por uma maioria de mulheres. Quanta diferença, se comparada às pressões nos bastidores para reduzir a participação das mulheres na nossa Câmara dos Deputados a 10%, na dita reforma política que está sendo construída, ou seja, uma tentativa de minar nossa representatividade que já é tão pequena.


Nosso movimento já alcançou 30% de mulheres nas chapas eleitorais, sem contar os 30% de recursos para suas campanhas, apesar de frequentemente violados por direções partidárias atrasadas e machistas. Nossa meta continua sendo alcançar a participação de 50% de mulheres nos parlamentos. E não só. Queremos também a paridade no comando dos Tribunais Superiores, Ministérios Públicos, Forças Armadas e outros poderes de Estado.


O nome dessa nova ferramenta é Observatório, que não pode tudo, mas é um avanço e será a nossa voz. Com esse novo instrumento pretendemos desvendar crimes, os ataques, as injustiças e agir, exigir punição. Nada de mimimi. Mas muita luta, com unidade, seriedade, coragem e respeito ao pluralismo, isso sim.Nem é preciso nos aguardar. Chegaremos já.


*Publicado na edição 49 da revista Painel Alagoas


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