Trata-se da maior taxa para meses de março desde 1994. Ou seja, em 28 anos. É também a maior inflação mensal desde janeiro 2003 (2,25%).
"No ano, o indicador acumula alta de 3,20% e, nos últimos 12 meses, de 11,30%, acima dos 10,54% observados nos 12 meses imediatamente anteriores", destacou o IBGE. Trata-se do maior índice para 12 meses desde outubro de 2003 (13,98%).
O resultado veio bem acima do esperado. O intervalo das projeções para o IPCA de março de 41 instituições financeiras e consultorias, ouvidas pelo Valor Data, era de avanço de 0,54% a 1,43%, com mediana de 1,32%.
Oito dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta em março. Os principais impactos vieram dos transportes (3,02%) e de alimentação e bebidas (2,42%) – grupos de maior peso no IPCA. Juntos, os dois representam quase metade (43%) da inflação do mês.
A inflação foi também mais disseminada. O índice de difusão passou de 75% em fevereiro para 76% em março. O indicador reflete o espalhamento da alta de preços entre os 377 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE. Já a inflação de serviços ficou em 0,45% em março ante 1,36 em fevereiro.
A alta foi puxada principalmente pelos preços dos combustíveis, em especial, o da gasolina (6,95%), subitem com maior impacto individual (0,44 ponto percentual) no índice do mês. Em 12 meses, a gasolina acumula alta de 27,48%.
Também houve alta forte no gás de botijão (6,57%), gás veicular (5,29%), etanol (3,02%) e óleo diesel (13,65%), que passou a acumular salto de 46,47% em 12 meses.
Os aumentos refletem o reajuste de até 24,9% anunciado pela Petrobras e que entrou em vigor no dia 11 de março.
Além dos combustíveis, também ficaram mais caros serviços como o seguro voluntário de veículo (3,93%) e transporte por aplicativo (7,98%). Em 12 meses, o preço do transporte por aplicativo acumula alta de 42,74%.
Os preços dos automóveis novos (0,47%) e usados (0,76%) também seguiram em em alta.
Por outro lado, houve queda nos preços das passagens aéreas (-7,33%). Importante destacar, porém, que a metodologia do IBGE considera uma viagem marcada com dois meses de antecedência. "A variação reflete a coleta de preços feita em janeiro para viagens realizadas em março", explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Nos custos da habitação, destaque para a alta da energia elétrica (1,08%).
A alta de 2,42% no grupo de alimentos e bebidas foi a maior desde novembro de 2020 (2,54%). A maior pressão no mês veio da alta do preço do tomate (27,22%). Além disso, pesaram itens como cenoura (31,47%), que acumula alta de 166,17% em 12 meses, leite longa vida (9,34%), óleo de soja (8,99%), frutas (6,39%) e pão francês (2,97%).
A meta de inflação para 2022 é de 3,5% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 2% e 5%. O Banco Central, no entanto, já admitiu que o IPCA deve estourar a meta pelo 2º ano seguido e projeta uma taxa de 7,1%. Segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a inflação no Brasil deve atingir o pico no mês de abril.
Para tentar trazer a inflação de volta para a meta, o Banco Central tem feito um maior aperto monetário. A taxa básica de juros (Selic) está atualmente em 11,75% e deve continuar a subir, atingindo 12,75%, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em maio, segundo sinalização do BC.
*Publicado como editorial na edição 57 da revista Painel Alagoas
Fonte: Painel Alagoas
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