Para refletir
“Bernardino não é um jornalista, mas uma agência de notícias” (Freitas Neto)
Ainda está muito difícil escrever sobre ele, pois a dor da saudade ainda é muito grande e a emoção até bloqueia minhas palavras. O primo Berna se foi e me deixou um tanto órfão. Fico sem entender os desígnios que o roubaram da gente e pergunto: por que ele? Por que os bons se vão?
Nos diz o poeta sobre o amigo “Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
A gente não faz amigos, reconhece-os." - Os meus amigos, que tenho poucos, são exatamente assim.
Conheci Bernardino há mais de 50 anos, quando começou a namorar a prima Márcia Oliveira Morais, minha melhor amiga e confidente, em Palmeira dos Índios. Fugiram, casaram e o tempo rodopiou. Fui embora para São Paulo e o reencontrei em Maceió, ambos já profissionais do jornalismo. A partir daí foi uma cumplicidade de amizade e doação reciproca. Brigamos? Sim e muito. Passávamos tempos sem nos falar até que um dos dois tomava a iniciativa de reatar, feito dois meninos, dois irmãos.
Ele era um passional, desses cujo lema é “amigo meu não tem defeito, inimigo se não tiver eu boto”. Amigo até o ferimento mais grave e assim foi comigo durante toda vida. Inconformado com a ingratidão e rebelde em seus princípios, foi perseguido brutalmente por alguns que ajudou. Tivemos divergências políticas naturais, mas tudo dentro de um respeito mútuo e contínuo.
Algumas vezes algus políticos me procuravam para pedir: - “Pedro, segura Bernardino que ele está batendo demais”. Quando eu sentia que merecia ponderação ia a ele e prontamente atendia.
Bernardino por sua competência tornou-se o cronista político mais lido no estado, com o seu Blog. Passou por grandes jornais e revistas nacionais, sem perder sua essência e leva consigo o troféu do melhor repórter contemporâneo de nossa imprensa.
Marido apaixonado e vibrante com essa paixão pela Márcia, pai devotado e amigo, avô e bisavô loucamente dedicado à família.
Estava em Fortaleza, para onde ia com muita frequência se aconchegar com sua Marcinha (Dra. Maria Marcia Morais Souto Maior), cardiologista pediatra, com a qual falei praticamente todos os dias de sua internação e o doloroso calvário. Falei com ele até a véspera de sua ida para UTI e o ouvi dizer ao telefone: “Primo vou sair dessa e logo estarei por aí. Se cuide e “pau na máquina” – frase bem característica sua.
Suas horas finais foram compartilhadas passo a passo aqui em casa, até o desfecho cruel de sua partida. Sem sua presença o mundo ficou mais chato.
Para me despedir do primo, amigo e parceiro, deixo uma frase de Antoine de Saint Exupéry
Ter um amigo é um tesouro sem preço, um gostar sem distância,
de alguém presente em nosso caminho, nas horas
de dúvida, de alegria, demais para ser perdido, importante para ser esquecido
Bernardino Souto Maior era um apaixonado pela
família, pelos verdadeiros amigos e pelo jornalismo. E também pelo CRB e pelo
Flamengo. Foi o repórter mais eficiente da sua geração. Mais um grande amigo
que perco para a pandemia...
Flávio Gomes de Barros
Jornalista
Lamento profundamente a morte do amigo e jornalista, Bernardino Souto Maior.
Perdemos um grande jornalista, entusiasta da política alagoana e um ser humano
extraordinário.
Bernardino era muito querido e admirado por todos que conheciam sua luta diária e dedicação ao jornalismo alagoano e brasileiro. Seu legado ficará para sempre e será lembrado por todos nós.
Júlio Cézar
Prefeito de Palmeira dos Índios
Bernardino foi um grande amigo e me incentivou ao longo da minha trajetória. Devo muito o apoio dele. Vai em paz e com Deus.
Marcelo Bastos
Professor / Analista político
Poucos jornalistas, em Alagoas, viveram com tanto brilho uma carreira longeva e
exuberante. Suas credenciais, que ele colecionou ao longo do tempo, são exemplo
e farol para quem está chegando no jornalismo. Segura na mão de Deus e vai.
Luiz Dantas, publicitário, jornalista e professor da UFAL
Militando no jornalismo desde 1968, quando ingressou na Rádio Educadora
Palmares, Bernardino é um dos mais antigos jornalistas em atividade no estado.
Seu blog nas redes sociais é uma espécie de "dicionário dos bastidores
políticos" e serve como fonte de consulta para todos os públicos,
inclusive o jornalístico. Sua partida deixará um vazio impreenchível no
jornalismo alagoano.
Ricardo Leal
Jornalista
Quando botei o pé estrada dessa
vida, o Bernardino Souto Maior já era um repórter consagrado. Dizia o saudoso
Freitas Neto, da mesma geração dele, que se tratava de um jornalista compulsivo
pelo volume de informações que colhia.
-O Bernardino é uma agência ambulante. É uma notícia atrás da outra.
E era assim mesmo. E por isso foi correspondente de vários veículos nacionais.
Tinha o faro apurado para notícia, nos seus bons tempos de reportagem.
Mas o decano se foi. Ficamos todos nós outros aqui a pedir ao comando superior
que o acolha bem. Entre erros e acertos, como qualquer ser humano na vida, o
Bernardino está do lado das boas almas. Foi um cidadão solidário aos amigos e
um verdadeiro amante do jornalismo.
Que vá em paz. E seja luz onde estiver.
Marcelo Firmino
Jornalista
Bernardino sai da vida e entra
para a história do Jornalismo alagoano como um de seus repórteres mais
intensos, mais polêmicos. Tenho a honra de ter sido companheiro de lide de
Bernardino Souto Maior durante mais de 40 anos.
Enio Lins
Jornalista, secretário de estado da Comunicação
O jornalismo alagoano perde um dos seus repórteres mais prolíferos. Quem
pesquisa a história de Alagoas encontrará facilmente o nome dele nos principais
jornais do país desde a década de 1970. Sua produção era tal que recentemente
conversei com ele sobre uma reportagem sua no Diário de Pernambuco e, para
minha surpresa, confessou que não lembrava mais do assunto, explicando que
foram tantas que ficava difícil recordar delas. Bernardino nos deixa e entra
para a história do jornalismo alagoano.
Edberto Ticianeli
Jornalista
Conheci o Bernardino através de Dênis Agra. Estava em campanha para presidência
do Sindicato dos Jornalistas, em 1990. Para me aproximar e dialogar com a velha
guarda do jornalismo, a ponte era feita pelos "medalhões", incluindo
aí Valter Oliveira, Adelmo dos Santos e Freitas Neto, que também abraçaram
minha candidatura. O Bernardino não só votou como se transformou num grande
amigo, sempre atencioso e gentil. Pelas veias do "Berna" corria o DNA
da notícia, que ele farejava como poucos repórteres de sua geração. Possuía uma
extraordinária capacidade de detectar e gerar fatos jornalísticos. O maldito
vírus o excluí do nosso convívio. Sinto muito pela perda. Desejo transmitir
meus sentimentos e a minha solidariedade aos seus familiares e amigos.
Joaldo Cavalcante
Jornalista.
Bernardino é da minha geração. Começamos juntos no jornalismo em Alagoas na década de 1960, mas Bernardino Souto Maior preferiu ficar em Alagoas recusando inúmeros convites dos grandes jornais para atuar lá fora. Repórter farejador, atrevido, ousado, Bernardino era noticia vinte e quatro horas. Tinha cara e jeito de repórter, alimentava-se da notícia como se ela fosse o ar que respirava. Foi correspondente de vários jornais do país, deu grandes furos de reportagem e era respeitado como um dos maiores jornalistas do Brasil. Bernardino deixa uma lacuna enorme no jornalismo alagoano, difícil de ser preenchida. Com Bernardino, morre um pouco o jornalismo da minha terra.
Jorge Oliveira
Jornalista, escritor, cineasta.
A partida do companheiro Bernardino abre uma imensa lacuna no jornalismo brasileiro. O repórter da maior competência se somava ao amigo fraterno, solidário e voltado para um jornalismo crítico e de muita coragem. Fará muita falta em nossa pauta política.
Gabriel Mousinho
Jornalista
Bernardino Souto Maior é referência de toda uma geração de profissionais. Exerceu a função de jornalista em diversos veículos de imprensa do Estado, sendo ainda correspondente em Alagoas de revistas e jornais importantes do País. Transmito, portanto, meus sentimentos de pesar aos familiares de Bernardino, bem como a seus amigos e colegas da imprensa alagoana
Deputado Marcelo Victor
Presidente da Assembleia Legislativa
A morte de Bernardino deixa uma lacuna no jornalismo alagoano. Ele nunca perdeu a essência do repórter em busca do “furo”, via “pauta” em todas as histórias, tinha, em si, a construção da informação a partir do ouvido e da análise dos bastidores políticos com muita precisão. A experiência e credibilidade eram nítidos no seu divertido “pau na máquina”, ao iniciar algum texto. Eu, pessoalmente, perco um colega dos melhores e um amigo maravilhoso. Espero que o legado de amor deixado por nosso Berna tenha força suficiente para amenizar a dor de Márcia e sua família. Que Deus abençoe a todos e que Bernardino siga em paz e na luz sua nova etapa. Ficam aqui a saudade e muitas lembranças felizes e gratas.
Eliane Aquino
Jornalista
Jornalista e escritor. Articulista político dos jornais " Extra" e " Tribuna do Sertão". Pós graduado em Ciências Políticas pela UnB. É presidente do Instituto Cidadão, membro da União Brasileira de Escritores e da Academia Palmeirense de Letras.