O presidente Jair Bolsonaro se sentiu totalmente em casa, sexta-feira, 23 de abril deste ano, em Manaus.
Esteve lá para receber o título de Cidadão Amazonense que lhe foi outorgado pela Assembleia Legislativa do Estado, aglomerou sem máscara, e foi entrevistado por um dos raros, raríssimos profissionais de comunicação que ele confia em toda a terra: Sikêra Júnior, apresentador de um programa sensacionalista na TV A Crítica, o “Alerta Amazonas”.
E na entrevista, o presidente aproveitou para pregar o seu negacionismo à pandemia da covid-19, que provocou em Manaus na primeira e segunda onda a maior calamidade pública já vivida naquela cidade nos últimos tempos.
À vontade com o entrevistador, com quem trocou demorados abraços antes de o programa iniciar, ambos sem máscaras, Bolsonaro ameaçou colocar o exército brasileiro contra as medidas restritivas de prevenção à covid:
“O que eu me preparo, não vou entrar em detalhes... O caos no Brasil. Já falei que essa política do lockdown, do toque de recolher, essa política de 'fique em casa'... Isso é um absurdo. ora, vamos parar com isso... Se tivermos problemas, nós temos um plano de entrar em campo. Eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. O nosso Exército, as nossas Forças Armadas, se precisar, nós iremos para as ruas. Mas não para manter o povo dentro de casa, e sim para restabelecer todo o artigo 5º da Constituição. Se eu decretar isso, vai ser cumprido este decreto. Então, as nossas Forças Armadas podem ir para a rua um dia, sim, dentro das quatro linhas da Constituição para fazer cumprir o artigo 5º, direito de ir e vir, acabar com essa covardia de toque de recolher, [garantir o] direito ao trabalho, liberdade religiosa de culto, para cumprir tudo aquilo que está sendo descumprido por parte de alguns governadores e alguns poucos prefeitos.”
O artigo 5º da Constituição Brasileira, citado por Bolsonaro na entrevista para justificar o direito de ir e vir, diz que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade".
Ou seja, o presidente faz ‘fake news’ até da Constituição Brasileira!
Mas o que fica da ida de Bolsonaro ao Amazonas?
Nadica de nada que seja aproveitável para o estado, para a população e, sobretudo, para o enfrentamento ao coronavírus que ontem fez mais 20 vítimas fatais e contaminou cerca de 900 amazonenses em um espaço de 24 horas.
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