O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi o primeiro convidado a falar à CPI da Covid do Senado Federal. Ontem, por cerca de dez horas, Mandetta manteve postura serena, objetiva e segura sobre todos os questionamentos que lhes foram feitos, pela oposição e pela base de sustentação do governo na Casa.
Não aceitou provocações, não foi irônico e muito menos atacou gratuitamente o presidente Bolsonaro.
Passou credibilidade, confiança na ciência e sobretudo nos profissionais da Saúde que há mais de um ano estão corajosamente à frente da pandemia para salvar vidas.
Como mensagem à comissão, Mandetta deixou a certeza de que o negacionismo do Planalto e pessoalmente do presidente Bolsonaro, é o maior responsável pelo atraso na vacinação, por consequências fatais com orientações de tratamentos precoces sem comprovação científica, e pelas aglomerações que levaram ao avanço da contaminação comunitária.
O testemunho de Mandetta obviamente incomodou o governo federal.
Tanto, que hoje tem reunião de urgência no Palácio do Planalto para tentar “melhorar” a performance dos governistas na comissão. Estarão presentes os ministros Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e Onyx Lorenzoni (Secretaria-Geral), além dos líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB/PE), no Congresso Nacional, Eduardo Gomes (MDB-TO) e dos senadores Ciro Nogueira (PP/PI), Marcos Rogério (DEM/RO) e Jorginho Melo (PL-SC), a tropa de choque bolsonarista.
Mas não haverá desvio na investigação, por mais palanque eleitoral que a CPI queira ou possa fazer. Os mais de 400 mil óbitos por covid no país é a prova concreta de que o governo federal não fez sua parte na história, mesmo que, em alguns casos, divida essa responsabilidade com governadores e prefeitos.
No mais, Mandetta mostrou ao país que ele é muito maior do que o próprio Bolsonaro jamais imaginou.
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