“A democracia tem contornos às vezes de ficção. Até mesmo quem foge dos promotores há anos sistematicamente pode ir à sede do Ministério Público Federal. No Brasil, até a milícia denuncia! ”, reagiu o senador Renan Calheiros (MDB-AL), em suas redes sociais, à notícia de que o seu colega senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) o denunciara ao MPF por “abuso de autoridade” na Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid.
O senador Flávio Bolsonaro acusa Calheiros de expor dados confidenciais durante as oitivas para pautar os seus “interesses egoísticos’, o que, em sua avaliação, caracteriza crime de abuso de autoridade.
Os assuntos confidencias que o filho do presidente cita dizem respeito a trechos de um depoimento que ele concedeu durante inquérito sobre atos antidemocráticos, e que estão sob sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF). Flávio alega que Calheiros divulgou parte das gravações durante a reunião da comissão que recebeu o ex-secretário especial de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wajngarten.
Na representação, Flávio Bolsonaro também afirma que o relator da CPI da Covid agiu de forma tendenciosa "buscando incriminar testemunhas, fazendo uso de provas obtidas de forma ilícita e ilegítima".
A denúncia do filho zero um do presidente Bolsonaro pode parecer fumaça, mas não há fogo suficiente para respaldá-la. No mais, surge como mi-mi-mi para tumultuar as investigações sobre as omissões e até possível corrupção do governo federal na compra de vacinas contra a covid-19.
Crime de abuso de autoridade deveria ser, em nome da presidência da República, se negar a vacinar e salvar vidas numa pandemia que já chegou a matar 3 mil pessoas por dia no Brasil, totalizando hoje quase 600 mil óbitos.
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