O presidente Jair Bolsonaro se elegeu em 2018 com o forte discurso contra corrupção. Surfou como salvador da Pátria no desgaste de seu maior opositor, o PT, enlameado até a alma com corrupção nos governos Lula e Dilma.
Não passou de balela.
O presidente aliou-se no Congresso Nacional ao Centrão, grupo que acolhe vários parlamentares envolvidos com corrupção, levando para a Casa Civil de seu governo um desses políticos cuja folha corrida é tão estarrecedora quanto a dos adversários que Bolsonaro tripudiou na eleição passada, em nome da ética e honestidade públicas.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), o novo ministro da Casa Civil, responde a cinco investigações derivadas da Lava Jato.
Em um dos casos até então desconhecidos, o senador é investigado pela suspeita de ter recebido pagamentos da OAS em troca de apoio a uma medida provisória no Senado. No outro, os investigadores apuram se Ciro exerceu influência na liberação de um financiamento para a Engevix na Caixa Econômica Federal.
Ciro já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República duas vezes: em um caso é acusado de receber propina de R$ 7,3 milhões da Odebrecht em troca de apoio no Congresso; em outro, é suspeito de obstruir investigações ao atuar para mudar depoimento de um ex-assessor do PP que colaborava com a Justiça.
As duas denúncias ainda não foram analisadas pelos ministros do Supremo. Ainda há um quinto inquérito contra o senador piauiense, no qual ele é investigado pelo recebimento de propina do grupo J&F para comprar apoio do PP à reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff.
Em suma: cadê o discurso de moralidade pública de Jair Bolsonaro?
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