Pior a emenda que o soneto, é a postura do presidente Jair Bolsonaro com relação ao Fundo Eleitoral, o qual subiu de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovada pelo congresso nacional e prevista para 2022.
A expectativa, criada pelo próprio Bolsonaro, era o veto a esse absurdo, mas ontem, 26, o presidente criou uma narrativa para garantir que o chamado “Fundão” seja de R$ 4 bilhões para a próxima eleição ano que vem.
"Vai ser vetado o excesso que a lei garante. A lei, quase R$ 4 bilhões o fundo, o extra de R$ 2 bilhões vai ser vetado. Se eu vetar o que está na lei eu estou em curso em crime de responsabilidade", disse Bolsonaro.
Pois, sim.
Crime de responsabilidade para preocupar o presidente deveria ser o de omissão às vacinas que salvam vidas e às medidas restritivas que previnem o povo do vírus da covid-19.
O cálculo para o aumento do Fundo Eleitoral foi definido pelo relator na LDO e significa a soma de 25% do valor das emendas de bancada dos dois últimos anos, acrescida dos recursos já destinados pelo Tribunal Superior Eleitoral, o que chega a R$ 5,3 bilhões, segundo as Consultorias de Orçamento do Senado e da Câmara.
Então, pela perspectiva de Bolsonaro, o valor “legal” seria R$ 5,3 bilhões e não R$ 4 bilhões, como ele informou. E quem pode mexer em R$ 1,3 milhão do chamado “valor legal” do “Fundão”, pode muito bem mexer em bem mais.
Ou seja, de balela em balela, o presidente vai construindo uma narrativa atrás da outra para manter “tudo como dantes, no quartel de Abrantes” e passar para a população que é o herói contra privilégios e corrupção no Brasil.
Os valores do fundo são repassados de forma proporcional à representatividade dos partidos no Congresso, ou seja: quem tem mais parlamentares recebe mais dinheiro.
Em tempo: R$ 5,7 bilhões ou R$ 4 bilhões para uma eleição em um país em pandemia, com 14,7% de sua população sem emprego, é, no mínimo, uma afronta à capacidade de pensar dos brasileiros.
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