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02/02/2019 às 10h30

Cultura

Xangô Rezado Alto celebra a resistência da cultura afro

Celebração aconteceu no Centro de Maceió. Foto: Pei Fon/ Secom Maceió


O Centro de Maceió abriu espaço, na tarde desta sexta-feira (1), para a oitava edição do Xangô Rezado Alto, evento organizado pela Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac). Após 107 anos do episódio Quebra de Xangô, a celebração chama atenção para a luta contra a intolerância religiosa. O cortejo reuniu religiosos de matriz africana e 15 grupos culturais selecionados por chamada pública.

Para o presidente da Fundação, Vinícius Palmeira, a iniciativa é para celebrar a diversidade e a cultura afro-brasileira. “Este é um momento importante para as comunidades de matriz africana de Maceió. O Quebra de Xangô é um marco na nossa história e é um convite à reflexão. Naquela época, todas as casas de culto foram destruídas e hoje estas comunidades, com o apoio da Prefeitura, saem às ruas para celebrar a memória em um rito de resistência e cultura”, pontuou.

Foram 15 grupos culturais em cortejo da Praça Dom Pedro II em direção à Praça dos Martírios. A programação começou ao som da Orquestra de Tambores e seguiu em caminhada pelo calçadão do Centro, onde quatro tablados foram posicionados para os grupos Taieiras Alagoanas, Baianas Ganga Zumba, Banda Afro Dendê, Coco Raízes Nordestinas, Banda Afro Zumbi e Banda Afro Afoxé se apresentaram. Já na Praça dos Martírios, o cortejo foi encerrado ao som dos tambores dos grupos Afoxé Oba Agodô, Maracatu Raízes da Tradição, Afoxé Odo Iyá, Afoxé Ofá Omim, Afoxé Ojum Omim Omorewá, Samba-de-roda K Posú Betá, Banda Afro Mandela e Companhia de Dança Aiê Orum.

O diretor de Produção da Fmac, Keyler Simões, explicou que os grupos foram selecionados por meio de uma chamada pública, em dezembro do ano passado, e a programação foi pensada em parceria com a comunidade. “Convidamos os grupos culturais e as casas religiosas para pensar essa programação. O formato é parecido com o dos anos anteriores, com concentração na Praça Dom Pedro II e em cortejo pelas ruas do Centro até a Praça dos Martírios, que é onde acontecem as apresentações principais. A Prefeitura entra com a parte de infraestrutura pois entende que é um evento não só cultural, mas também histórico e que marca uma posição contra a intolerância religiosa”, enfatizou.

“Quando a cidade reconhece a importância, nós percebemos o quanto que essas comunidades se sentem prestigiadas. Saem de suas casas e vêm fazer um grande cortejo pela cidade dizendo não à intolerância. É um momento de entendermos que somos diversos e que há espaço para todos na cidade de Maceió. A ideia da ação é justamente dizer não a intolerância e garantir a liberdade de pensar diferente do outro”, destacou o coordenador de Políticas Culturais da Fmac, Amaurício de Jesus.

Luiz Alberto é religioso de matriz africana e acredita que, apesar de o preconceito ainda existir, as novas gerações estão mais abertas para entender as diferenças no âmbito religioso. “Hoje já é mais fácil você falar sobre as religiões de matriz africana, usar trajes e contas no pescoço do que há alguns anos”, afirmou. “E esse é um momento que representa a resistência da religião de matriz africana. Nossos ancestrais lutaram para que estivéssemos aqui mostrando nossa cultura para todo mundo. A nossa luta contra a intolerância religiosa é diária. Nós sentimos o preconceito no trabalho, nas escolas e por isso é tão importante momentos como este”, completou.

O babalorixá Pai Jedilson vê o evento como uma forma de manter viva a memória do Quebra de Xangô. “Estamos aqui pedindo respeito e dizendo não a intolerância religiosa. Com a Quebra de Xangô, os povos de matriz africana foram impedidos de expressar suas crenças e professar sua fé. É muito importante contar com a parceria da Prefeitura de Maceió para dar respaldo para o nosso movimento”, expressou.

“Quebra de Xangô”

O episódio conhecido como Quebra de Xangô aconteceu no dia 2 de fevereiro de 1912, quando casas de culto de matriz africana de Maceió e de outras cidades alagoanas tiveram paramentos e objetos sagrados retirados de templos religiosos, expostos e queimados em praça pública.


Fonte: Secom/Maceió

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