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22/03/2019 às 08h48

Cultura

Mestra Anadeje relembra sua trajetória que se confunde com a história do grupo Leão Trovador

Patrimônio Vivo do Estado se emociona ao relembrar o início de sua carreira

Divulgação

Ariane Félix - Colaboradora*

Aos cinco anos de idade Mestra Anadeje conhece os folguedos alagoanos. Sua história de vida se confunde com a frequência das reuniões que sua mãe frequentara. Mestra Vitória levava a filha ainda na tenra idade para assistir as apresentações populares do grupo Leão Devorador, que se reúne no bairro da Chã Preta e atualmente é coordenado pela Mestra Anadeje, desde o falecimento de sua mãe.

Destrinchar a trajetória de Anadeje sem citar seus pais é quase um pecado. Anadeje foi influenciada por eles e se tornou o que é hoje graças a cultura que recebeu logo na primeira infância. O acesso aos folguedos, sem dúvidas, foi determinante para sua escolha na  juventude:  seguir a tradição passada de pai para filho(a).

“A minha mãe dançava guerreiro e eu sempre acompanhava . Com dez anos de idade comecei a dançar, a brincar e nunca esqueci o que aprendi com minha mãe .Eu trabalho hoje por conta da minha mãe, ela faleceu e passou o legado para mim’, afirma Anadeje.

Ícone dos folguedos em Alagoas, a Patrimônio Vivo é sem dúvidas o símbolo de resistência no que tange a perseverança na busca pela consolidação do Leão Devorador,  fundado por seus pais, Mestra Vitória e José Tenório, no bairro da Chã de jaqueira, em 1988.

“É uma brincadeira que acho bonita, que tem que fazer, o povo sempre procura, liga para mim. ”

 Anadeje enaltece o fato de sua mãe fazer parte da memória e ser referência para os alagoanos em relação aos folguedos. Declara ainda que o trabalho começado há décadas  abriu portas para que ela fizesse seu trabalho hoje.

“O meu trabalho é muito reconhecido, dos guerreiros que existiam na época da minha mãe e que hoje ainda existem. o mais conhecido foi o da minha mãe, ela viajou para muitos locais, passou quase dois meses apresentando os folguedos fora, em São Paulo, Maceió... 

Quando perguntada sobre os desafios que encontra em dar continuidade com os folguedos, dona Anadeje afirma que é um pouco difícil por que  quase todos  os mestres já morreram  e fica difícil encontrar encontrar substitutos, principalmente na cantoria do folguedo.

“Se eu tivesse saúde para cantar, pernas para caminhar eu não tinha parado. A questão é que eu não consigo, tem que ter uma pessoa para me acompanhar, que ajude em alguma coisa no guerreiro, fazer tudo sozinha não dá mais para mim. Até as roupas são confeccionadas por mim.”

A mestra  lamenta o fato da saúde estar debilitada e as doenças chegando. 

“Eu não estou continuando a dançar por que já morreu muita gente no terreiro, né, eu não posso também, eu canto guerreiro, eu brinco, mas eu não estou podendo por que estou com osteoporose,  estou sem forças para andar e dançar. Estou com algumas dificuldades terríveis, mas sempre estou de pé.  Só peço a Deus que me dê saúde”, completa.

Dona Anadeje se tornou Patrimônio Vivo De Alagoas em três de agosto de 2011. Toda  sua bagagem acumulada durante uma vida foi mostrada para os responsáveis na Secretaria de Cultura do Estado que pediram seu material de divulgação. 

“Para entrar no Patrimônio Vivo,  a pessoa tem que ter o que mostrar (cd, dvd), entender o que é , e o que cada um faz no guerreiro. Os brincantes não têm nada a ver, o negócio é o dono, que tem que saber fazer alguma coisa”.

Diversos grupos são avaliados em Brasília para definição de novos Patrimônios Vivos. 

 “Minha mãe ainda vida, já doente, me repassou o legado .  Dona Josefina que é da secretaria,  disse que minha mãe havia passado o legado para mim e que o guerreiro era meu. Passados dois anos ela me convidou para ser Patrimônio Vivo, levou minha foto, CD, DVD, meus documentos e levou para Brasília, quando fui aprovada” completa.

*Sob supervisão da Editoria

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