Embora American Pie: O Retorno continue seguindo a mesma linha de comédia, com cenas ultrajantes, o quarto filme da saga, que estreia nesta sexta-feira (20) no Brasil, também apresenta situações mais sérias, em que os personagens, mais maduros, demonstram outros tipos de emoções.
Em entrevista ao Terra, em Londres, os diretores Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg contam que a mistura não para por aí. American Pie: O Reencontro reúne elementos dos anos 90 e também atuais.
Terra - Como foi dirigir American Pie - O Reencontro?
Jon Hurwitz - Nós sempre fomos grandes fãs de American Pie. O primeiro filme saiu quando estávamos ainda na faculdade, mais ou menos um ano depois de termos começado a escrever juntos. American Pie era o que tentávamos escrever naquele tempo, algo escrito por jovens voltado para jovens, ou seja, uma comédia ultrajante, mostrando pessoas passando por aquilo que estávamos passando. Quando vimos o filme, lembramos de nossos amigos na vida real. Sem American Pie nós nunca teríamos escrito os filmes Harold & Kumar. Somos fãs de Finch (personagem interpretado por Eddie Kaye) e decidimos chamá-lo para Harold & Kumar. Quando ouvimos falar sobre um novo American Pie, ficamos super entusiasmados e, semanas depois, quando recebemos uma ligação da Universal perguntando se topávamos pegar a franquia, escrever e dirigir o filme, aceitamos na hora. Foi interessante para nós porque há semelhanças entre American Pie e Harold & Kumar, mas os filmes American Pie são mais pé no chão, você vê cenas românticas, enquanto que Harold & Kumar são mais satíricos.
Terra - Nesse último American Pie há o luto do pai de Jim.
Hayden Schlossberg - Sim, gostamos desse aspecto do filme. Os personagens que o público viu como adolescentes, perdendo a virgindade, agora têm 30 anos, novas namoradas. É engraçado, porque temos esse lado novo, mas ao mesmo tempo tem aquele lado mais chocante.
Hurwitz - Nós somos grandes fãs de Eugene Levy (que interpreta o pai de Jim). Quando conseguimos escalar ele para o filme, decidimos que iríamos aproveitar seu talento da melhor maneira possível. Então, em vez de o pai apenas aconselhar o filho, achamos que poderíamos incluir cenas mais sérias e logo decidimos pela morte da mãe de Jim. O personagem de Eugene se sente sozinho e Jim consegue ver o pai mais como um ser humano, pode dar alguns conselhos a ele.
Terra - E há muitas cenas cômicas envolvendo o pai de Jim, como aquela em que ele tem as sobrancelhas delineadas.
Schlossberg - A ideia original era que as sobrancelhas fossem completamente redesenhadas, que ele perdesse bastante pelos, não apenas o excesso. Nós faríamos isso com maquiagem. Mas, mais adiante no filme, nós tínhamos cenas que não são necessariamente cômicas e achamos que as pessoas não levariam ele a sério, então optamos por fazer algo mais discreto.
Terra - Vocês têm alguma alguma cena cômica favorita?
Schlossberg - Uma das coisas mais engraçadas no filme é o fato de Stifler agora dormir com a mãe de Finch. Nós queríamos que Stifler continuasse engraçado, que ele fosse o cara que não tivesse mudado, mas nós queríamos mostrar que o mundo em volta dele mudou. Stifler é o azarado, as pessoas sentem por ele. Por mais que o público ficasse feliz por Finch ter dormido com a mãe de Stifler no primeiro filme, elas ficavam com pena de Stifler. E agora ele finalmente se vinga de Finch, de uma maneira engraçada.
As cenas são como filhos, nós amamos todas, mas eu adoro aquela última em que Eugene e Jennifer (Jennifer Coolidge, que interpreta a mãe de Stifler) aparecem no cinema com as pipocas. Há pouco diálogo e funciona quase como se fosse cinema mudo. Os atores, de 50 ou 60 e poucos anos, agem como adolescentes no cinema. No início, a cena é bem doce, mas depois fica bem suja.
Terra - Foi difícil reunir todo o elenco para esse filme?
Hurwitz - Não foi a coisa mais fácil do mundo. Começamos vendo se todos estavam interessados. Acho que eles só queriam se certificar de que fosse um bom filme. Então, sentamos com a maioria deles antes de escrever o roteiro, para falarmos sobre nossas ideias. E eles amaram o que acontece com seus personagens. Quando escrevemos o roteiro, todos quiseram participar. Depois disso, foi só uma questão logística, ver se todos tinham disponibilidade em determinadas datas.
Terra - Vocês discutiram com os atores até onde eles topariam ir?
Schlossberg - Nós só precisamos falar com Jason (Biggs) a respeito disso. Na verdade, ele é que começou a nos desafiar a fazer uma cena que desse o que falar. Nós já tínhamos vários ótimos momentos pra ele, mas não aquela cena em que ele aparece nu. E ele sempre nos disse que toparia fazer tudo por comédia, desde que fosse engraçado. E então nós propusemos a cena em que aparece o pênis dele. Quando ele leu o roteiro, topou na hora. Em momento algum pediu dublê.
Terra - Esse último filme traz elementos dos anos 90 e também atuais, como novas tecnologias. Como vocês planejaram isso?
Schlossberg - Nós queríamos criar um senso de nostalgia e, ao mesmo tempo, colocar os personagens nos dias atuais. Fizemos isso com a música. Colocamos várias músicas dos anos 90 e também atuais, que estão tocando nas rádios. Hoje em dia temos Facebook e telefones celulares. Queríamos mostrar o contraste entre os anos 90 e agora.
Terra - Vocês planejam fazer outro filme da série?
Hurwitz - Nunca se sabe. O que posso dizer é que nós amamos esses personagens e os atores também amam eles.
Schlossberg - Depende da decisão do estúdio. Os atores se divertiram fazendo esse último, então é bem possível, mas vamos ver.
Fonte: Terra