O Banco Central (BC) passará a divulgar como votou cada integrante do Comitê de Política Monetária (Copom) a partir da próxima reunião do colegiado, marcada para 29 e 30 deste mês. Até então, quando havia divergência em torno do patamar da taxa Selic, o BC só informava o número de defensores de cada proposta.
A obrigatoriedade de divulgação foi estabelecida nesta quarta-feira, em novo regulamento do comitê . Os votos de cada membro do Copom serão conhecidos no próprio dia da decisão no comunicado emitido ao fim de cada reunião. A ata, divulgada sempre na quinta-feira da semana seguinte, também trará detalhes sobre a votação.
Segundo o BC, a alteração do regulamento visa adequá-lo às regras e diretrizes da nova Lei de Acesso às Informações, que já deve ser observada por todos os órgãos públicos.
A diretoria colegiada também decidiu divulgar as informações, apresentações e documentos que subsidiam as reuniões após quatro anos. Ou seja, todo o debate interno do BC no processo de definição da taxa básica de juros virá a público, ainda que com defasagem de alguns anos.
Inspiração nos EUA e na Inglaterra
A mudança no Copom faz com que o BC brasileiro passe a adotar procedimento semelhante ao usado nas mais tradicionais autoridades monetárias do planeta, como nos Estados Unidos e Inglaterra.
No Federal Reserve, os comunicados distribuídos após as decisões do comitê de política monetária citam o voto de cada um dos membros. Em 25 de abril, por exemplo, a instituição decidiu manter o juro básico entre 0% e 0,25%. Além da manutenção da taxa neste patamar, o grupo citou a perspectiva "de níveis baixos para a taxa" pelo menos até 2014.
O comunicado distribuído após a decisão dizia que a decisão foi tomada por nove votos a favor e um contra. Entre os que votaram a favor, estavam o presidente Ben Bernanke e o vice-presidente William Dudley. O único que votou contra foi Jeffrey Lacker que, segundo o documento, não prevê que as condições econômicas garantirão níveis excepcionalmente baixos dos juros até o fim de 2014.
No Banco da Inglaterra, as decisões também são nominais e detalhadas nos documentos distribuídos pela instituição. Lá, além dos votos para o rumo do juro básico da economia, são detalhadas outras medidas como a estratégia de compra de ativos ou "quantitative easing", conhecido com QE.
Fonte: IG