Após alguns anos trabalhando para registrar a Indicação Geográfica (IG) da Própolis Vermelha dos Manguezais de Alagoas, agricultores dos17 municípios que produzem e comercializam o produto já podem comemorar. Na última semana, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) reconheceu como puramente alagoana, na modalidade Denominação de Origem, esse tipo diferente de própolis.
O registro, reconhecido internacionalmente, serve como uma forma de proteção daquilo que é produzido numa certa região, que tem algum reconhecimento histórico ou tem sua qualidade intrinsecamente ligada ao meio onde é produzido, e é composto por um selo que permite a utilização de um nome geográfico, indicando a origem de um determinado produto ou serviço.
A própolis alagoana é uma substância de cor vermelha, com cheiro balsâmico, derivada da resina da Dalbergia Ecastophyllum, conhecida como “rabo de bugio”, transportada para a colmeia pelas abelhas e modificada pelas enzimas do animal.
Ela se difere dos outros tipos de própolis produzidos nos estados da Bahia, Paraíba e Espírito Santo, por exemplo, por ter em sua composição algumas substâncias diferentes nunca antes encontradas em outra própolis no mundo, que têm propriedades médicas comprovadas, como ação antimicrobiana, antiinflamatória, antioxidante, cicatrizante, antitumoral, além de combaterem as cáries.
Os registros concedidos para os produtos foram “Própolis Vermelha” e “Extrato de Própolis Vermelha”. Atualmente, além das propriedades médicas identificadas, o produto já vem sendo utilizado para a confecção de sabonetes, e, em breve, deve ser usado em cosméticos.
Amanda Bentes, analista de Agronegócio do Sebrae em Alagoas, explica que a IG é um grande avanço para a apicultura do estado e do Brasil, sendo a primeira denominação de origem do setor e a terceira do país. “Por muito tempo a própolis foi desconhecida. Agora, Alagoas passa a ser reconhecida como o único produtor da própolis vermelha certificada no mundo, fato que protegerá a nossa biodiversidade e trará mais desenvolvimento ao nosso estado. Hoje, 140 produtores são atendidos no Sebrae”, afirma.
A analista destaca, ainda, o aumento da visibilidade que o produto terá com a certificação. Hoje, o Japão, após mandar representantes para pesquisar a própolis vermelha de Alagoas, já a utiliza em tratamentos bucais, na produção de solução de bochecho, em balas, chocolates, entre outros produtos.
Como tudo começou
José Marinho, mais conhecido como Seu Marinho, é natural de Marechal Deodoro e trabalha com apicultura há quase trinta anos. Curioso, ele sempre se questionava sobre aquele “grude” que aparecia nas colméias e que era jogado fora. Como ele sempre participou de congressos sobre apicultura, ele passou a levar consigo uma pequena amostra da substância para saber o que era e para que aquilo servia.
Depois de algum tempo, ele descobriu que aquele líquido pastoso produzido pelas abelhas era, nada mais, nada menos, que a própolis vermelha. A partir da descoberta, ele começou a entregar a pesquisadores e cientistas pequenas amostras para que eles estudassem suas propriedades e finalidades.
Mas foi em um congresso em Campo Grande que ele foi apresentado à professora Maria Cristina Marcucci, pesquisadora específica da própolis. Após alguns estudos, ela descobriu que o produto descoberto por Seu Marinho possuía uma ação vinte vezes mais rápida que a própolis verde, e que ela poderia proporcionar diversos benefícios à saúde. Com a divulgação da pesquisa, os laboratórios começaram a utilizar a própolis vermelha para a fabricação de medicamentos.
Hoje, com todas as utilidades descobertas para a própolis, Seu Marinho considera que seu objetivo foi alcançado: fazer com que um produto local fosse utilizado para o benefício de todos.
Certificação
A Indicação Geográfica (IG) possui duas modalidades: Indicação de Procedência e Denominação de Origem. A primeira corresponde ao nome geográfico de um país, cidade, região ou uma localidade que se tornou conhecido como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de serviço.
Já a Denominação de Origem diz respeito ao nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de território que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.
Nas fases de certificação da própolis vermelha, o Sebrae orientou, documentou e iniciou o processo de proteção do produto. Juntamente com produtores e parceiros, foram feitos estudos para delimitação da área e estabelecimento de normas de produção. Além disso, foi criada a União dos Produtores de Própolis Vermelha do Estado de Alagoas (Uniprópolis), uma associação formada por produtores e empresários.
Fonte: Divulgação