O olhar atento da plateia para os movimentos da bailarina Luciana Caetano, durante a apresentação de “Adobe”, na noite desta sexta-feira (13), no Teatro Jofre Soares (Sesc Centro), evidenciava o interesse do público pelas técnicas de dança contemporânea que dão forma ao espetáculo. A performance explora símbolos e elementos da cultura afro-brasileira, enfocando as raízes ancestrais de mulheres negras.
A apresentação solo de dança parte de pesquisas sobre as origens históricas afro-brasileiras, mas também de vivências pessoais de Luciana que são compartilhadas em um ponto mais intimista do espetáculo, um momento de partilha de comidas regionais e de memórias que estão no passado da artista, com a participação de 12 pessoas da plateia convidadas a subir ao palco para ver e ouvir de perto as memórias ancestrais.
“Falar sobre as influências que as mulheres da minha família exerceram sobre mim já era um desejo. Na aproximação dos meus 50 anos (em 2019), esse desejo aflorou mais forte. Entendi que era o momento”, disse a bailarina, intérprete e professora de dança.
Em solo alagoano, depois de interpretar “Adobe” em diversos palcos do país, a artista celebra o espaço que o Sesc tem concedido para a arte negra brasileira. “Está sendo muito importante, emocionante e potente participar desta edição do Palco Giratório, em que tantas produções pretas compõem a programação. Incrivelmente todas tratando sobre as histórias do nosso povo. Acredito que 2024 está sendo e será um marco na história do Sesc. Estou muito feliz!”, afirmou.
O artista alagoano Antônio Henrique, que há anos frequenta a programação do Palco Giratório, disse que se sentiu conectado ao espetáculo, do começo ao fim. “Eu me identifiquei muito com o espetáculo, porque eu sou artista e sou negro. Tenho avós negros. Não tenho palavras para descrever o quanto é bom ver o corpo negro em cena, porque a gente está mais acostumado, aqui em Alagoas, a ver o corpo europeu fazendo esses grandes trabalhos”, comentou.
“Adobe”, do Grupo Solo de Dança (GO), é o terceiro e último espetáculo da programação local do Palco Giratório, uma ação nacional do Sesc que contribui para o intercâmbio e a difusão das artes cênicas no país, democratizando o acesso do público à produção artístico-cultural brasileira, inclusive, em áreas mais afastadas dos centros urbanos.
A programação de apresentações teatrais do projeto contou, ainda, com as atrações “Mar Acá”, espetáculo de circo do Grupo Locômbia Teatro de Andanças (RR), e a peça de teatro “Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo”, do Núcleo Atmosfera (MA). A segunda apresentação de “Adobe”, neste sábado (14), às 20h, encerra o Palco Giratório 2024, em Alagoas.
Fonte: Assessoria