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26/11/2024 às 14h40

Entretenimento

Wado transforma ícones de Alagoas em super-heróis na exposição 'Mitologia Alagoana'

A mostra, com 20 telas inéditas, reinterpreta figuras históricas e culturais do estado como personagens do universo dos quadrinhos, e abre para visitação nesta quinta-feira (28), no Museu da Imagem e do Som de Alagoas

Na exposição, figuras ilustres do passado se encontram lado a lado com personalidades contemporâneas - Assessoria

Após sucesso em Penedo, a exposição Mitologia Alagoana, assinada pelo cantor e artista plástico Wado, será aberta para visitações nesta quinta-feira (28), às 19h, no Museu da Imagem e do Som de Alagoas (Misa), no bairro Jaraguá, em Maceió. A mostra reúne 20 telas inéditas, com dimensões de 1m x 0,70m, que refletem o estilo singular do artista, conhecido por alternar os palcos musicais com as galerias de arte, em sua sexta exposição desde 2017.

Desta vez, a proposta é retratar, com bom humor, nomes marcantes da história e da cultura alagoana como se fossem personagens do universo dos quadrinhos – verdadeiros heróis da vida real, capazes de inspirar tanto as novas quanto as velhas gerações em um mundo cada vez mais carente de exemplos autênticos.

Na exposição, figuras ilustres do passado se encontram lado a lado com personalidades contemporâneas. A médica psiquiatra Nise da Silveira, por exemplo, é transformada na Mulher Invisível; a jogadora Marta assume o papel de uma versão feminina de Thor; e Deodoro da Fonseca é retratado com as imponentes feições de Thanos. 

Em uma rica paleta de referências, Wado transforma músicos, escritores, intelectuais e figuras históricas em super-heróis, borrando os limites do senso comum e provocando novas percepções no campo da memória e da imaginação. “Além do prazer artístico de voltar a pintar, a exposição me permite compartilhar reflexões sobre quem somos enquanto viventes das Alagoas por meio dessas figuras extraordinárias. Cada um, à sua medida, determinante para a compreensão de nossa trajetória enquanto povo, enquanto gente”, reflete o artista.

Na galeria de heróis, nomes icônicos ganham novas formas: os consagrados Hermeto Pascoal e Jacinto Silva se transformam, respectivamente, em O Coisa e Tocha Humana; o historiador Abelardo Duarte encarna a força do Demolidor; a artista transgênero Danny Bond empunha o laço da Mulher Maravilha; o cantor Givly Simmons (dos Figueroas) desliza na prancha do Surfista Prateado; e o jornalista Enio Lins ressurge como o Visão.

E tem mais: figuras mitológicas locais também ganham vida como super-heróis. Corisco é retratado como Wolverine; o Moleque Namorador veste o traje do Homem-Aranha; e Zumbi dos Palmares surge poderoso na pele do Pantera Negra.

O conjunto da exposição busca iluminar o amor-próprio do povo alagoano por meio da ressignificação bem-humorada de alguns dos principais protagonistas da cultura local. Além dos heróis clássicos da DC Comics e da Marvel, Wado se inspira em HQs de mestres como Jack Kirby, Bob Kane (Batman) e Martin Nodell (Lanterna Verde), combinando esses elementos com a estética contemporânea da arte urbana, representada por nomes como o australiano Anthony Lister.

Quadros levados pela chuva

Ao longo da gestação, Mitologia Alagoana sofreu baixas após um temporal inundar o ateliê onde Wado elabora e guarda as pinturas – todas em papel Kraft com tinta acrílica e spray. Três quadros foram perdidos. “Inicialmente foi um choque porque estavam entre as melhores obras que já produzi. O destino quis assim, quis que eu refizesse”, comenta Wado.

A boa nova é que a exposição ganhou cinco quadros a mais que a temporada exibida em Penedo. A folclórica Miss Paripueira como Arlequina, a brincante Mestra Hilda como Vixen e a ialorixá Mãe Neide foram recriadas. Entre as novidades, o ambientalista e militante político Octávio Brandão restaura ecossistemas com o raio do Lanterna Verde e o artista plástico Delson Uchôa se torna o Capitão América do Sul.

Visitas guiadas 

A exposição também convidou turmas com alunos da rede pública de ensino para visitas guiadas com o artista. Durante o passeio pelas obras, Wado fala sobre inspirações, técnicas e materiais utilizados, bem como repassa o papel histórico dos personagens e das personalidades homenageados.

“Conceitualmente, a exposição busca provocar a fruição de conhecimentos sobre figuras icônicas da história e da cultura local – nomes relevantes, com contribuições marcantes, que extrapolam as divisas do estado e as fronteiras do país, mas, muitas vezes, bem distantes do repertório e do imaginário popular, principalmente das novas gerações”, declara Wado.

Ao agrupar indivíduos com representatividade histórica e cultural tão ampla e diversificada e vesti-los como personagens consagrados pela linguagem dos quadrinhos e da cultura pop, a mostra destrava a intimidade com o público aproximando-o de sua própria história. Um convite à reflexão sobre conceitos como identidade, cidadania e autoestima.

Além de audiodescrição permanente – sob narração da cantora Cris Braun –, Mitologia Alagoana contará com intérprete de libras e acessibilidade atitudinal na abertura e nas sessões com o artista.

Mitologia Alagoana tem patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), por meio da Lei Rouanet, do Ministério da Cultura (MinC), do Governo Federal, além de contar com apoio Governo de Alagoas, através da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult).

Sobre o artista 

Wado (47) é compositor, artista visual, jornalista, ilustrador e músico com 15 discos lançados em 23 anos de carreira, com passagens por palcos brasileiros e internacionais. O artista tem audiência mensal no streaming superior a 80 mil ouvintes, além de músicas com mais de um milhão de plays em plataformas como Spotify.

Como compositor, já teve faixas gravadas por Zeca Baleiro, Chico César, Maria Alcina, Marcelo Camelo e Marcos Valle, entre outros. Seu nono álbum, Ivete (2016), mergulhou no mundo do axé e se firmou entre os melhores do ano e chamando a atenção até mesmo da musa do ritmo baiano, responsável por nomear o CD.

Já nas artes visuais, o traço singular de Wado é marca que o acompanha desde a estreia com a exposição Experimento, em 2017. A carreira como compositor começou a dividir espaço com a de artista visual a partir do sucesso da mostra seguinte, Escamas, selecionada em edital do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) na categoria Cessão de Espaço para exibição em Belo Horizonte e Brasília. 

Na sequência vieram as exposições Euforia (2018), em parceria com Pedro Lucena; Fungos (2019); Semiáridos, em parceria com SerTão Encantado (2019), e Nuvem (2021) – esta última disponível para visitação virtual no site www.wado.com.br.   


Fonte: Ascom Secult com Assessoria

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