Dólar com. 5.0131
IBovespa 0.58
28 de março de 2024
min. 23º máx. 32º Maceió
chuva rápida
Agora no Painel Caixa termina de pagar parcela de março do novo Bolsa Família
25/08/2020 às 14h30

Esporte

Cientista defende plano estratégico para conter violência de torcidas

Paulo Murad defende que ações devem ir além da repressão

O cientista social Mauricio Murad afirma que as redes sociais potencializam os choques entre gangues de torcedores - Acervo/EBC

O campeonato brasileiro está apenas na quinta rodada e duas mortes já foram registradas após brigas entre torcidas. Em 2019, ao longo da competição nacional, nove óbitos e outros três estão em  investigação de acordo com o sociólogo Maurício Murad. “Podemos chegar a 12, o que é uma média alta”, analisa o pesquisador que há 30 anos estuda o comportamento e a violência entre os torcedores de futebol. “Precisamos de um plano estratégico com ações de curto, médio e longo prazo. Ele deve envolver repressão, prevenção, educação e a criação de uma cultura de paz, na qual se veja o time contrário como adversário, e não um inimigo a ser aniquilado”. Entre as medidas elencadas, a criação de um disque-denúncia especializado, monitoramento das redes sociais, campanhas com ídolos do passado e do presente e inteligência para identificar e punir os bandidos.   

Professor aposentado da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Murad alerta que grupos criminosos infiltraram-se nas torcidas organizadas, assim como em outras manifestações populares que reúnam multidões. “São minorias violentas e cruéis, cerca de 5% dos integrantes dessas associações, que precisam sofrer a mão dura do Estado. O cidadão não pode perder o direito ao lazer e ao ir e vir, ficando à mercê dessa turma que tem armas e drogas. É preciso separar o joio do trigo”, aponta, criticando as políticas paliativas das autoridades, como adotar torcida única ou dissolver as facções organizadas. “Em 94% das vezes, os conflitos ocorrem longe dos estádios. Agora, com a pandemia [de covid-19] nem há público, mesmo assim as tragédias seguem ocorrendo entre jovens na faixa etária dos 16 aos 25”.

No último domingo (23), a cerca de 38 quilômetros de distância do estádio Morumbi onde jogavam Palmeiras e Santos, duas pessoas morreram confronto entre torcidas. As vítimas baleadas tinham 22 e 21 anos e o suspeito dos disparos 21. “Hoje com a covid-19, fala-se muito em ouvir as ciências médicas, mas também precisamos respeitar as ciências sociais. Esta violência no futebol insere-se dentro do contexto brasileiro em que as milícias e o Primeiro Comando da Capital (PCC) espalharam-se pelo país, assim como o tráfico. O crack, por exemplo, está presente em 99,9% dos 5570 municípios brasileiros”, afirma Murad, lembrando que as redes sociais potencializam os choques entre as gangues e que o Campeonato Brasileiro é o momento em que se acirram as rivalidades e acontecem parcerias entre torcidas de diferentes estados. “Elas se unem para lutar contra algum inimigo em comum. Sob o anonimato da internet, com perfis falsos, adicionam provocações e, inclusive, enganam a polícia marcando confrontos fakes para despistar. Esse campo virtual precisa ser ocupado pela segurança pública, que necessita receber investimentos para prevenir os problemas, porque vai trazer mais economia e eficiência. Não pode ter paternalismo com esses caras, mas só a repressão não basta. Esta sangria precisa ser estancada e o futebol, um patrimônio coletivo da nossa cultura, preservado e livre desses grupelhos delituosos”. 


Fonte: Agência Brasil

Todos os direitos reservados
- 2009-2024 Press Comunicações S/S
Tel: (82) 3313-7566
[email protected]