Diz o ditado que “quem canta, seus males espanta”. Para dois corais formados por alunos da rede pública estadual de Maceió, a música foi o caminho para estreitar laços de amizade, superar limitações e mudar o comportamento e visão de mundo de muitos jovens.
Na Escola Estadual Moreira e Silva, no Cepa, o Coral Tom Jovem tem agenda lotada para os próximos meses. Em sua apresentação mais recente, no dia 31 de outubro, o grupo, sob a condução do professor Luciano Peixoto, promoveu seu terceiro recital para inaugurar o recém-reformado auditório da unidade de ensino.
Com vários clássicos do cancioneiro popular em seu repertório, o grupo encantou o público presente pela beleza e afinação de suas vozes. “Não há uma única vez em que eles se apresentem e nós não nos emocionemos”, garante a diretora-geral Ely Quintella. “Além disso, o grupo é formado por alunos e ex-alunos que fortalecem seus laços com esta grande família que é o Moreira e Silva”, complementou a gestora.
Com seis anos de existência, o grupo ensaia duas vezes por semana e, segundo o condutor Luciano Peixoto, a evolução não é perceptível apenas no aspecto musical. “O coro traz disciplina, mas também socialização e integração. Aqueles que, inicialmente, eram mais retraídos deixaram a timidez de lado e desenvolveram suas habilidades de uma forma impressionante”, observa Luciano, que também atua no coral e no grupo de flauta doce da Escola Estadual Cyro Accioly.
Uma grande família
Na Escola Estadual Josefa da Conceição, no Canaã, o Coral Cantar é Melhor que Reclamar não tem espaço na agenda de apresentações até o fim do ano. Mas quem vê o afinado grupo de meninos e meninas não imagina que o mesmo surgiu a partir de um projeto para combater a evasão e problemas de comportamento.
Segundo relata a diretora-geral e condutora do coro, Carla Mendonça, o grupo de apoio, que existe há cinco anos, transformou-se em um coral a partir do interesse que os alunos começaram a demonstrar pela música. Os bons resultados não demoraram a aparecer.
“Após o coral, os meninos tiveram avanços significativos em suas notas, a interação com os colegas e professores melhorou e a evasão diminuiu em 90%. Além disso, o projeto reaproximou as famílias da escola. Para mim, o mais gratificante de tudo isto é ver vidas restauradas”, contou a diretora-geral.
Carla Mendonça costuma dizer que o coral é uma grande família. E ela não afirma isto por mera força de expressão: além de abrir a sua casa para os ensaios do grupo, seu esposo, que é coordenador da unidade de ensino, e a filha Maria Vitória, também acompanham o coral. A menina inclusive chega a se apresentar com o grupo. “Gosto muito de cantar e sempre que posso estou junto com o coral”, diz Maria Vitória, que tem oito anos de idade.
Aos 18 anos, Wilson Galdino foi um dos estudantes que teve a vida transformada pela música. A partir do convite de amigos, apaixonou-se pelo coral e, instantaneamente, percebeu que precisava estar ali.
“Quando vi eles cantando fiquei emocionado e percebi que tinha que participar daquele coral. Eu queria mudar meu jeito de ser. Hoje, minhas notas melhoram muito e, no futuro, quero fazer o Enem, ter uma profissão”, conta Wilson.
Integração
Mônica Sarmento, gerente da 13ª Gerência Regional de Educação (Gere), órgão ao qual as duas escolas estão ligadas, ressalta a importância das manifestações culturais no meio estudantil e aponta os benefícios que estes grupos trazem para o desenvolvimento dos jovens.
“Estes grupos fortalecem os laços entre os alunos e as unidades de ensino e também revelam muitos talentos. Muitos artistas famosos na atualidade, descobriram sua vocação na escola. Além disso, atividades como estas motivam o aluno, que se sente mais estimulado para vir estar na escola”, avalia MônicaSarmento.
Fonte: Agência Alagoas