Por Dora Nunes, de Brasília
A primeira residência oficial do Presidente Juscelino Kubitschek na época da construção de Brasília – o Catetinho – é um dos pontos turisticos mais relevantes na Capital Federal pela importância que teve durante a construção da cidade. Primeiro prédio tombado da nova capital é um dos monumentos históricos em Brasília que mantém o melhor estado de conservação. O espaço simples e funcional foi o primeiro projeto de Niemeyer para a cidade e única edificação projetada pelo arquiteto toda em madeira, motivo pelo qual ficou conhecido também como o “Palácio de Tábuas”.
O Catetinho levou apenas 10 dias para ser construído, em novembro de 1956. Três anos depois, em julho de 1959, a construção foi definitivamente tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). E em 1970, foi transformado em museu. O nome foi escolhido em alusão ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, que abrigava a Presidência da República.
Em 10 de novembro de 1956, o Catetinho foi inaugurado com a participação do presidente JK, que na ocasião assinou também o primeiro despacho presidencial no local. Até 1959, o Palácio da tábuas foi utilizado como residência oficial do presidente e recebeu personalidades que visitavam a cidade em construção como o presidente de Portugal, Craveiro Lopes e a Rainha Elizabeth II, da Inglaterra. Também foram abrigados ali diretores e engenheiros da Novacap* como Bernardo Sayão e Israel Pinheiro, assim como o próprio Oscar Niemeyer.
O Catetinho foi planejado sem pompas para que o Presidente não se distanciasse dos trabalhadores que construiam Brasilia e viviam em barracos e tendas, servindo também de ponto de apoio para os pioneiros que trabalhavam na construção da nova capital federal. Em seu entorno, até a inauguração da cidade em abril de 1960, reunia ainda um núcleo com serviços de radiofonia e radiotelegrafia e um campo de pouso.
O Museu
A visita ao Catetinho proporciona ao público um testemunho vivo da grande aventura que foi a construção da cidade. Os cômodos mantêm a decoração de época e o visitante poderá ver os quartos de Juscelino, Oscar Niemeyer e Bernando Sayão. Na parte superior está a suíte presidencial, os quartos dos hóspedes e a sala de despachos do presidente, com imagens fotográficas, roupas e objetos pessoais. Na parte inferior, a cozinha e a sala de refeições. Entres os objetos pertencentes ao presidente e à primeira-dama, Sarah Kubitschek, o vestido original feito especialmente para o baile de posse do marido. Totalmente preservado e restaurado, o Catetinho guarda lembranças dos anos que serviu aos que vieram para tornar a nova capital realidade.
Vinícius e Tom
Reza a lenda que a fonte existente na área de preservação ambiental do cerrado na qual está localizado o Palácio do Catetinho, serviu de inspiração para ninguém menos que a dupla Vinicius de Moraes e Tom Jobim na música “Água de Beber”, durante uma visita dos dois ao local. Quem nos conta é José Luiz, servidor de carreira da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, um apaixonado pela história do Palácio e também guia do Museu. José Luiz diz que a expressão “camará” usada repetidamente na canção vem do sotaque de Minas Gerais - terra natal de JK - no qual as pessoas costumam “engolir” as últimas sílabas das palavras. Segundo ele, a palavra quer dizer “camarada”.
*A Novacap foi a empresa pública criada para tocar a obra de construção de Brasilia. Teve como diretores Bernardo Sayão, Íris Meinberg, Ernesto Silva e Israel Pinheiro. A empresa era responsável pelas obras públicas e urbanização, de fornecimento de energia, abastecimento de água, tratamento de esgoto e a administração das terras públicas do Distrito Federal.
Serviço
O Museu do Catetinho está aberto para visitação pública de terça a domingo, das 9h às 17h. A entrada é franca.
Endereço: Km 0 – BR 040 / Gama – DF
Fonte: Painel Alagoas