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15/07/2019 às 08h08

Geral

“A Última Ceia” alimenta mistérios através dos séculos

Obra produzida entre 1495 e 1498, marcou o período de especial atividade na vida de Leonardo Da Vinci

Dora Nunes

Por Dora Nunes, de Milão

“Digo-lhes que certamente um de vocês me trairá”, essas teriam sido as palavras ditas por Jesus, segundo o Evangelho de São João e a partir das quais Leonardo da Vinci criou o quadro “A Última Ceia”, o retrato da última refeição que precedeu a Paixão e Morte do Filho de Deus. A pintura representa uma das cenas mais importantes e significativas no Evangelho, na qual Cristo dá o pão a Judas, identificando-o como o traidor. O que se vê nos traços criados por Da Vinci é que a revelação dramática de Jesus desencadeia emo­ções intensas nos apóstolos, que pro­fundamente abalados se manifestam em variadas expressões faciais, posturas corporais e gestos magnificamente desenhados numa das obras mais famosas e vistas do mundo.

A obra foi encomendada pelo então duque de Milão, Ludovico Sforza, para decorar uma das paredes do re­feitório do monastério dos padres do­minicanos de Santa Maria delle Grazie, em Milão, local que Ludovico pretendia transformar em mausoléu de família. A obra, produzida entre 1495 e 1498, marcou, segundo estudiosos, o período de especial atividade na vida do artista, marcada por diversos interesses e pesquisas em âmbitos distintos. 

O Cenáculo (como também é co­nhecida a pintura) é uma painel de 4,60 metros de altura e 8,80 metros de largura realizada com têmpera e óleo sobre um preparo em gesso, ao con­trário das técnicas de afresco nor­mal­mente utilizadas naquela época. De­vido à singular experimentação uti­lizada por Leonardo - com traços de folhas metálicas de ouro e prata - in­compatível com a umidade do ambiente, foram necessárias muitas medidas de conservação por meio das mais longas restaurações da história. De 1977 a 1999, uma operação minuciosa utilizou o que mais avançado existia na técnica de restaurar em todo o mundo. 

Além da deterioração na pintura, o local sofreu vários danos ao longo dos séculos: a abertura de uma porta no meio do painel, feita pelos padres do monastério no século XVII, fez com que os pés de Cristo sumissem; o uso do refeitório como estábulo pelos soldados de Napoleão no século 19 e o bombardeamento do telhado em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, ex­puseram a obra às agressões dos elementos naturais por vários anos. Todos esses eventos conferem à con­templação da obra ainda hoje um ver­dadeiro milagre. 

A Pintura Falante

O que mais chama atenção no quadro é a simetria perfeita da cena. O rosto de Cristo ocupa o centro do mural e o centro da mesa. Parece que as palavras ditas por Ele: “um de vós me trairá” repercute como ondas sonoras sobre os 12 apóstolos, de um para o outro, seis de cada lado de Jesus em grupos de três, determinando uma variedade de gestos, atitudes e movimentos, alternando sombra e luz. Leonardo deixou registrado em um de seus livros de apontamentos a importância da expressão corporal na construção da narrativa pictórica. Ele afirma que o objetivo principal da pintura é retratar “a intenção da alma humana” através dos gestos e movimentos dos membros. Para os artistas contemporâneos de Leonardo era considerada a "pintura falante”. 

Tais características fizeram da “A Última Ceia” uma das obras de arte mais importantes de todos os tempos. Nos dias de hoje, ainda é uma obra controversa e amplamente debatida, dando origem a afirmações de que muitos mistérios e mensagens subliminares a rondam, por exemplo, a teoria de que Maria Madalena se encontra representada ao lado direito de Jesus. Foi baseado nessa teoria que o escritor americano Dan Brown se inspirou para escrever o celebre “O Código da Vinci”, que posteriormente virou filme, estrelado por Tom Hanks. No romance, Brown afirma que a figura à direita de Jesus não é o apóstolo João, e sim uma figura feminina. 

2019, Ano de Leonardo

No inicio desse 2019 foi finalizada a modernização do sistema de purificação de ar do local que previne os afrescos da deterioração, mantendo a temperatura constante. Por esse motivo, o acesso é limitado a um grupo de no máximo 30 pessoas a cada 15 minutos para visitas. A restauração do sistema foi concluída para o inicio das comemorações dos 500 anos da morte do artista - no último dia 2 de maio – o que fez de 2019 o Ano de Leonardo da Vinci no mundo. 

Crucificação

No mesmo refeitório, sobre a parede oposta em relação à pintura de Da Vinci se estende o afresco “Crucificação”, de Giovanni Donato Mon­torfano, datada de 1495, ou seja, as duas pinturas foram executadas quase simultaneamente. A pintura está em melhores condições que “A Última Ceia” uma vez que a técnica utilizada por Montorfano foi a tradicional, mais resistente e duradoura.

Serviço

A compra dos bilhetes deve ser feita com bastante antecedência e pelo site oficial cenacolovinciano.vivaticket.it. O preço do ingresso normal é 13 euros. É possivel também comprar pessoalmente, mas precisa chegar cedo porque as filas começam a se formar diante da bilheteria às 7:30 da manhã para comprar os bilhetes de sobraram ou de quem desistiu.


Fonte: Painel Alagoas

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