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14/10/2019 às 09h22

Geral

Pedro Cabral provoca todos os sentidos em nova exposição

O artista inaugurou neste mês de outubro sua segunda individual “Teia de Sentidos”, na Galeria de Arte do Complexo Cultural do Teatro Deodoro

Por Iranei Barreto, blog Aqui e Acolá 

O ano de 2019 está sendo bastante produtivo para o artista Pedro Cabral, tanto no universo das letras como das artes.  O alagoano lançou seu primeiro livro “As picarescas aventuras de um célebre vigarista internacional”, em agosto deste ano, na XIX Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro. E, além de participações nas exposições coletivas - “Ânima Alagoana”, na Galeria CESMAC de Arte Fernando Lopes, e “Nem Rosa nem Azul! Lilás!”, no Iphan Alagoas -, inaugurou no último dia 10 de outubro sua segunda individual “Teia de Sentidos”, na Galeria de Arte do Complexo Cultural do Teatro Deodoro, a convite dos diretores da Diteal, Sheila Maluf e Alexandre Holanda.

Com curadoria da professora de arquitetura da UFAL e ex-diretora da Pinacoteca, Geisa Brayner, “Teia de Sentidos” vai até o dia 17 de novembro com a missão de estimular o público a fazer uma viagem sensorial por todos os sentidos. “Minha intenção é expressar artisticamente os seis sentidos. Valorizar o olhar para esse mundo que nós temos. Saber ouvir mais a música do que os ruídos. Sentir o perfume agradável. Sentir o gosto da vida. Abraçar mais. Expressar as intuições que busquem fortalecer os sentimentos de paz, de amor, fraternidade. Em resumo: revalorizar esses sentidos, hoje, muitas vezes desprezados,” revela Cabral. 

Em meio ao projeto de montagem da exposição e finalização de algumas obras, Pedro Cabral nos recebeu em seu ateliê para uma entrevista sobre arte, mercado, trajetória artística e o como se deu o processo de construção de sua segunda individual.

Sua primeira grande exposição individual aconteceu em 2015, um hiato de 04 quatro anos. Como você avalia a evolução do seu trabalho neste período?

Pedro Cabral - Sim, já se passaram exatamente 4 anos. Creio ser um tempo bom de amadurecimento. A Copa do Mundo e Olimpíada ocorrem de 4 em 4 anos. Risos. Os vinhos e a boa cachaça precisam de um tempo também de amadurecimento. Mas brincadeiras à parte, a arte pode ser produzida diuturnamente. Expor, contudo, requer uma ordem, um conceito, uma proposta. Venho, nesse tempo, formatando a ideia. Pintei quadros e os repintei, sempre em busca da batida perfeita. Se eu tivesse mais 4 anos, provavelmente, eu estaria remexendo neles, como o bom poeta assim faz ao lapidar seus poemas distraídos.

Os pintores Matisse, Picasso, Van Gogh e Monet continuam sendo sua inspiração?

Pedro Cabral - Sem nenhuma dúvida. Assim como eu adicionei outros grandes mestres. A vida é um aprendizado. Aprendemos com as grandes escolas. Eles, por suas vezes, aprenderam com mestres anteriores. Mas ter essas referências teóricas significam a possibilidade de muitas ideias que podem surgir a partir deles.

Continua bebendo na fonte do Fauvismo?

Pedro Cabral - Sim, continuo. O fauvismo foi aquela revolução no começo do século passado, responsável pelo aumento da liberdade de criação. No caso, quebrou as regras das técnicas de pintura. Valorizou fortemente as cores vivas, estas tão necessárias ao nosso clima tropical. Hoje, enveredo por uma assemblage, de escolas de arte. O impressionismo, o expressionismo, a escola de Paris. De todas busco algo. E nessas experiências tento me encontrar. Ainda não me encontrei. Talvez até nunca alcance um estilo próprio. Também não me incomodarei com isto, pois se há, enfim, escritores sem estilo, por que não pintores sem estilo? Risos.

Como se deu a escolha da curadoria de “Teia de Sentidos”?

Pedro Cabral - Meu primeiro curador, na exposição “Razões do Coração”, ocorrida na ótima Galeria Fernando Lopes, do CESMAC, foi o crítico de arte Ricardo Maia, com que tive uma parceria de trabalho extraordinária. Muito sensível, de postura firme em suas críticas bem situadas. Foi um sucesso. Contudo, eu sempre mantive um contato amigo e profissional com a professora de arquitetura da UFAL, Geisa Brayner, que foi durante 06 anos, diretora da Pinacoteca Universitária. Minha admiração pela maneira como ela também vive, analisa, sente a arte, me fez ver sua identificação com o tema que eu me proponho a mostrar para a sociedade. E assim eu a convidei e, para minha sorte e felicidade, ela aceitou. Desse modo, fui agraciado nas minhas exposições com dois grandes nomes curatoriais de arte em Alagoas que enobrecem qualquer artista. Ademais, eu e a curadoria teremos na expografia a colaboração dos competentes artistas plásticos Chico Simas, Rafael Almeida e Levy Paz, que participarão coletivamente de uma instalação que sintetiza a temática.

Qual o conceito desta segunda individual?

Pedro Cabral - O corpo humano é um sistema, cujas partes se articulam de forma equilibrada. Uma pode até viver sem a outra, mas se fragiliza. Nossa intenção foi valorizar essa integração entre todas as partes. O termo teia pode sugerir dubiedade. Para uns, uma maneira de união, para outros, uma prisão. Eu posso olhar com afeto. E posso olhar com desprezo. Posso escutar a música mais suave e posso me envolver com os ruídos. Sentir olores e odores. Gostos amargos e doces. Abraçar e me distanciar. A intenção é motivar uma leitura para esses sentimentos físicos que atiçam a mente e as relações humanas e sociais.

Em “Razões do Coração”, você expôs 50 telas, quantos trabalhos tem “Teia de Sentidos”?

Pedro Cabral - Eu teria mais 50 obras para mostrar. Mas desta feita são cerca de 40. Tanto para se compor harmoniosamente no ambiente disponibilizado quanto pelo equilíbrio temático. Assim, cada um dos 05 sentidos físicos será composto por 03 telas e um pequeno texto meu para elas, constituindo 15 telas, de 1,20x1,50m que ocuparão o piso térreo do Complexo Cultural do Teatro Deodoro. As demais farão parte do sexto sentido, terão dimensões variadas para justificar a não racionalidade e ocuparão o mezanino.

Como você avalia o mercado de arte em Alagoas?

Pedro Cabral - Pobre. Muito pobre. Pouquíssimas galerias de arte. Poucos lugares de exposição, muita arte para se mostrar. Não há marchand.

E para finalizar, qual sua percepção sobre o momento atual para as artes plásticas?

Pedro Cabral - Há uma efervescência imensa na produção artística. Porém, há ainda na sociedade um olhar muito tímido para as artes visuais. Muitas vezes, a obra fica presa a uma tentativa de composição de ambiente. Não há o olhar além da emoção para certas obras que não cabem em certas decorações. Mas esse tempo virá.

Pedro Cabral, artista plástico dos mais renomados de Alagoas, expõe novas telas, revelando sentimentos e motivações


Fonte: Painel Alagoas

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