Por Dora Nunes, de Milão, Itália
Nada diminui o impacto da obra de Giorgio Armani. Dito isso, voltemos no tempo: o ano é 2015 e as pessoas circulam livremente. A comemoração dos 40 anos de carreira do estilista mais famoso do mundo e a inauguração do espaço espositivo que leva o nome do artista - Armani/Silos – estremeceu á cena fashion de Milão em abril daquele ano com a presença de estrelas de primeira grandeza, como Tom Cruise e Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett e Tina Turner, Glenn Close e Sofia Loren, entre outros. De lá para cá, muita coisa mudou em relação à liberdade de ir e vir, mas Armani ainda é um ícone revolucionário em permanente evolução e a ausência de famosos, bem como a reduzida presença de público causada pela pandemia, não subtraem o fascínio do local escolhido por ele para oferecer uma visão do seu mundo, de um sonho de estética que atravessa as décadas, que não mudou só o modo de vestir, mas também a forma de pensar a moda.
Armani transformou um antigo celeiro erguido na Milão de 1950 e construído para conservar cereais no seu laboratório de moda: “Escolhi chamar de Silos porque ali ficavam os grãos armazenados, matéria para viver. E assim, assim como a comida, a roupa também serve para viver ”, disse. O espaço Silos/Armani se divide em quatro andares que abrigam uma seleção das criações mais significativas de Giorgio Armani. São 4.500 metros quadrados de um ambiente repleto de charme e elegância que refaz alguns dos destaques dos mais de 40 anos da maison. É um acervo de cerca de 400 vestidos e 200 acessórios prêt-à-porter das lendárias coleções do designer italiano desde os anos 80: uma jornada que traça a evolução estilística do artista das passarelas.
A coleção permanente é dividida em três temas que traçam o trabalho do estilista e que continuam a influenciar suas coleções: Andrógino, Etnie e Stars. Cada andar segue um estilo que inspirou e continua a inspirar o dinamismo criativo do designer.
ANDRÓGINO
“O estilo andrógino é carregado de um fascínio misterioso e sedutor”. Na sua exploração aprofundada do casaco, peça fundamental para o dia, o designer intervém nos conceitos originais da androginia, preservando o gosto pela feminilidade e elegância que mostra sempre medida e discrição.
ETNIE
“Esta é minha ideia pessoal de exotismo, imaginando e reinterpretando outros lugares, capturando sua pureza, a capacidade de emocionar”. A forte influência exercida por culturas não ocidentais pode ser encontrada nas roupas de Giorgio Armani que usa elementos inspirados em etnias distantes e os interpreta com seu estilo inconfundível. Índia, África, China, Japão, Pérsia, Arábia, Síria e Polinésia são alguns dos lugares que inspiraram o designer.
STAR
“A noite do Oscar, com o tapete vermelho que a precede, sempre foi um momento de grande emoção para mim: porque eu amo o cinema e porque tenho com Hollywood uma relação privilegiada”. Um vínculo estreito une Giorgio Armani ao mundo do cinema e do entretenimento. Da tela ao tapete vermelho, estrelas e divas vestem as roupas do estilista, tornam-se seus amigos e fazem parte de seu mundo.
Fonte: Painel Alagoas