Por Dora Nunes, de Milão, Itália
O início do uso de máscaras se confunde com o nascimento do próprio carnaval na Itália. E existem várias interpretações sobre esse tema. Uma das teorias mais comuns é aquela que faz o nascimento do Carnaval coincidir com a época dos Antigos Romanos. Em particular em Roma, assim como nas demais províncias do Império, as máscaras eram já muito utilizadas nas celebrações em homenagem ao Deus Saturno, realizadas durante o solstício de inverno. Tais celebrações incluíam banquetes suntuosos nos quais todos, tanto nobres como pobres, participavam.
As máscaras italianas representam vícios e virtudes do povo, mas também da classe burguesa e nobre. O carater folclórico e artístico das comemorações fizeram com que muitas delas, nascidas na cultura popular, fossem mantidas vivas por meio de apresentações teatrais, e o significado das mais tradicionais variam para cada personagem. Algumas mais famosas datam do período do Império Romano, como Columbine, Meneghino e Pulcinella. Outras nasceram no século XVII, com a “Commedia dell’Arte”, como Pantalone, Gianduja e Arlecchino, e cada personagem tem sua própria história e significado. Adicionei Pierrot à lista, mesmo não figurando entre as mais famosas na Itália, pelo fato de ser bastante popular no Brasil.
PULCINELLA - é a máscara mais antiga da tradição italiana, e seu nascimento coincide com as origens do carnaval. Já era conhecida na época dos romanos, mas desapareceu com a chegada do cristianismo. A máscara Pulcinella ressuscitou nos anos 1500 com a Commedia dell'Arte, e suas principais características são a sobriedade dos movimentos e o humor das piadas, sempre secas e mordazes. A máscara é o símbolo da cidade de Nápoles.
COLUMBINE - Também muito antiga, Columbine é a serva astuta e travessa sempre pronta a ajudar seu amante. Namorada e esposa de Arlecchino, Colombina costuma ser o centro das atenções de Pantalone. Servidora esperta e lisonjeira, é particularmente próxima de sua ama. Participando freqüentemente de subterfúgios domésticos e amorosos, ela também gosta de zombar dos que a cercam. A máscara de Colombina é de Veneza e encarna a astúcia das criadas.
MENEGHINO – O nome Meneghino deriva de 'Domenichino' (diminutivo de domingo, em português). Meneghino era o nome dado aos servos contratados apenas aos domingos por nobres decadentes que não podiam pagar por serviços fixos. Esses servos deveriam acompanhar aos nobres em seus passeios dominicais pela cidade e abrir-lhes a porta da carruagem. Segundo a lenda, Meneghino era um empregado bom e espirituoso, que zombava dos defeitos dos nobres. O personagem se tornou um dos símbolos da cidade de Milão, ao ponto de os milaneses serem também chamados de “meneghini”. As origens da máscara milanesa de Meneghino são incertas: segundo alguns, remonta aos antigos romanos, como Columbine, segundo outros, remonta à Commedia dell’Arte dos anos 1600.
PANTALONE - Entre as máscaras do carnaval veneziano, a de Pantalone é muito famosa. Rico comerciante veneziano, Pantalone é extremamente mesquinho e, apesar de ser um pouco envelhecido, adora a companhia de moças e, de fato, nunca perde uma oportunidade de sair para conquistar cortesãs e criadas. Ele também é definido como Magnífico pelas maneiras charmosas com que se dirige às mulheres, mas na realidade também pode ser rude e resmungão. Pantalone é uma das máscaras mais “longevas” da Commedia dell’Arte e, nascida por volta de 1500, sobrevive ao longo dos séculos, sempre desfrutando de grande sucesso.
GIANDUJA - É a máscara da Região de Piemonte. Nasceu na capital Turim nos anos 1700, e encarna o mais clássico dos plebeus locais: afável, amante do vinho e da boa comida, sempre alegre e cuja distração é proverbial. O nome do personagem deriva da expressão piemontesa "Gioan d’la douja" (João do jarro) e provavelmente substituiu a máscara Gerolamo. Na verdade, este era originalmente o seu nome, mas, quando Napoleão assumiu o poder, decidiu mudar o nome da máscara para evitar qualquer alusão a Gerolamo Bonaparte, parente do imperador.
ARLECCHINO - É a máscara mais famosa da Província da Lombardia. Segundo a lenda, a mãe do personagem, muito pobre, costurou-lhe o traje tradicional com sobras de várias cores. Suas qualidades características são agilidade, vivacidade e rapidez. A lenda ligado à máscara do Arlecchino que, na realidade, tem suas raízes na antiga ritualidade agrícola e se concretiza com a Commedia dell’Arte descendendo diretamente de Zanni, do qual também descende a máscara do PIERROT. Entre as máscaras mais famosas e amadas, Arlecchino é um servo decididamente preguiçoso, mas, ao mesmo tempo, ágil, vivo e de espírito pronto, em alguns casos até mesmo desbocado.
PIERROT - Lembra o amor melancólico pela sua expressão triste e é certamente a máscara mais propensa a vivenciar emoções intensas ao invés de se entregar à diversão e à boa comida. Pierrot é um servidor de grande inteligência e preguiça, levado a buscar o que é certo e a resolver os problemas em que seu mestre é caçado. O personagem de Pierrot nasceu na Itália no final do século XVI com o nome de Pedrolino e foi então trazido para a França pela Compagnia dei Gelosi como mais uma variação de Zanni. Na França, ele obteve enorme sucesso ao se tornar um membro titular das comédias locais com o nome revisitado de Pierrot.
Fonte: Painel Alagoas