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27/06/2022 às 09h30

Geral

A morada artística de Pedro Caetano 

Antônio Fon

Por Nicollas Serafim / Blog Aqui Acolá

A 6ª edição da série Ateliê do Blog Aqui Acolá adentrou no mundo interior do artista visual Pedro Caetano, que se utiliza da pintura para externar seus pensamentos, sentimentos e percepções da vida. Pedro abriu as portas de seu apartamento-ateliê para falar sobre suas inspirações, processos de produção, trajetória artística de mais de uma década e sua mais nova exposição que deverá sair no segundo semestre de 2022. 

 Cearense radicado em Alagoas desde pequeno, Pedro Caetano iniciou seu processo de expressão artística através da música, em seguida surgiu o interesse pela arquitetura e depois partiu para a pintura. “Apesar da música não ter sido algo profissional, mas era algo que me interessava muito”, lembra ele. “E comecei a pintar de verdade no último ano da faculdade de Arquitetura em 2008, de lá pra cá não parei mais”. Sua pintura é baseada muito em sua intuição e percepção, de maneira autodidata. “Embora eu tenha feito alguns cursos livres de desenho, logo no início, mas a partir daí meu trabalho foi caminhando de uma maneira muito empírica”, revela. 

 Ele lembra que os desenhos eram grande referência e ponto de partida para o desenvolvimento das pinturas. “Teve uma época em que eu andava com cadernos e costumava fazer desenhos de observação, tanto das pessoas que faziam parte do meu convívio, quanto dos temas que me interessavam”, afirma. “Contudo, a pintura sempre tomava um rumo diferente e no final o resultado não era nem um pouco semelhante ao desenho inicial”. Segundo Pedro, as temáticas de suas obras estão sempre relacionadas a sua vida, de alguma forma. “São lugares de Maceió (como na última exposição Diálogos Urbanos), personagens como os carroceiros, rendeiras, pecadores. Além de pessoas da família, ex-namoradas”. 

 Em seu apartamento localizado no bairro de Ponta Verde, em Maceió, Pedro reservou um quarto unicamente para dedicar-se à pintura. “Eu estava precisando de um lugar para organizar de uma forma mais regular a minha pintura e trabalhá-la mais sistematicamente”, comenta. “Além de ter um lugar em que eu não precisasse montar e desmontar todas as vezes em que eu fosse trabalhar”. A ideia do apartamento-ateliê também engloba um local fixo para a mostra das telas às pessoas interessadas em conhecer seu trabalho, o que eventualmente acarretaria em comercializá-lo também. “Mas o intuito principal é que aqui seja um lugar de criação, bem como que ajude as pessoas a entrar em contato com a minha pintura”. 

Suas obras são feitas em tinta acrílica sobre tela, geralmente em grandes dimensões. “Uso bastante tinta, uma massa e volume bem grandes (que são resultado também da minha insatisfação constante no processo)”, comenta ele. “Em outros momentos eu também crio baixo relevo nas telas através das ranhuras e raspagens que eu vou fazendo, o que se transforma numa maneira de criar um desenho na pintura”. Ele lembra que começou a utilizar a técnica das raspagens em 2013, e para isso usa instrumentos como o cabo do pincel, tampa das tintas, as próprias mãos com luvas, além de outros objetos não muito usuais. “Eu diria que é um processo não muito definido. Essas etapas ficam girando, se misturando até o momento que eu me dou por satisfeito com o resultado”. 

 O trabalho de Pedro Caetano parte do expressionismo misturado a seus desenhos. Porém seu desenvolver artístico não foi algo friamente pensado, foi acontecendo e se aproximando desse movimento naturalmente. “Acho que a pintura deve ser da forma mais verdadeira para você. Acredito que as duas maiores questões para o artista é: o que fazer e como fazer. São perguntas para toda vida”, reflete. “Na minha concepção a arte está muito mais na maneira como você faz do que o que você faz. Você pode pintar um quadro e não ser arte, e uma pessoa pode varrer uma calçada e ser arte”. 

 Carol Gusmão, que escreveu o primeiro texto curatorial de Pedro, descreveu um pouco sobre suas obras. “O estilo do Pedro é bem expressivo, que ele vai buscar muito nos grandes mestres da arte moderna, mesclando com temáticas pessoais. Essa técnica de empaste, onde a tinta fica bem volumosa dá muito vigor à obra dele. Suas telas são sempre muito fortes e muito impactantes”. 

 Sua primeira exposição in­dividual “Na janela do olhar” aconteceu em 2012 na Fundação Pierre Chalita, que contou com 30 quadros e foi o marco inicial de sua carreira. Dois anos depois ocupou o restaurante Divina Gula com o trabalho intitulado “Exposição Divina” e a terceira foi “Ranhuras” em 2015, no qual conseguiu expor em Maceió e Fortaleza. Já em 2020, no meio da pandemia, estreou a mostra “Diálogos urbanos” na qual as obras foram espalhadas em outdoors pela cidade e um tour em 360º online das telas. 

 “Como Pedro é formado em Arquitetura, sua carreira teve a questão do traço e do desenho muito presentes. É uma obra bem resolvida, harmônica e bem composta em termos de forma”, analisa Carol Gusmão. “E essa organização formal também perpassa o equilíbrio entre as cores. Sempre trabalha com paletas mais escuras”. 

 Neste ano de 2022, em comemoração aos 10 anos de sua primeira mostra, ele prepara uma nova exposição chamada “Reminiscências” prevista para acontecer entre agosto e setembro na Galeria CESMAC de Arte Fernando Lopes. “O meu trabalho flerta com as questões de memórias, transitoriedade e vivências afetivas e por isso esse título, além de ser o nome de um quadro do Iberê Camargo, minha maior referência na pintura”, diz Pedro. Serão cerca de 16 quadros produzidos de 2013 a 2021, reuni­dos através de uma unidade visual. “São quadros com ranhuras e uma aparência mais intimista, mais noir. Fui reduzindo as cores justamente com o objetivo de tornar a imagem mais essencial, de não distrair o olhar com as cores”. 

 Esta próxima exposição tam­bém terá a curadoria de Carol Gus­mão. “É um trabalho em que ele vai celebrar essa trajetória com muita leitura, ele é uma pessoa muito inte­lectualizada. E vai mostrar a evo­lução de sua pintura”, diz ela. “Ele tem um traço muito marcante, um estilo já muito bem formado. Foi meu aluno de Arte Moderna e Con­temporânea no CESMAC e está sen­do um prazer fazer essa curadoria”. 

 O reitor da instituição, Douglas Apratto, comentou sobre o que a exposição representa para o CESMAC. “A retomada das nossas atividades após dois anos de fe­chamento imposto pelo Coronavirus é realmente muito importante, ainda mais por ser com um artista jovem, mas extremamente talentoso”, diz ele. “É um prazer muito grande receber essa exposição do Pedro Caetano, que é um egresso nosso, o que ressalta que a qualidade do ensino e a missão estão sendo cumpridas” afirma o coordenador geral de extensão do CESMAC Rodrigo Guimarães. 

 “Com certeza é uma grande oportunidade de reabrir nossa galeria e de levar para o público alagoano uma exposição de muito valor artístico. Pedro Caetano é um nome que a gente deve gravar porque o seu futuro é promissor”, analisa Douglas Apratto. “É um trabalho que nos deixa muito orgulhosos, pelo talento do artista, pela sua história no CESMAC e pelo papel que ele já ocupa, apesar de muito jovem, no mundo das artes em Alagoas”, conclui. 

 Instagram: @pedrocaetano.apc 


Fonte: Painel Alagoas

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