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25/07/2022 às 06h00

Geral

105 anos História Viva

Arquivo Pessoal

Por Felipe Camelo

Morando aqui em Porto de Pedras desde dezembro, sugeri que meu primo Zizo abrisse o vídeo pelos 101 anos de Porto de Pedras, ele aos 105, até + que a própria emancipação do município. Claro que todos aprovaram minha ideia e ele entrou no roteiro, naturalmente. 

Obviamente fui acompanhar a gravação, fiz trocentas fotos, e publico 2 delas aqui, com o bolo e na janela me mandando beijinho. O cenário, a mercearia que ele sempre chamou de “venda”, me lembrou muitas histórias e inspirou esta matéria sobre José Aluízio da Cunha, que foi prefeito por 2 mandatos escrevendo incríveis capítulos na história, como impecável exemplo de ser humano e gestor público. 

Começo longe, lá por 1800 “e + alguns”, quando 1 português, Antônio de Souza Cunha (que veio a ser meu tetravô), adoeceu no navio que vinha de Lisboa para o Rio de Janeiro, e foi desembarcado aqui em Porto de Pedras para se recuperar, sendo hospedado na casa da família mais influente. Se apaixonou pela filha do casal que o recebeu, aqui ficou e + nunca foi embora. Casaram e tiveram Bernardino de Souza Cunha. 

Vida seguiu e documentos atestam que ele se casou pelo menos 3 vezes, e teve muitos filhos, entre eles, Adelina (que se tornou minha bisavó, mãe de meu avô Luís e avó de minha mãe Hilza,), e Avelino, avô de José Aluízio Cunha, que ganhou Zizo como carinhoso apelido e virou sua marc. Ele qu é  o principal personagem desta coluna, por ter escrito seu nome na história do município (filé do litoral norte de Alagoas) principalmente por sua honradez.

Fatos comprovados que conseguiu realizar inúmeras benfeitorias, economizando e, inclusive, devolvendo as “sobras” ao governo estadual. E detalhe, era criticado pela ética atitude. E rara. Raríssima. Paralelamente ao trabalho na prefeitura, manteve sua “venda” anexa a casa onde mora até hoje. Sempre disse que teve muito cuidado com dinheiro público, já que não aguentaria a humilhação ser denunciado e preso por algum desvio, principalmente. “Seria vergonhoso para mim, para meus pais, para minha família, para meu nome”, dizia com firmeza. 

Primo Zizo entrou na vida pública em 1965, aceitando conselho de seu pai, ex-prefeito Portopedrense Efísio Fontes Cunha, para ser vereador. Acabou assumindo a presidência da Câmara por ter sido o + votado da eleição e como tal, assumiu a prefeitura,  momento este eternizado na fotografia onde aparece caminhando de terno na frente de eleitores com sua esposa Hilda de Souza Cunha. Estão juntos há 75 anos, celebraram Bodas de Brilhante. 

Até então, primo Zizo administrava o Borocotó, engenho dos pais, que ele acabou comprando as partes dos irmãos, mantendo a propriedade. Criou gado de corte e leiteiro, e também plantava cana de açúcar. O que produzia na fazenda, comercializava na “venda”, garantindo assim a “criação, a educação dos filhos e o sustento da família”. 

Nesta época, a energia era movida a óleo diesel e o motor quebrou, e para manter a festa da padroeira, Nossa Senhora da Glória, primo Zizo mandou fazer luminárias horizontais de bambu e iluminou toda a cidade, principalmente a praça da matriz. Por esta e outras, conquistou definitivamente o coração do povo. 

Assim como outros muitos e importantes fatos que marcaram suas gestões, como comprovam documentos encontrados por minha prima/historiadora Ivana da Cunha Normande Wanderley no arquivo da professora Belmira Lins.

Em 1973, primo Zizo assumiu seu 2º mandato e muitos de seus atos marcaram, como por exemplo, a chegada da energia elétrica vinda da usina de Paulo Afonso, tendo sido a última cidade alagoana a receber “a luz”, resultado de muitas conversas entre o prefeito Zizo, o governador Lamenha Filho, e o presidente da Companhia Energética de Alagoas, Benedito Bentes, que era muito amigo de meu tio Zeca Normande, e cunhado de seu irmão + velho, Júlio. 

Resultado, prefeito Zizo marcou + 1 “golaço”. 

Outro fato importantíssimo para a cidade. A incrível passarela que o prefeito Henrique Vilela reconstruiu sobre o rio Tatuamunha, foi promessa de campanha do candidato José Aluízio Cunha, cujo vice, Benedito Avelino, era carpinteiro, e coordenou a equipe que a construiu, Inclusive, toda a madeira utilizada na ponte foi extraída da fazenda Borocotó, que ainda era administrada por seu pai, Efisio. 

Prefeito Zizo recebeu inúmeras homenagens, e entre elas, a hon­rosa Comenda Governador Di­val­­do Suruagy, concedida pela As­sem­bleia Legislativa, quando já havia completado 102 anos de vida. Foi receber, elegantérrimo, com prima Hilda, 2 das filhas e 1 genro. 

Mas nem só de feitos públicos e políticos José Aluízio Cunha faz história. Também se eterniza por sua descendência, tendo gerado Leonila, Marcelo, Cândida, Fernando, Tereza e Marcone. E os herdeiros garantiram novas gerações, como 13 netos, 13 bisnetos e recentemente, 2 tataranetas. 

Entre seus netos, 1 foi criada como filha, que hoje é 1ª dama, casada com o prefeito Henrique Vilela, que sempre ouviu os conselhos do patriarca e vem realizando excelente trabalho, assim como Márcia, que se des­taca também como secretária de Educação, que, com certeza, her­dou o amor por Porto de Pedras, além da ética e do zelo pelo patrimônio público. E a memória, incrível, ambos conhecem todos na cidade, por nome, sabem datas de aniversários, nomes dos res­pectivos familiares, dos vizinhos destes, fico abismado.

Assim, o + idoso prefeito vivo de Alagoas seguirá eterno na história, por seus feitos e por seus herdeiros. Daqui então, desejo saúde e tranquilidade aos primos Zizo e Hilda, que tem lugares garantidos na elite dos melhores seres humanos. 

Viva +, primo Zizo!!!


Fonte: Painel Alagoas

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