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22/08/2022 às 06h43

Geral

O Adeus a Jô Soares

Ator, diretor, escritor e humorista, José Eugênio Soares deixa legado imortal à cultura brasileira

TV Globo/Divulgação

Por Redação com informação do G1

José Eugênio Soares nasceu em 16 de janeiro de 1938 no Rio de Ja­neiro. Jô Soares, como ficou co­nhe­cido, foi humorista, apresentador de televisão, escritor, diretor e ator. Era o único filho do empresário Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mer­cedes Leal Soares. Assumida­mente vaidoso e poliglota, queria ser di­plo­mata e chegou a estudar na Suíça antes de ficar famoso como artista. Teve um único filho, Rafael, que morreu em 2014, aos 50 anos, fruto de seu relacionamento com a atriz Therezinha Millet Austregésilo (1934-2021). Jô Soares morreu aos 84 anos, na madrugada do último dia 5 deste mês de agosto, em São Paulo, 

Pelo lado materno, foi bis­neto do conselheiro Filipe José Pereira Leal, diplomata e político que, no Brasil Imperial, foi governador do Estado do Espírito Santo. Por parte de seu pai, foi sobrinho-bisneto de Francisco Camilo de Holanda, ex-governador da Paraíba. 

Jô era sobrinho de Togo Renan Soares, conhecido como "Kanela", ex-treinador da seleção brasileira de basquete. Estudou no Colégio de São Bento, no Rio de Janeiro; no Colégio São José, em Petrópolis; e em Lau­sana, na Suíça, no Lycée Jaccard. Falava, com diferentes níveis de fluência, cinco idiomas: português, inglês, francês, italiano e espanhol, além de ter bons conhecimentos de alemão. Traduziu um álbum de his­tórias em quadrinhos de Barbarella, criação do francês Jean-Claude Forest. Era católico, sendo devoto de Santa Rita de Cássia. 

O apresentador tinha transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Em sua casa, os quadros precisavam estar tombados levemente para a direita. 

Entre 1959 e 1979, Jô Soares foi casado com a atriz Therezinha Millet Austregésilo, com quem teve seu úni­co filho, Rafael Soares (1964–2014), que era autista e morreu aos 50 anos. 

Entre 1980 a 1983, foi casado com atriz Sílvia Bandeira, 12 anos mais nova. Em 1984 começou a namorar a atriz Claudia Raia, romance que durou dois anos. 

Também namorou a atriz Mika Lins e, em 1987, casou-se com a de­signer gráfica Flávia Junqueira Pedras, de quem se separou em 1998. 

No dia 4 de agosto de 2016, foi eleito para a Academia Paulista de Le­tras, assumindo a cadeira 33, que per­tenceu ao escritor Francisco Marins. 

A carreira como apresentador começou no Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) com o programa "Jô Soares Onze e Meia", que foi ao ar entre 1988 e 1999. Em 2000, o humorista iniciou na TV Globo aquele que se tornou seu programa mais famoso, o "Programa do Jô", encerrado em 2016. 

Detentor de um talento versátil, além de atuar, dirigir, escrever roteiros, livros e peças de teatro, Jô Soares também foi um apreciador de jazz e chegou a apresentar um programa de rádio na extinta Jornal do Brasil AM, no Rio de Janeiro. Também passou pela extinta Antena 1 Rio de Janeiro. 

Jô Soares foi autor best-sellers e escreveu para jornais e revistas. Nos anos 1980, escreveu com regularidade nos jornais “O Globo” e “Folha de S.Paulo” e para a revista “Manchete”. Entre 1989 e 1996, assinou uma coluna na “Veja”. 

Também escreveu cinco livros, sendo quatro romances. A estreia foi "O astronauta sem regime" (1983), coletânea de crônicas publicadas originalmente em "O Globo". O romance "O Xangô de Baker Street" (1995) liderou as listas dos mais vendidos e foi adaptado para o cinema em 2001. As obras seguintes foram "O homem que matou Getúlio Vargas" (1998), "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras" (2005) e "As esganadas" (2011). 

No teatro, Jô ficou célebre por seus monólogos, todos marcados pelo tom cômico e crítico, com sátiras da vida cotidiana e política do Brasil. Os mais conhecidos foram “Ame um gordo antes que acabe” (1976), “Viva o gordo e abaixo o regime!” (1978), “Um gordoidão no país da inflação” (1983), “O gordo ao vivo” (1988), “Um gordo em concerto” (1994) – que ficou em cartaz por dois anos – e “Na mira do gordo” (2007). 

Dentre os espetáculos em que trabalhou como ator nos palcos, estão ainda uma montagem de “Auto da compadecida” e “Oscar” (1961), com Cacilda Becker e Wal­mor Chagas. Como diretor, esteve à frente de “Soraia, Posto 2” (1960), “Os sete gatinhos” (1961), “Romeu e Julieta” (1969), “Frankenstein” (2002), “Ricardo III” (2006). 

De seus mais de 20 trabalhos no cinema, Jô apareceu em alguns clássicos do cinema nacional, caso de “Hitler IIIº Mundo” (1968), de José Agripino de Paula”, e de “A mulher de todos” (1969), de Rogério Sganzerla. Além disso, dirigiu um filme, “O pai do povo” (1976).

"Sou um hipocondríaco de doenças exóticas” 

Em 2012, entrevistado pelo Fantástico, Jô Soares afirmou que era hipocondríaco e tratou sobre a morte com bom humor. "Sou um hipocondríaco de doenças exóticas. Beriberi – eu nem sei o que é, mas tenho pavor de pegar isso”, brincou. 

 “O medo da morte é um sentimento inútil: você vai morrer mesmo, não adianta ficar com medo. Eu tenho medo de não ser produtivo. Citando meu amigo Chico Anysio, [uma vez] perguntaram para ele: ‘Você tem medo de morrer?’. Ele falou: ‘Não. Eu tenho pena’. Impecável." 

Cronologia da trajetória de Jô

1956 — Estreia na televisão no elenco da Praça da Alegria, na época na RecordTV, onde ficou por 10 anos. 

1965 — Protagoniza a única novela de sua carreira, a comédia Ceará contra 007, a trama de maior audiência naquele ano no Brasil. Também na Record. 

1967 — Em "Família Trapo", roteirizava ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega e atuava como Gordon, o mordomo atrapalhado e descompensado. Último trabalho na Record. 

1971 — "Faça Humor, Não Faça Guerra" foi primeiro humorístico da TV Globo a contar a com a participação do comediante. O programa em meio à Guerra Fria e ao conflito do Vietnã brincava com o slogan pacifista hippie "Make love, don't make war" (Faça amor, não faça a guerra). 

1973 — "Satiricom", novo humorístico da TV Globo, com direção de Augusto César Vanucci, realizava roteiros com Max Nunes e Haroldo Barbosa. A atração satirizava o título do filme homônimo de Federico Fellini - "Satyricon". Na promoção do programa, todavia, diziam que era a "sátira da comunicação" num mundo que tinha virado uma "aldeia global", expressão que esteve na moda depois dos primeiros anos da TV via satélite. 

1976 — "Planeta dos Homens", nova sátira com o cinema - desta vez, a série cinematográfica "O Planeta dos Macacos", atuava com roteiros de Haroldo Barbosa. 

1981 — "Viva o Gordo", com direção de Walter Lacet e Francisco Milani, foi o primeiro programa solo dele. Tinha roteiros de Armando Costa. Deu origem ao espetáculo do gênero "one man show" de Jô chamado "Viva o Gordo, Abaixo o Regime" (sátira explícita ao Golpe Militar de 1964 ainda vigente àquela época). As aberturas do programa brincavam com efeitos especiais usando técnica de inserção de imagens de Jô entre cenas famosas do cinema (como em "Cliente Morto Não Paga" e "Zelig") ou "contracenando" com políticos nacionais e internacionais, como Orestes Quercia, Jânio Quadros, Ronald Reagan etc. 

1982 — Participação no "Chico Anysio Show". 

1983 - Participação no musical infantil "Plunct, Plact, Zuuum" e comentarista no Jornal da Globo até 1987. 

1988 — "Veja o Gordo", estreia no SBT com o mesmo estilo do "Viva o Gordo" da Rede Globo. Estréia nesse ano, ainda no SBT, o talk show "Jô Soares Onze e Meia" (1988–1999). 

2000 — Trazido de volta para a Rede Globo, onde apresentou o Programa do Jô até 2016, e fez participação no especial de Natal do programa "Sai de Baixo" — episódio "No Natal a Gente Vem Te Mudar" (sátira ao título da peça de Naum Alves de Souza, "No Natal a Gente Vem Te Buscar") como Papai Noel. 

2018 — Participa como comentarista do programa Debate Final, no Fox Sports, debatendo sobre a Copa do Mundo FIFA de 2018.


Fonte: Painel Alagoas

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