Dólar com. 5.8067
IBovespa 9
18 de abril de 2025
min. 23º máx. 32º Maceió
chuva rápida
Agora no Painel Receita abre consulta a malha fina do Imposto de Renda na quarta-feira
12/04/2025 às 09h03

Geral

Transporte ferroviário fortalece a cultura do sururu, patrimônio imaterial de AL

Assessoria

Uma atividade que requer muita força e disposição, uma tradição secular que ajudou a transformar o sururu em patrimônio imaterial de Alagoas, reconhecido desde 2014. Esse molusco, um dos mariscos mais comuns nas Lagoas Mundaú e Manguaba, no Estado, ganhou esse reconhecimento por ser uma referência na culinária alagoana, bem como sua pesca é a fonte de renda de milhares de pescadores, uma boa parte formada  por mulheres. 

O sururu é uma herança das Lagoas Mundaú e Manguaba, que margeiam a região da capital Maceió, entre os municípios de Rio Largo, Satuba, Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco, a Mundaú, e entre Marechal Deodoro e Pilar, a Lagoa Manguaba. Está em risco de extinção, mas ainda responde pela geração de renda de milhares de famílias, que vivem da atividade de extrair, catar e vender de maneira informal. Ele faz parte da identidade alagoana, está enraizado na cultura do Estado e tem seu papel garantido na economia local. Do ponto de vista da importância ecológica, o sururu contribui para a manutenção do equilíbrio dos manguezais e na melhoria da qualidade da água das lagoas onde vive. 

Tudo é aproveitado 

Além de conquistar o título de patrimônio imaterial de Alagoas, o sururu é aproveitado de várias formas. Sururu de capote, sururu ao coco, fritada de sururu, caldinho de sururu são algumas das iguarias mais tradicionais, um dos pratos principais em épocas festivas, como a Semana Santa. Sua casca é utilizada na construção civil, na produção de tijolos e revestimentos. 

Sem o trem, a gente não sobrevive 

Os relatos dos marisqueiros e marisqueiras, cerca de 500 pessoas, que circulam diariamente na Estação Sururu de Capote, dão a ideia de como é difícil garantir a subsistência diária. Como se não bastassem as dificuldades de extrair o molusco do fundo da lagoa, cada vez mais escasso, de retirar a lama e depois descascar, eles precisam transportar o produto até o local de limpeza e de venda. 

Esse transporte é feito quase que exclusivamente pelo trem e VLT. “A gente precisa do trem. Ele é a mãe e o pai da gente. Ninguém consegue viver aqui e ser marisqueira sem o trem, é o que pensa Maria José Luci da Silva, 58 anos, que deixou de trabalhar como doméstica há quatro anos pra se dedicar ao sururu. Maria José leva o marisco do Flexal pra vender em Rio Largo, onde mora. 

Criei meus dois filhos tirando e catando sururu, conta Maria Cícera da Silvam de 71 anos, há 40 na atividade de marisqueira. “O dia que não venho, fico triste, estou aqui de segunda a sábado, venho e volto de trem. Amo o trem. É barato e confortável e  todo mundo trata a gente bem. Se não fosse a CBTU aqui a gente morria de fome porque o transporte alternativo cobra 30 reais pra gente ir e voltar de Rio Largo e não aceita carregar o sururu. O ônibus é pior ainda, além de caro, não tem pra ca e não deixa a gente entrar com os baldes”, desabafa a marsiqueira.

Primeiro Deus, depois a CBTU 

Já o pedreiro  Paulo Roberto do Nascimento, que há 16 anos trocou a Construção Civil pela atividade de marisqueiro, afirma categoricamente que agradece a Deus pelo trabalho mas reconhece que se não fosse a CBTU ofertar os trens e VLTs na região que tem as lagoas e onde se pega o sururu, ele não teria a sua fonte de renda. Ele vem diariamente de Lourenço de Albuquerque, em Rio Largo para pegar o sururu no Flexal. “Tenho clientes na Barra Nova, no Farol, e em Rio Largo. Ele conta que são 15 a 20 quilos por dia de marisco que transporta e vende. E na Semana Santa, pode chegar ate 50 quilos diários. “Sem o trem, a gente taria perdido. Não tem como ser marisqueiro sem o trem”, diz.


Fonte: Assessoria

Todos os direitos reservados
- 2009-2025 Press Comunicações S/S
Tel: (82) 3313-7566
[email protected]